quarta-feira, 23 de março de 2011

Ameaça Terrorista (nota 8)

 Até onde você está disposto a ir para salvar a vida de milhares de pessoas? É sobre esta fina linha que se passa todo o ótimo triller psicológico Ameaça Terrorista. Para os que acharam as cenas de tortura de Tropa de Elite muito brutais, aqui tudo é muito mais explícito e doloroso. Mas é claro que aos olhos "politicamente correto" de alguns, a tortura do terrorista é justificável e mais fantasiosa, sendo menos impactante do que a tortura de favelados do filme brasileiro. Esse maldito "politicamente correto" ainda vai acabar com o entretenimento... espero estar errado.
Desabafo feito, voltemos ao filme. Steven Arthur Younger é um americano muçulmano com um plano. Ele esconde três bombas atômicas em três cidades diferentes dos EUA, e após ser capturado sofre um "interrogatório" bastante traumático nas mãos do veterano interrogador e torturador Henry Humphries, vivido pelo sempre presente Samuel L. Jackson, numa das suas melhores performances recentes. A agente do FBI Helen Body, vivida por Carrie-Anne Moss (da trilogia Matrix) serve como consciência no meio de toda a violência, sempre se opondo às medidas violentas.
O filme corre de maneira muito eletrizante. Apesar de quase todo o longa se passar dentro da sala de tortura, o ritmo do filme é muito bem trabalhado, e conforme a boa trama vai se desenrolando e vamos conhecendo mais do misterioso terrorista, mas tensas ficam as cenas de tortura. Nada como um bom roteiro, interpretado por bons atores bem dirigidos para um filme que te prende do começo ao fim.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Machete (sem nota)

 
Me desculpem, mas não consigo dar uma nota para este filme. Ele tem que ser visto com olhos não críticos. Esta grande homenagem à tosqueira é muito divertida, mas não é para todos os gostos. Se você souber desligar bom senso e souber ver qualidade no meio de toda a trasheira que é esfregada na tela o tempo todo, vai dar boas risadas e de divertir com Machete.
Machete é um ex-agente federal mexicano que gosta muito de picotar os bandidos com seu fação (ou peixeira, ou machete, hehehe). Machete pega todas as mulheres. Machete não manda SMS. Machete é o cara! O diretor/escritor/produtor Robert Rodrigues, (o mesmo de Uma balada para um Pistoleiro, Sin City e Planeta Terror) é o hombre responsável por esta pérola. Ele emprega aqui muito do que já tinha sido usado na sua trilogia mexicana, e junta com o trash proposital já usado em Planeta Terror. Então já sabem o que vão encontrar: muito tiroteio absurdo, mortes bizarras, muitas chicas peladonas (e Machete pega todas elas, hehe) e muitos clichês.
Este filme se originou de um trailer falso que estava vinculado ao Grindhouse, filme duplo exibido nos cinemas americanos que juntava Planeta Terror e A Prova de Morte. Mas o trailer empolgou tanto que resolveram transformar em longa metragem. O enredo é simples: após ser traído e quase morto por um chefão do tráfico de drogas no México, vivido com extrema canastrice e hilária despreocupação com a atuação por Steven Segal, Machete vira imigrante ilegal no Texas, somente para se ver novamente no meio de uma conspiração para matar um Senador americano (Robert DeNiro). Prepare-se para muitas referencias à cultura mexicana, soluções fáceis para reviravoltas no roteiro e muito humor doentio.
É muito complicado escrever sobre este filme. Como já escrevi acima, não é pra qualquer gosto. Eu me diverti horrores, e isso geralmente não é bom sinal, hehe.

O Útimo Exorcismo (nota 6)

Mais um filme de terror no estilo documental. Depois de A Bruxa de Blair, Cloverfield, Atividade Paranormal e [REC], ficou fácil e barato fazer filmes de terror. O climão de documentário nos aproxima da ação e dos acontecimentos, tornando muito pessoal o medo e os sustos. Mas o Último Exorcismo poderia muito bem ter se juntado aos outros ótimos filmes citados acima, se não fosse uma falha brutal na conclusão. Numa tentativa de "inovar" no final surpresa, o filme perde completamente sua identidade e estraga o bom desenvolvimento que tinha sido construído até aquele clímax desastroso. Uma pena.

O falastrão Reverendo Cotton Marcus ganhou bastante dinheiro fazendo performances de exorcismo em pessoas que se julgavam estar sob a influencia do tinhoso em pessoa. O próprio reverendo não acredita que nenhuma destas pessoas estava realmente possuída, e sua performance pirotécnica falsa serve como um emplasto para estas pessoas. Quando decide largar este ramo, decide fazer um documentário sobre seu último exorcismo. E é claro que as coisas não vão tão bem como se esperava, e o reverendo, junto com sua equipe de filmagem, se encontram no meio de acontecimentos muito estranhos.
O filme faz bem o papel de nos assustar com sugestões apenas. Pouco é mostrado explicitamente. A carinha de inocente da menina possuída também ajuda a deixar o clima cada vez mais tenso conforme a possessão vai piorando. Os atores fazem bem seus papéis, destaque para o ator que faz o reverendo. O grande problema mesmo é o final. Ele conseguiu arruinar o filme pra mim de forma irreparável. Todas as respostas do mistério dos acontecimentos que eram meramente sugeridos de forma inteligente, de repente são cuspidos na tela numa reviravolta de roteiro terrível. Se quer ver um bom filme de exorcismo, recomendo o ótimo O Exorcismo de Emily Rose.

Skyline (nota 4)

Um legado que o filme ótimo filme Distrito 9 deixou foi provar que, mesmo com baixo orçamento ainda é possível se fazer um bom filme com bons efeitos especiais. E Skyline se baseia única e exclusivamente nisso. É um filme de baixo orçamento com ótimos efeitos especiais, e só. Diferente do sulafricano Neill Blomkamp que dirigiu Distrito 9, os Irmãos Strausse, culpados responsáveis pela bomba Alien vs Predador 2, não sabem nada sobre cinema a não ser fazer boas cenas em computação gráfica.
Numa primeira vista, Skyline até impressiona. As cenas das gigantescas naves atacando Los Angeles, assim como as pequenas nave-lula (que lembram absurdamente os Sentinelas-lula da trilogia Matrix) são muito caprichadas e merecem elogios, mas o baixo orçamento se reflete muito na seleção de atores fracos, e no péssimo e praticamente desnecessário roteiro. Um filme que depende tanto da atuação e da interação entre atores num ambiente confinado numa situação de grande perigo, não poderia ter atores tão fracos. No minimo deveria ter bons diretores que sabem arrancar boas atuações de seus atores, mas este filme não tem nenhum dos dois.

A impressão que ficou é de um filme típico dos SyFy Originals (será que Mega Piranha lembra alguma coisa?) do canal pago SyFy, mas com um pouco mais de dinheiro pra gastar nos efeitos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Enterrado Vivo (nota 8)

Ao ler a sinopse deste filme de estréia do diretor espanhol Rodrigo Cortés, sobre um homem que acorda dentro de um caixão e o filme inteiro se passa dentro desde caixão, e se contar que o ator principal (e único) é Ryan Reynolds, alguém que nunca considerei bom ator dramático, não me despertou o menor interesse. Não fossem os elogios da crítica especializada eu nem teria me arriscado. E ainda bem que me arrisquei, pois é um filme memorável.

Paul Conroy é um motorista de caminhão americano trabalhando no Iraque. De repente ele acorda no escuro, amarrado dentro de um caixão de madeira enterrado no chão. Ele não lembra como chegou lá, e tudo que tem em mãos é um isqueiro e um celular. Conforme ele tenta telefonar para diversos números para pedir socorro vamos conhecendo um pouco da história dele. Pode parecer chato, mas o diretor conseguiu imprimir um ritmo nas cenas e nos diálogos que realmente prendem a atenção e te deixam tenso o tempo todo, torcendo pela vida de Paul nesse ambiente claustrofóbico. A inventividade do diretor para conseguir filmar com praticamente nenhuma luz dentro de um espaço tão pequeno é  incrível.
E não é que eu estava errado quanto ao Ryan Reynolds? Ele mandou muito bem nesse filme. A carga dramática de uma pessoa que sabe que o fim está próximo, mas se agarra a qualquer fiapo de esperança é comovente e assustadora. O longa consegue não cansar o espectador, cria tensão nas horas certas, e comove quando precisa. Um filme certamente corajoso e que merece muitos elogios.

Atividade Paranormal 2 (nota 7)

Continuação do ótimo Atividade Paranoral, filme de terror de baixo orçamento que surpreendeu a todos com terríveis sustos e muita tensão, tendo uma premissa muito simples. Esta sequência até que demorou um pouco para aparecer, tendo em vista que tudo que se torna sucesso e gera dinheiro em Hollywood acaba sendo espremido até a última gota. Felizmente, não estragaram o filme como aconteceu com A Bruxa de Blair, por exemplo, mas é lógico que o que era simples e caseiro ficou maior e mais complexo, mas sem perder o feeling do filme original.

Nesta sequência acompanhamos o que acontece com a irmã da protagonista do primeiro filme. Ela mora em uma casa grande com seu marido, a filha do seu marido e seu filho recém nascido. Logo no início a casa é assaltada (será??) e como medida de segurança são instaladas seis câmeras que filmam o tempo todo, inclusive no escuro. Ou seja, no primeiro tínhamos somente um único ponto de vista, agora conseguimos ver 6 cômodos, e mais um sétimo que é a câmera de mão que filma os momentos de diversão em família. Outro ponto que também ganhou um upgrade foi o enredo. A premissa do primeiro era muito simples, enquanto que neste segundo tentaram dar uma justificativa para tudo, que acabou tirando um pouco do charme do filme.

Quem viu o primeiro sabe o que esperar da sequência. Quando vira a noite e começamos a rodar por todas as câmeras de segurança, e se ouve a característica vibração de baixa frequência que premedita um susto, se prepare. Nunca foi tão tenso olhar para uma cena praticamente estática esperando por algo acontecer. Agarre o braço da cadeira e aumente o volume, pois você vai pular! Garanto! 

2019 - O Ano da Extinção (nota 6)

Logo de cara vou reclamar do título brasileiro que deram pro filme. Você que está lendo e não faz a menor idéia do que se trata este filme imagina o que quando lê este título? Seja lá o que pensou, não tem nada a ver com o enredo. Daybreaker, título original do longa, é basicamente sobre vampiros!! Mas fiquem calmos, são vampiros de verdade, não aquela coisa sem graça e brilhosa e meio afetada que inventaram na saga Crepúsculo.
Nesta ficção científica o mundo foi tomado por uma epidemia. Praticamente todos os seres humanos foram transformados em vampíros, e estes vivem numa sociedade igual a que conhecemos hoje. Cada um tem seu emprego, sua casa e seu carro, mas durante o dia são todos obrigados a ficar reclusos sem poder sair no sol. Tudo ia bem neste mundo vampiresco até que os humanos normais vivos começam a se extinguir, obrigando os vampiros a procurar por um substituto sintético, caso contrário a fome irá transformá-los em criaturas horrendas. O personagem de Ethan Hawk é o hematólogo responsável por esta pesquisa, e sua motivação, além da fome vem de um senso de compaixão pelos humanos além do normal. Não vou contar mais nada senão estraga a "surpresa" dos que estiverem curiosos, mas nem se animem muito pois o enredo é bem previsível.
É uma típica ficção científica esquecível. É interessante pra passar um tempo, não vai insultar a sua inteligência, mas também não espere nada memorável. Pelo menos tiveram a decência de tratar estes seres clássicos do terror com um mínimo de respeito que merecem. Quando estão bem alimentados os vampiros são elegantes, educados e quase parecem inofensivos, porém basta sentirem a sede de sangue para se tornarem criaturas ferozes e assassinas. Ou seja, o filme tem momentos de muito gore e sanguinolência!

Ninja Assassino (nota 3)

Sinceramente, depois da série "clássica" dos filmes Ninja Americano dos anos 80 e 90, verdadeiro fenômeno das videolocadoras, não achei que seria possível produzir nada tão trash quanto, usando como personagens estes misteriosos assassinos orientais. Então fomos surpreendidos novamente pelo irmãos Watchowski (os mesmos da trilogia Matrix), que produziram o filme e o deixaram nas mãos do fraco diretor James McTeigue, que com um elenco fraco (o ator principal pode saber lutar, mas até EU sei atuar melhor que ele) e um péssimo roteiro, não teve condições de colocar na tela um filme decente.
Só tenho um único elogio: as lutas entre os ninjas são muito bem coreografadas. E mesmo assim o diretor conseguiu estragar boa parte delas com cortes muito rápidos, câmera tremida e tudo mais que pode ser feito pra arruinar uma boa luta nas telas. Bom, agora que o elogio foi tirado da frente está na hora de descer a lenha, HUAHUAHUAHUA (risada maléfica com o dedinho na boca #DrEvilFeelings).

Como já escrevi acima, o roteiro é uma bomba. Uma história simples de vingança que não costuma ser muito difícil de ser trabalhada, consegue ficar totalmente esquecida no meio de uma subtrama ainda mais mal explicada que envolve uma investigação da Europol. Além disso o tratamento que deram aos ninjas faz parecer com que estes são seres mágicos capazes de façanhas mais poderosas que os Jedis. Calma lá, a arte marcial tem muitas coisas que saem do cotidiano e fazem parecer atos sobrenaturais, mas o que fizeram neste filme é de um exagero absurdo. E não podemos esquecer dos terríveis erros de continuidade do roteiro.
E o que falar do visual hiperestilizado do filme? Os combates que envolvem lâminas exigiram da equipe de efeitos visuais computadorizados uma quantidade de sangue virtual que dava pra rivalizar com um Tsunami. A facilidade com que membros são decepados faz Kill Bill parecer brincadeira de criança. Mas diferente da obra de Tarantino que é genial justamente por não se levar a sério, Ninja Assassino se leva a sério demais, causando aquele risinho nervoso de vergonha alheia. Se a idéia é ver um filme de artes marciais, prefira O Mestre das Armas ou Ong Bak, que são longas que respeitam a arte marcial e encantam com belíssimas coreografias.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um Parto de Viagem (nota 7)

A nova comédia do diretor Todd Phillips, o mesmo do fantástico Se Beber Não Case, tem o mesmo estilão do filme citado. Quem gostou do filme sobre os quatro amigos lidando com uma despedida de solteiro devastadora em Las Vegas, vai gostas da história dos dois desconhecidos cruzando os EUA de carro. É claro que é muito difícil superar o genial Se Beber Não Case, mas pode ficar tranquilo que mesmo a primeira meia hora de filme sendo meio sem graça, o resto compensa com boas risadas.

O enredo trata de duas pessoas que, devido a um incidente dentro de um avião, se vêem proibidos de voar e são obrigados a cruzar os 3500 km entre Atlanta até Los Angeles juntos num carro. Ou seja, um autêntico road movie. Mas é lógico que nada vai ser tão fácil, principalmente por que no início os personagens interpretados por Robert Downey Jr. (o Homem de Ferro) e Zach Galifianakis (o gordinho barbudo de Se Beber Não Case) não facilitam a convivência. Espere por vários tipos de piada, várias delas muito escatológicas e machistas, como um cachorro se masturbando (WTF????!?!!?!?) por exemplo. O estilo de piadas não é muito diferente do que já se conhece do diretor.

A química entre a dupla principal é ótima, e caso não funcionasse, seria a ruína do filme, que não tem lá muito enredo pra manter os dois indo em frente juntos. Os atores se complementam muito bem comicamente. De resto nada muito memorável. O filme tem momentos que tenta ser comovente, mas só servem de tapa buraco pra ligar os momentos cômicos. Não é uma comédia que vai ficar na sua memória por muito tempo, mas vale boas risadas.

O Último Mestre do Ar (nota 6)


O diretor/escritor M. Night Shaymalan não anda com muito crédito na praça. Graças a porcarias como O Fim Dos Tempos, ninguém mais bota fé nos projetos do diretor, então é bem razoável encarar um filme dele com certo preconceito. Porém, depois de criar coragem e encarar sua última produção, a adaptação do desenho animado Avatar, concluí que todo o ódio e achincalhação que o filme sofreu não foi tão merecido. Não me entendam mal, ainda existem muitos defeitos, mas eu até que gostei do filme que foi o vencedor do "prêmio" Framboesa de Ouro de pior filme do ano.
O Último Mestre do Ar adapta para as telas o desenho Avatar, muito querido pelos fãs. Talvez este seja um dos grandes motivos para tanta reclamação, eu praticamente não conheço o desenho, mas ouvi várias pessoas emputecidas com a adaptação. Como não conheço muito do desenho, vou me ater ao filme. Logo no início conhecemos Aang, um jovem monge capaz de manipular e dobrar o Ar. Ele faz parte de um dos quatro povos capazes de dobrar os elementos, e os outros obviamente são Água, Terra e Fogo. Porém Aang é a reencarnação do Avatar, o único capaz de manipular os quatro elementos e que renasce a cada 100 anos. Como o povo do Fogo teme o Avatar, começam uma guerra contra todos os outros povos em busca do próximo Avatar.
A forma que Shaymalan escolheu para contar o filme é muito diferente do que se pode esperar, e aí está outro ponto que julgo responsável pelas péssimas críticas principalmente nos EUA. O filme prima muito pela interiorização, meditação e até pela não agressão, temas claramente orientais. Se opondo a muitos filmes de artes marciais e guerra, muitos conflitos nem sequer começam, e são resolvidos na conversa. Lí uma crítica escrita pelo Marcelo Hessel do www.omelete.com.br que foi muito certeira na sua colocação. Ele classificou este longa como um filme de ação zen, e isso reflete perfeitamente o que senti. Até mesmo nos momentos de combate, Aang praticamente não toca ou golpeia seus oponentes, se utilizando quase sempre da manipulação do ar para incapacitar e afastar seus agressores. Os movimentos de luta lindamente coreografados são uma mistura de kung-fu com tai-chi (pude ver algo de kung-fu interno nos movimentos, para os que sabem do que estou falando), comprovando novamente a interiorização da energia.
É claro que muitas das críticas são merecidas. Quase todos os atores são muito fracos, e Shaymalan não ajuda nada com sua direção lenta e diálogos sofríveis. Como o filme adapta toda a primeira temporada do desenho, também temos muitas informações condensadas demais, sendo que todos os diálogos passam alguma informação importante. Algumas cenas são didáticas demais, com muitas explicações para leigos, não deixando margem para a interpretação do expectador. O visual do filme está muito bom, com bons efeitos especials, mas não entendo a necessidade de escalar atores ocidentais para papéis orientais. Somente os papéis de vilões são interpretados por atores orientais. Acredito que isso seja para facilitar a aceitação do filme pelo público americano, que é extremamente preconceituoso com filmes não-americanos.

Resumindo, o filme não é a catástrofe que foi propagandeado pela crítica, mas também não é a melhor coisa do mundo. Vá com a mente aberta a uma experiência diferente e quem sabe irá apreciar o que há de bom no filme.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Rede Social (nota 9)

Confesso que a primeira vez que ouvi falar sobre o filme que contaria a história do Facebook, não achei que valeria a pena sequer pagar pelo aluguél, pois não fazia a menor idéia de tudo que ocorreu por trás da criação do site revolucionário. E não é que eu estava totalmente enganado? A Rede Social é um filme tão bom quando a a história que ele conta. Não sei exatamente o quanto daquilo é real e o que foi adaptado, só sei que o enredo nos absorve totalmente num tema absolutamente atual, mas que já entrou para a história. E colocando tudo isso nas mãos do hábil diretor David Fincher (responsável pelas obras primas Seven e O Clube da Luta) tinha que resultar num filmaço.
A edição do filme está incrível. Todo o enredo nos é contato em cortes que vão e voltam no tempo, e se passam durante duas audiências legais de disputa pelo direito do site. A primeira entre o criador do Facebook, Mark Zuckerberg e seu ex parceiro e co-criador Eduardo Saverin, e a segunda entre Zuckerberg e 3 membros de Harvard que teriam proposto uma parceria pra criar um site e alegam que Zuckerberg teria roubado sua idéia. Conforme as testemunhas vão contando suas versões o filme vai se desenrolando  num trama que envolve gênios da computação, muita traição e facadas nas costas, vamos conhecendo tudo que culminou no fenômeno das redes sociais que conhecemos hoje. E por incrível que pareça, apesar de o resultado final ser muito dinheiro e o mais jovem bilionário do mundo, esta não foi a motivação inicial.
O papel de Zuckerberg foi muito bem entregue nas mãos de Jesse Eisenberg (que pode ser visto num papel mais cômico em Zumbilândia). O ator consegue dar ao papel a sua principal qualidade: a de um crápula cuzão que todos adoram odiar! E verdade, a palavra que me veio à mente imediatamente ao término do filme é essa, Zuckerberg deve ser um tremendo de um cuzão. Bilionário, mas um cuzão! O resto do elenco está muito bem. Dou destaque especial para Andrew Garfiled (o próximo Homem-Aranha) no papel de Eduardo, e tenho também que elogiar a aparição de Justin Timberlake como o baladeiro e paranóico Sean Parker, o criador do Napster.

Recomendação certeira para quem quiser ver um filmão. Na minha sincera opionião, o Oscar deste ano ficou para O Discurso do Rei, mas poderia ter sido dado para qualquer um dos indicados pois estaria em boas mãos. Melhor pra nós que temos muitas opções de ótimos filmes em meio a tantas tranqueiras que tem sido lançadas.

Cisne Negro (nota 8)

Este filme chamou a minha atenção logo no primeiro trailer que ví. Primeiro por causa do climão de triller psicológico que eu adoro, e segundo por ser uma obra do excelente diretor Darren Aronofsky. Quem acompanha este blog sabe muito bem que sempre elogio trabalho deste incrível cineasta. Mas também como de costume, este filme não é lá muito fácil de ser visto, exigindo uma entrega por parte do público como normalmente acontece em seus filmes (Réquiem para um Sonho, Pi, Fonte da Vida e O Lutador), que lidam sempre com formas extremas de obsessão.
Nina é uma jovem bailarina totalmente obcecada com a perfeição de sua dança, sonha em ser escalada para o papel principal de O Lago dos Cisnes. Com a aposentadoria forçada da atual prima bailarina, abrem-se as portas e ela consegue o papel. A partir daí sua vida se transforma totalmente, e Nina perde o controle sobre sua mente. Neste momento o filme brinca a todo momento com a sanidade de quem está assistindo. É muito difícil saber ao certo o que é real e o que é ficção, o que é armação, paranóia ou simplesmente insanidade. A mente de Nina fica totalmente descontrolada e nos leva junto nesta viagem.
A direção e fotografia são muito parecidas com o que o diretor já havia praticado em O Lutador. A câmera na mão acompanha Nina de perto o tempo todo, deixando que que tenhamos sempre a mesma visão da personagem principal. Isso nos aproxima muito dos momentos de estranhos e até mesmo nos sustos. E Natalie Portman está bem demais neste papel. Seu Oscar de melhor atriz foi merecido, apesar de eu achar que ela estava muito "careteira" neste filme, preferindo sua atuação em Closer, por exemplo.

Tenham em mente que não é um filme sobre ballet ou sobre dança. Tudo isso é apenas o pano de fundo para uma história de obsessão em busca da perfeição. Não dá para classificá-lo como terror, mas a tensão que certas cenas causam são dignas de um bom terror. Não é um filme que deve agradar a todos, mas certamente é um dos filmes mais "fáceis" de se assistir de Darren Aronofsky, ao lado de O Lutador.

terça-feira, 1 de março de 2011

O Discurso do Rei (nota 9)

Agora sim, o grande vencedor do Oscar 2011, vendedor dos principais prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Principal. A concorrência era muito boa este ano, mas todos estes prêmios ficaram em boas mãos. Este filme merece mesmo, com imenso destaque para a brilhante atuação de Colln Firth como o Rei George VI da Inglaterra, com toda a sua gagueira!

Alguns podem achar que a premiação deste filme é um retrocesso. Premiar um filme com cara de antigo, abordando temas tradicionais e até falando um pouco sobre a IIª Guerra Mundial. Mas o filme tem uma linguagem bem moderna, e pode agradar a todos os gostos e idades. Tem momentos muito engraçados, mas também momentos de muita tensão, e principalmente muito nervosismo ao ouvir o incômodo silêncio que preenche os inúmeros intervalos entre as palavras gaguejadas pelo Rei George.
A história pode parecer meio boba a princípio, eu mesmo achava isso. Mas com o desenrolar percebemos o quando uma simples superação da gagueira pode mudar o rumo da história. O príncipe George sabe que, sendo uma figura de grande importância política aos ólhos do povo da Inglaterra, precisa fazer muitos discursos, mas é vergonhosamente doloroso vê-lo lutando contra sua própria fala. Para ajudá-lo com isso entra em cena o ator Lionel Logue, interpretado por Geofrrey Rush com sua mais habitual genialidade, para ajudar o futuro Rei a superar seus problemas. Com a morte do Rei, o Príncipe George assume o trono da Inglaterra num dos momentos mais dramáticos da história moderna, justamente durante a IIª Guerra Mundial. Daí a grande necessidade de discursos motivacionais para elevar o moral toda uma nação em guerra.
O filme sabe contar com muita calma e honestidade todo o desenrolar deste trabalho intenso que levou o Rei George a superar suas dificuldades, para então encher de moral seu país num momento de extrema necessidade. A cena final do discurso que dá nome ao filme é realmente emocionante.

Merecedor de todos os prêmios, este filme precisa ser visto por todos.

Scott Pilgrim Contra o Mundo (nota 9)

Está aí um filme que eu estava morrendo de vontade de ver, mas quando chegou aos cinemas passou tão rápido e em tão poucas salas que não consegui ir ver. Baseado nos quadrinhos de Scott Pilgrim, este filme idealizado e dirigido pelo ótimo Edgar Wright, diretor inglês responsável por outras pérolas do humor como Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead) e Chumbo Grosso (Hot Fuzz) tem um visual diferente de tudo que já ví no cinema. Eu achei incrível, mas entendo que não deve agradar todos, principalmente de uma certa faixa de idade pra cima. Razão esta eu acredito ter sido a culpa das fracas bilheterias apesar das ótimas críticas.
Nem adianta perguntar, pois não conheço absolutamente nada dos quadrinhos que originaram o filme, então nem vou fazer comparações. Só posso afirmar que o resultado nas telas é de cair o queixo. Com um visual absurdamente arrojado, rápido e com cortes que impressionam pela originalidade, lembram muito um quadrinho em movimento. Além disso tudo as óbvias referências e homenagens aos videogames da era 8 bits e 16 bits são geniais. Fiquem atentos a sons ou pequenos detalhes nos cantos das telas.

Scott é um jovem canadense desempregado que tem uma banda e se engraça com a estranha Ramona Flowers, interpretada pela bela Mary Elisabeth Winstead, mas para ficar com ela ele terá que derrotar a Liga dos Sete Ex-namorados malvados... parece bobo, mas ficou bem engraçado!

O humor tem muito do toque inglês de Edgar Wright, mas não tão exagerado como em Shaun of the Dead por exemplo. E os jovens atores sabem como extrair o humor seco e rápido que o texto exige com muita qualidade.  O desengonçado Michael Cera está muito bem como Scott Pilgrim, e surpreendentemente mandou muito bem nas cenas de luta muito bem coreografadas e estilizadíssimas com efeitos especiais muito caprichados.
Eu entendo perfeitamente se, por exemplo, meus pais não tiverem saco pra ver esse tipo de filme. Não é algo para todos os tipos de pessoas. Geralmente aqueles mais ligados com o mundo dos quadrinhos ou videogames vão adorar. Ou seja, a nerdaiada de sempre (me incluo nessa). Quem não tiver um mínimo de afinidade ou conhecimento do mundo nerd em geral pode até gostar, afinal é um filme muito bem trabalhado, mas provavelmente perderá mais da metade das referências ficando sem entender o que diabos está acontecendo, pois tudo ocorre muito rápido.

127 Horas (nota 9)

Eu já estava devendo pra mim mesmo ver alguns filmes aspirantes ao Oscar de melhor filme de 2011, então tomei vergonha na cara e comecei pelo que mais me atraiu de início, e por duas razões: 1) a história real de sobrevivência de Aron Ralston é realmente impressionante; 2) o filme foi dirigido por ninguém menos que Danny Boyle, um dos cineastas favoritos absolutos deste blog. E podem ter certeza, é um baita filmaço!

Pra quem não conhece a história real, Aron Ralston, um engenheiro que pratica montanhismo, alpinismo e coisas parecidas sofreu um acidente em 2003 onde sua mão ficou presa debaixo de uma pedra. Após alguns dias ele consegue cortar seu próprio braço num ato de incrível coragem e calma para então sobreviver e contar ao mundo sua história... isso sim é um macho de respeito! 
(foto real tirada pelo próprio Aron)

Mas se acham que o filme de um cara preso no mesmo lugar o tempo todo é monótono, é por que não confiam na maestria de Danny Boyle para conduzir um suspense de tirar o fôlego. A fotografia é linda, o cenário deslumbrante, e mesmo diante das dificuldades, em nenhum momento a câmera nos deixa esquecer isso. Existem momentos de puro desespero, outros que te fazem ter vontade de desistir de tudo. Existem até momentos de rir muito do humor negro que o filme nos apresenta, e é claro tem o momento de puro terror ao presenciar o o ato mais tenso e corajoso... nem preciso dizer qual é, certo? E as cenas são todas capturadas de forma incrível! Mesmo para os que tem estômago fraco (sim, se prepare para um pouco de "gore") o som te transporta para momentos de pura dor! A trilha sonora, como de costume nos filmes de Boyle é excelente.
E tenho que me retratar aqui. Eu sempre achei que o James Franco era um baita dum canastrão, mas suas recentes e ótimas aparições em filmes como Segurando as Pontas ou a pontinha em Uma Noite Fora de Série já vinham mudando minha opinião. Mas neste filme ele atingiu um novo nível de atuação. Ele está bem demais e mereceu mesmo esta indicação ao Oscar de melhor ator.

Se este filme tivesse levado a estatueta de Melhor Longa Metragem, ela certamente estaria em boas mãos. Uma história de sobrevivência e superação que merece ser vista e prestigiada por todos.