quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tron: O Legado (nota 7)


Apesar de hoje ser muito difícil ver o Tron original de 1982, pois a computação gráfica na qual o filme se baseia obviamente ficou muito datada, eu ainda sou um grande fã. E fiquei empolgadíssimo com os primeiros trailers e teasers da continuação Tron: O Legado, gerando grande expectativa. Infelizmente toda esta expectativa não foi totalmente correspondida, e se não fossem alguns pontos muito positivos do filme, provavelmente eu estaria dando uma nota bem mais baixa pra ele.
Vamos começar pelo lado bom. O visual do filme é expetacular! Não dá pra desgrudar os olhos da tela o tempo todo, apreciando os belíssimos cenários virtuais, com muita transparência e paredes de vidros. A iluminação dos prédios e veículos todas compondo com o incrível figurino dos personagens (bem menos exagerados na quantidade de "circuitos" nas roupas). As cenas de ação estão muito boas, principalmente as sequências de perseguição de veículos. As lutas poderiam ter sido mais bem trabalhadas, mas não incomodam. Agora a trilha sonora composta pela dupla Daft Punk perfeita e encaixa certinho com o visual do filme.
Porém, como já escrevi acima, o filme tem vários problemas. Pra começar a escalação de Garrett Hedlund para o personagem principal Sam Flynn não foi muito acertada. O cara é bem fraquinho e deixa a desejar em várias cenas. Mas o pior mesmo, e esse é sempre o ponto que eu mais critico, é o roteiro. A alma de um bom filme é um bom roteiro, e neste longa a coisa é tão atrapalhada que em diversos momentos do filme nem lembrava qual era o motivo de tudo aquilo estar acontecendo... e quando lembrava desta motivo percebia que ele é bem besta. Ou seja, toda a razão para aquilo que estamos vendo na tela é desinteressante, tornado tudo uma grande colcha de retalhos de cenas que no final das contas não fazem muito sentido quando se olha para o quadro geral.
Preciso dar um destaque para o vilão do filme, o personagem Clu, que é a versão mais jovem de Kevin Flynn, vivido novamente por Jeff Bridges, porém com toneladas de maquiagem digital para rejuvenescê-lo, da mesma forma que fizeram com Brad Pitt em Benjamin Button. Eu estava com um pouco de medo pois ainda hoje é muito difícil construir um personagem humano digitalmente que seja crível. Sempre existe aquele olhar ou uma boca muito falsa que atrapalha, mas em Tron: O Legado, Clu tem muita presença de tela e está tão bom que a partir de um certo momento até esquecemos que estamos vendo um construto digital.

A verdade é que o filme vale pelo excelente visual combinado com incrível trilha sonora, apoiado em muito saudosismo e homenagens ao longa original, mas duvido que seja possível criar uma nova franquia. Tem muita coisa pra melhorar antes disso.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Karate Kid (nota 7)

Remakes de filmes outrora consagrados sempre são perigosos. Eles podem tanto trair o conceito original a ponto de ofender os fãs antigos, podem ser meramente "mais do mesmo" onde não há nenhuma novidade digna, ou eles podem ser uma bela homenagem que atualiza alguns conceitos já meio datados. Felizmente este novo Karate Kid (que poderia ser perfeitamente chamado de Kung Fu Kid), se encaixa no terceiro tipo, sendo impossível não sorrir ao final com a mesma agradável sensação ao o clássico oitentista despertava no seu tempo.
A idéia central e o "feeling" são exatamente os mesmos do longa original. Uma mãe e seu filho se mudam para a China, e o jovem Dre Parker se vê num lugar estranho já sendo ameaçado por bullies chineses que o atormentam. Então Dre, após ser salvo por um zelador solitário, o Sr. Han, começa a treinar kung fu com o Sr. Han para competir contra aqueles que o atormentavam. E as cenas de treinamento são intensas e muito reais, não tem mais só encerar o carro e pintar a cerca. Dá pra ver que o menino teve que suar de verdade para executar alguns movimentos e acrobacias.

Dre é interpretado pelo filho de Will Smith, o novato Jaden Smith, que entrega um personagem muito bom. Ele obviamente é muito diferente do Daniel-san, a começar pela sua atitude, mais engraçadinha e manhosa. Felizmente não é um personagem irritante como muitas crianças são no cinema, e mesmo jovem já demonstra ser muito parecido com o pai, principalmente nos gestos. Agora o genial Jackie Chan está incrivelmente bem no do mestre, o Mestre Miyagi ficaria honrado. Jackie entrega uma interpretação muito pessoal, sem nunca tentar imitar o finado Pat Morita, e tem aqui o que acredito que seja eu melhor papel dramático no cinema. Para os que se lembram da cena do Mestre Myiagi bêbado no filme original, preparem-se para uma cena muito mais emocional neste remake.

Nem tudo são maravilhas, é claro. O filme tem alguns defeitos, que nem são tão graves assim, mas tiram todo o realismo que era mais presente no filme original. Obviamente que com a mudança do karate para o kung fu, aliado a tendências mais atuais de lutas bem coreografadas, os combates entre crianças de 12 anos são absurdamente complexos. Alguns golpes são dignos de artistas marciais com muitos anos de experiência, e são distribuídos com a maior facilidade pela molecada.

É isso, eu gostei bastante do remake que faz juz ao original sem tentar substituí-lo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os Mercenários (nota 6)

Tá aí um filme que é pura testosterona. É só começar a listar os nomes do elenco que já se sabe muito bem o que esperar do filme. Sylvester Stallone dirige e atua uma tonelada de nomes do cinema de ação, alguns que ainda tem bom status de estrela, outros que já foram esquecidos mas ainda sabem chutar bundas. E a lista não é pequena: Jason Statham, Jet Li, Dolf Lundgren, Randy Coture e Steve Austin (ambos lutadores de vale tudo), Mickey Rourke, Terry Crews (o pai do Cris em Todo mundo odeia o Cris), e participação especial de ninguém menos que Bruce Willis e Arnold "Governator" Schwarzenegger. Combinando estes nomes a um filme no estilo oitentistas de filmes de ação onde um grupo extermina uma pequena nação sozinhos, já se sabe muito bem o que esperar, certo?
Porém, vou confessar que fiquei levemente desapontado, e culpo isso na edição e montagem do filme. De uma forma geral a edição é muito caótica, e tira a noção de continuidade de algumas cenas. Com nomes como Statham, Li, Coture e Austin, todos lutadores com excelentes habilidades atléticas, os ótimos combates corpo a corpo de seus personagens ficaram muito picotados e intercalados com outras cenas, desta forma se perde a sensação de continuidade do combate, seja na força bruta de Coture e Austin, ou seja na habilidade e estilo de Li e Statham (este protagonistas dos melhores combates). Como não se pode deixar de lado, também temos MUITAS explosões e tiroteios, bem dentro do que se esperava, nada muito inovador.
Obviamente que não podemos esperar muito em termos de atuação, e algumas são bem sofríveis. O roteiro também não ajuda, dando diálogos muito ruins para entrelaçar as cenas pancadaria e tiroteiro com um fiapo de enredo mal explicado e rapidamente esquecido. O motivo inicial é muito fraco e a continuação deste motivo é pior ainda.
A direção de Stallone também já foi muito melhor. Ele mandou muito bem em Rocky Balboa (vulgo Rocky 6) e até mesmo em Rambo VI, mas em Os Mercenários, o filme demora muito pra pegar no tranco. Somente na última meia hora, quando a batalha final começa, é que há alguma emoção. Mas tudo bem, vamos dar um desconto, afinal ele estava distraído pelos macacos brasileiros no ombro dele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Harry Potter e as Relíqueas da Morte Parte 1 (nota 9)

Após longas e merecidas férias, estamos de volta aos filmes também. E nada melhor pra retomar do que um aguardadíssimo sétimo filme de Harry Potter. E vou logo começar elogiando a ótima iniciativa de dividir este último livro em dois filmes. A quantidade de informações e acontecimentos é enorme e se fosse tudo apertado em um só filme iria ficar uma porcaria. Felizmente decidiram pela divisão, nos brindando com o filme mais fiel ao material original em toda a série.

E não ficou faltando nada mesmo, até os longos períodos de fuga e esconderijo do trio principal estão lá, proporcionando ótima interatividade entre os três personagens e demonstrando que os atores não só cresceram fisicamente, mas que suas habilidades e qualidades de interpretação melhoraram muito. Os intérpretes de Harry, Ron e Hermione estão muito bem, tendo condições de realmente atuar dramaticamente  não decepcionaram. Dou destaque especial para o ator que faz Ron Weasley, que demonstra ótimo potencial.
O ritmo do filme foi muito bem trabalhado. O que poderia ter se tornado um filme parado e chato foi muito bem construído, alternando cenas de muito diálogo e discussão com muita correria e tiroteio das varinhas. As quase 2h30min de duração passam voando, só pra deixar aquele gostinho de quero mais ao "final". Se considerarmos que o filme anterior, Harry Potter e o Enigma do Príncipe era o prelúdio do fim, aqui temos o meio com final digno de Star Wars e o Império Contra-Ataca.
E pra quem não leu o livro e não sabe o que esperar, um aviso: esse filme tem um tom totalmente diferente de todos até agora. Ele é muito pesado, sério e sombrio. Não há mais ano letivo na escola, apenas fuga pela sobrevivência com direito a muitas mortes pelo caminho. Algumas são chocantes, outras são cruéis, mas foi muito bom ver que não pouparam a tensão e o sangue que muitas cenas mereciam de fato.
A minha única crítica negativa não é culpa deste filme exatamente, mas sim da série toda no cinema. Como este longa não excluiu nada do livro a quantidade de informações necessárias para se entender completamente o que está acontecendo é muito grande. E como infelizmente os capítulos anteriores tiverem muitos cortes importantes (principalmente o anterior Harry Potter e o Enigma do Príncipe que foi mutilado e perdeu dados cruciais para este último), quem não leu os livros pode facilmente se perder no meio do caminho, sendo obrigado a perguntar para outras pessoas depois.

Mas certamente é um filme obrigatório e que atinge os melhores níveis no cinema desde o primeiro capítulo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Predadores (nota 7)

O filme oitentista Predador foi muito bom. Lançou no cinema o montrengão alienígena com cara de caranguejo que gosta da emoção da caçada, e foi muito bem. A continuação, Predador 2, não é tão boa quanto o primeiro, pois tirou o monstro da floresta e o trouxe pro meio da movimentada Los Angeles, mais ainda assim tem as suas qualidades. Aí, vieram as duas bombas Alien vs Predador 1 e 2, que conseguiram desmoralizar completamente as duas criaturas que já foram tema de ótimos filmes. O primeiro AVP é ridículo, e o segundo consegue ser uma atrocidade ainda maior, um verdadeiro insulto, então com a tratativa dada a estes personagens, o medo para esta nova tentativa era grande. E felizmente conseguiram recuperar a qualidade e a dignidade do Predador nas telonas.
E conseguiram isso graças ao bom senso de não inventar moda nem enredo pseudo-complexo. Por isso somos jogados logo de cara dentro da caçada, sem enrolação, com muitas situações que são quase cópias do longa original. Felizmente essas situações copiadas param de acontecer logo e o filme toma seu próprio rumo de forma muito inteligente e com ótimo ritmo. O suspense da primeira aparição dos Predadores é muito bem construído, elevando a tensão aos poucos até a inevitável primeira morte sangrenta. 
Mal o filme começa e já encontramos o personagem principal em queda livre em direção a um mundo alienígena muito parecido com a floresta amazônica, onde ele encontra diversos outro guerrilheiros, combatentes, soldados, membros de gangue que foram abduzidos de diversos países na Terra, somente para serem caçados por pura diversão dos Predadores, que usam as mais diversas técnicas de emboscadas para pegar suas presas. E isso o filme constroi muito bem, a sensação da caçada e o medo constante de nunca saber quando será o próximo ataque.
O principal defeito do filme na minha opinião ficou na escolha dos atores principais. Apesar de achar Adrien Brody e Alice Braga ótimos atores, eles não me convenceram como durões que aguentam qualquer pancadaria. Não estão ruins em seus papeis, mas não combinaram totalmente com seus personagens.

No geral eu gostei bastante, pois devolveu a dignidade a um ótimo personagem de ficção / terror que andava meio em baixa graças a cineastas medíocres. Agora só falta recuperarem o Alien, e espero que no espaço e no futuro, de onde ele nunca deveria ter saído.

REPO MEN - Os Coletores (nota 8)

Eu gosto de uma boa ficção científica. E boa ficção científica tem que ter bom roteiro, senão não funciona, diferente de filme de ação padrão onde algumas explosões e tiroteios são suficientes. E e felizmente o roteiro deste filme é muito bom e criativo. Num futuro próximo, não há mais necessidade de transplante de órgãos, pois quando uma substituição é necessária existe uma empresa que fabrica e transplanta órgãos sintéticos robóticos e cobra uma pequena forntuna a juros absurdos dos enfermos.
Então o que acontece quando você não consegue pagar as mensalidades do seu fígado novinho em folha? Da mesma forma que o banco tomaria de volta o seu carro ou sua casa, um funcionário especial desta empresa pega de volta o órgão, seja ele um fígado, rim ou o coração. E nem sempre isso é feito de forma agradável. O enredo é bem construído, com personagens quase que imediatamente carismáticos, que nos levam junto por todas as ótimas surpresas da história. Até entendo que existe um fundo de crítica a atual condição do sistema de saúde americano, mas não sei se é isso mesmo.
Mas calma, tem muito mais do que isso. A ação do filme é excelente, e pra um começo que só vemos praticamente tiros com balas paralisantes sendo disparadas, de repente começa uma saguinolência impressionante, com direito a muito combate corpo a corpo e muitas facas. O visual do filme está dentro do esperado pra um estilo Blade Runner de ficção, nem muito exagerado nem muito simples como em Gattaca.
O elenco tem muitos bons nomes. Pra começar, a dupla Jude Law e Forest Withaker estão muito bem, e tem uma ótima química na tela. Ambos também me impressionaram muito nas cenas de ação. Tanto nas cenas de tiroteio quanto nas lutas os dois mandaram muito bem, sendo que a interpretação no geral é excelente, como de costume para estes dois. Ainda tem a presença da brasileira Alice Braga, que está cada vez mais presente em hollywood.

Uma boa ficção científica, com direito a muita violência e um enredo criativo e surpreendente. Certamente não é um filme que deve agradar a todos, mas caiu certinho no meu gosto.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Kick-Ass - Quebrando Tudo (nota 7)

 Esse filme foi totalmente diferente do que eu esperava. E isso foi bom, afinal houve o elemento da surpresa, que já julgava ter perdido após ver tantos trailers. Eu não conheço o quadrinho que originou o filme, então nem posso fazer qualquer tipo de comparação. Mas prepare-se para uma história de "super heróis" nada convencional e totalmente fora dos padrões.

O mais interessante desta história é a construção nada convencional dos personagens, heróis e vilões. Tudo aqui foge ao tradicional super herói como Homem-Aranha, X-Men e Batman, nem se parece com Watchmen onde os heróis tem tantos defeitos de carácter quanto os vilões. Em Kick-Ass, um adolescente normal resolve colocar uma roupa comprada no ebay e sair por aí bancando o herói, inspirado por todos os quadrinhos que leu. Ou seja, é a desglorificação do herói feita de forma inteligente, sarcástica e realista. Por exemplo, na sua primeira tentativa de heroísmo, Kick-Ass leva um pau absurdo e vai parar no hospital, hehehe.
Mas fique calmo, nem tudo é tão chato como eu fiz parecer. Pra compensara falta de habilidade de Kick-Ass, existem dois outros "heróis" que são responsáveis pelas melhores cenas de ação e por boa parte da carnificina do filme. Big Daddy e Hit Girl, apesar de serem extremamente habilidosos e usarem uniformes típicos de super-heróis, matam cruelmente todos os bandidos com armas de fogo e todo tipo de lâminas que podem, e ainda se divertem muito com isso. Detalhe, a Hit Girl não deve ter mais do que 12 anos, hehehe. E como a minha inclinação para o humor negro, me diverti muito vendo uma molequinha arregaçando com um bando de marmanjo.
O enredo geral é bem interessante, e toma rumos inesperados ao longo do caminho. O tema geral é muito voltado pro público adolescente, mas deve agradar aos marmanjos também. As atuações estão dentro do esperado por parte dos atores jovens, mas dou destaque especial pra Chloe Moretz que manda muito bem como a durona Hit Girl e por incrível que pareça pro Nicolas Cage, que está hilário como Big Daddy. E Mark Strong novamente manda muito bem como vilão, como já tinha feito em Sherlock Holmes e Robin Hood.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tiras em Apuros (nota 5)

Apesar do nome genérico em português, esse filme tem um bom pedigree. Dirigido pelo rei dos nerds Kevin Smith (sendo esta sua primeira direção de um filme que não foi ele próprio que escreveu como Pagando Bem que Mal Tem e O Balconista 2 por exemplo), este filme sai muito do estilo do diretor / escritor, e vejo aí o primeiro problema. O divertido dos filmes de Smith são os diálogos ácidos, recheados de palavrões e cheios de referências pop entre personagens que representam pessoas comuns. Neste Tiras em Apuros não há a mesma empatia inicial, pois parece mais um filme padrão de ação / comédia que qualquer outro diretor sem expressão poderia ter dirigido da mesma forma.

Outra coisa estranha logo de cara é a dupla bizarra formada por Bruce Willis e Tracy Morgan. Eu achei inicialmente que não tinha como isso dar certo, mas o resultado final é muito interessante. O tempo e estilo de comédia dos dois atores é totalmente diferente, mas se encaixam muito bem na tela, fazendo as piadas funcionarem muito bem. E pra mim esse é a única coisa que realmente vale no filme. E ainda tem uma participação rápida de Seann William Scott (o eterno Stifler de American Pie) que é muito boa, resultando em boas risadas.

O enredo é passável no geral. O motivo principal gira em torno de um traficante mexicano, mas tem muitas histórias paralelas, algumas que servem bem à trama principal, como do casamento da filha do policial Jimmy, vivido por Willis) e outras que acabam mais atrapalhando o andamento do filme pois não agregam em nada. Eu até que dei boas risadas, mas duvido que este filme irá durar muito tempo em minhas lembranças.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 (nota 11)

Expectativa pré-filme é uma coisa muito complicada. Quando ela não é plenamente satisfeita pode significar que você não vai gostar tanto do filme quando poderia. Foi mais ou menos o que aconteceu comigo no filme A Origem. E quanto maior a expectativa, maior o possível tombo. Mas são raras as vezes que mesmo a expectativa sendo grande, acontece a felicidade de o filme ser melhor ainda e superar tudo que se esperava dele. E isso foi exatamente o que ocorreu comigo ontem ao sair em completo êxtase da exibição do Tropa de Elite 2 falando em alto e bom som no mesmo linguajar do longa: "Putaqueopariu!! Que filme fodástico do caralho!" Desculpem a linguagem chula, mas precisava desabafar.
Mas por que é tão bom assim? Por que absolutamente todos os aspectos da produção do melhor filme do ano (na minha humilde opinião) são executados com perfeição por uma equipe habilidosa e que manja muito de cinema. Começando pelo lado mais técnico, a fotografia é incrível, seja nas cenas em favelas e escritórios apertados ou em amplas tomadas aéreas, com enquadramentos não convencionais e aquela câmera tremida na medida certa nas cenas de ação que te colocam perto do que está acontecendo, deixando um clima clasutrofóbico onde o espectador se sente parte da ação constantemente. A edição e a montagem do filme são de cair o queixo. A trilha sonora se encaixa com perfeição em todas as cenas. A direção de José Padilha ao amarrar tudo isso é primorosa e merece muitos elogios de todos, não devendo nada para nenhuma produção Hollywoodiana. Mas é claro que nada disso conta sem ele, o coração e alma de qualquer filme, o roteiro!!
Escrito pelo próprio José Padilha em parceria com Bráulio Mantovani, este roteiro original (lembrando que o primeiro Tropa de Elite foi baseado numa obra literária) constroi uma trama incrível, cheio de maracutaias, reviravoltas, conspirações, bandidagem, politicagem, tudo amarrado com maestria e de forma coerente, que prendem a atenção do espectador do começo ao fim do filme. Tem momentos de pura adrenalina com ação vertiginosa, outros de que despertam a fúria e ódio, e ainda aqueles de desespero e sofrimento, e outros de pura risada seja pelo humor ou pelo nervosismo, mas no fundo no fundo, o roteiro brilhante mexe muito com o âmago de todos os brasileiros com temas muito sérios que transformaram o país na palhaçada que é hoje. Padilha dá um tapa na cara de todo eleitor e diz: "Presta atenção no que você está fazendo!"

E os personagens? No primeiro filme já eram todos muito carismáticos, e nesse segundo está ainda melhor. Personagens já conhecidos como o Coronel Nascimento, o Capitão Mathias, o Capitão Fábio retornam melhores do que antes, acompanhados por outros que o mantém nível de qualidade e empatia, e ainda conhecemos um dos melhores vilões do cinema brasileiro, o Rocha. Tão odiável e carismático quanto Zé Pequeno eu diria. E um protagonista da qualidade do Nascimento precisava de um vilão à sua altura, e é exatamente isso que temos.
Já que estamos falando dos personagens, os atores que os interpretam estão incríveis. Todas as atuações na medida certa, sem nada parecido uma novela da Globo. Dou destaque especial para Wagner Moura, Ihrandir Santos, André Ramiro, Milhem Cortaz e André Mattos. Todos entregam interpretações que devem durar por muito tempo na cultura pop dos filmes nacionais. E é claro que os diálogos são ácidos, recheados de palavrões e frases de efeito, como no primeiro filme.

Resumindo, o filme já fez uma das maiores bilheterias numa primeira senama no Brasil e merece ainda mais. Todos que gostam de um bom cinema tem a obrigação de ver este longa na telona e prestigiar uma das maiores obras do cinema nacional.

sábado, 16 de outubro de 2010

*TOP 5! FILMES DE CATÁSTROFES NATURAIS

Este tema pode ser tratado como um "guilty pleasure", ou seja, um prazer culposo. Filmes de desastres naturais são ruins por natureza (trocadilho idiota!!), não importa o elenco, o diretor, os efeitos especiais, pois o roteiro sempre é um tapa buraco para que milhões de dólares sejam gastos em cenas incríveis de tudo indo pro saco ao redor dos personagens. E mesmo sabendo de tudo isso, nós ainda adoramos ver estas tranqueiras. Como recentemente vimos 2 filmes que se encaixam perfeitamente nessa descrição, decidi fazer esta lista. Mas não entendam mal, a ordem não tem nada a ver com a qualidade do filme, longe disso. Decido ordenar a lista por ordem crescente de área destruída, hehehe. Aqui vai a lista:

5º LUGAR: O INFERNO DE DANTE
Começamos por um filme de vulcão, e escolhi o menos pior dentre eles. Em o O Inferno de Dante, acompanhamos um vulcanólogo tentando salvar a pacata e minúscula cidade Dante da ira do vulcão extinto vizinho. Temos vários clichés do gênero, como os costumeiros absurdos, como um caminhão atravessando um fluxo de lava por exemplo, o herói que salva a família, o chefe que não acredita nas previsões do herói, e por aí vai.

4º LUGAR: MAR EM FÚRIA
Certamente o melhor filme da lista em termos de qualidade geral. Atuações, enredo, personagens cativantes, situações emocionantes, efeitos especiais sem exagero, tudo é acertado nesse filme. Nele, acompanhamos o trajeto de um barco pesqueiro durante uma tempestade gigante. Não há muitos clichés do estilo de filme catástrofe, por isso sua qualidade.

3º LUGAR: IMPACTO PROFUNDO
Não podemos esquecer os filmes de meteoro, certo? E este está longe da tranqueira que foi o Armagedom. Mas como todos os filmes do estilo, tem muitos clichés. A família que não se fala e se junta no momento do desastre. O auto sacrifício para a sobrevivência do próximo. O jovem que acidentalmente descobre o fim da humanidade. O presidente negro. Efeitos especiais gigantescos. O bom deste filme fica pelo enredo que é mais interessante e respeita alguns fatos científicos, além de um bom elenco que consegue passar emoções verdadeiras.

2º LUGAR: O DIA DEPOIS DE AMANHÃ
Agora sim temos destruição em escala absurda, onde todo o hemisfério norte é destruído por uma era glacial que acontece quase instantaneamente! Novamente temos quase todos os clichés: família desunida que se junta por causa do desastre, coadjuvantes se sacrificando e morrendo heroicamente, alívio cômico totalmente desproporcional com a gravidade da situação, cientista desacreditado que descobre o problema mas larga tudo pra salvar o filho, e por aí vai. Nem sou muito fã deste, realmente é um filme feito só pra gastar efeito especial.

1º LUGAR: 2012
Pronto, nada pode ser maior do que O FIM DO MUNDO, certo? Mas o que seria do fim do mundo sem um herói improvável que é pai separado e distante dos seus filhos pra presenciar TODAS as catastrofes naturais possíveis combinadas num único e gigantesco desastre natural global, e ainda sobreviver pra se juntar com a família? Tem clichés nesse filme? Sim, todos eles: Presidente Negro que se sacrifica para o bem maior, chefe arrogante e mesquinho que só pensa no seu próprio bem, cientista  que prevê o desastre e acaba vítima dele, gente rica que ainda acha que dinheiro vale alguma coisa quando tudo está indo pro buraco, e por aí vai. Cenas absurdas como o carro escapando de um prédio, aviões desviando de mais prédios caindo, ou melhor ainda, a fuga a pé de uma imensa nuvem piroclástica!! Genial.

Mas calma lá, ainda tem muito mais pra contar. Vamos listar todos os desastres desse filme: Tem terremotos? Sim, Tem Vulcão? Sim, o maior que já ví num filme. Tem tsunami? Sim, tão grande que encobre o Himalaia. A explosão do vulcão faz voar tantos destroços que algumas cenas até parecem meteoros caindo, então também conta. Sério mesmo, só faltou um ataque alienígena pra completar a desgraça. É tão ruim, mas tão ruim, que fica bom. Este é verdadeiramente o "Ultimate Disaster Movie".

Só pra completar, vou roubar um pensamento de um amigo que disse: "Nunca mais será lançado um filme de desastre natural que não seja em cinema 3D, e o estúdio que lançou o 2012 deve estar arrependido até o fundo da alma por não ter esperado um pouco pra soltar o filme em 3D". Concordo plenamente!!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Robin Hood - 2010 (nota 7)

Vou confessar que não achei que gostaria desse filme. Talvez por ser mais um com a nova mania de Hollywood de tentar transformar histórias clássicas ou personagens tradicionais em algo mais "real", ou o fato que todos os trailers pareciam muito com Gladiador. Seja como for, o resultado final é bem mais interessante do que o esperado e me agradou bastante. Felizmente a similaridade com Gladiador está somente no visual do filme e nas cenas de batalha, o resto da história é bem construída.

As atuações estão muito boas, todos os atores já bem conhecidos como Russell Crowe e Cate Blanchet e suas habituais competências para viver quaisquer papéis. A direção de Ridley Scott também na mesma habitual competência. O visual do filme é bem caprichado, com locações que nos remetem a florestas da Inglaterra, que acompanhado por um figurino de época dão muito bem o tom deste épico.
O enredo, como já escrevi acima, tenta contar a história "real" por trás do lendário personagem Robin Hood. Achei muito interessante como mesclaram esse enredo real com elementos clássicos. Por exemplo, não esperem o triunfal retorno rei Ricardo Coração de Leão para salvar o dia, mas podem contar com a presença do Little John, Frei Tuck e o Cherife de Nottingham. E este último não é o habitual vilão do filme, mas uma mera peça numa conspiração muito maior. Outra coisa é mania nos filmes atuais é a valorização das mulheres fortes e independentes, portanto a Lady Marion não é uma donzela em perigo, mas sim uma mulher forte e guerreira.

E como não poderia deixar de ser neste tipo de filme, ao final temos uma grande batalha de exércitos (algo fora do comum em filmes do Robin Hood), com direito a discurso motivacional e tudo o resto que se espera. No final o resultado agrada bastante, mas se não fosse um filme com o título Robin Hood, daria na mesma.

Como Treinar o Seu Dragão (nota 8)

O que mais gostei desse filme é perceber que a Dreamworks tem criatividade o suficiente pra não depender mais de continuações desnecessárias do Shrek. Tá certo que o ogro verde foi muito bem nos dois primeiros, mas já deu no saco, certo? Mas vamos falar do filme em questão, Como Treinar o seu Dragão é uma história típica de animações, sem muitas surpresas. Tem todos os elementos padrão que sempre agradam, como o filho desajeitado que não se encaixa com o resto da tribo, que não se comunica com o pai corretamente e que faz algo totalmente fora do padrão para se tornar o herói.

Mas esse filme realmente me agradou na forma que ele é conduzido, mesmo dentro deste enredo padrão, ele desenvolve muito bem os acontecimentos de forma interessante. E não tem como não gostar dos personegens devido ao enorme carisma que demonstram na tela. O crescimento e fortalecimento da amizade entre o magrelo Soluço e dragãozinho Banguela é divertidíssima de acompanhar. O dragão negro Banguela consegue expressar sentimentos incrivelmente humanos. Todos os personagens secundários são muito bem trabalhados, com ótimas interpretações de vozes por atores reconhecíveis.
E nem preciso dizer que a animação está excelente. O visual dos vikings é incrivelmente detalhado com texturas muito impressionantes, e as cenas de ação e voo dos dragões são muito bem resolvidas. Só tem uma coisa que realmente não fez sentido pra mim na dublagem original dos personagens. Se são todos vikings, ou seja, no mínimo deveriam ter sotaque nórdico, porém todos os adultos tem sotaque escocês!!! Puta coisa estranha, e é claro que as crianças do filme tem sotaque americano, mas não serei chato pra pentelhar sobre isso. Fica aí a dica de uma ótima animação.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Esquadrão Classe A (nota 8)

Sinceramente, não lembro nada desta séria dos anos 80. Eu nunca acompanhei, então nem vou tentar fazer nenhuma comparação. Mas o que posso dizer do filme é que ele é absurdo, impossível, exagerado e acima de tudo, incrivelmente divertido. Sério mesmo, é legal ver como os realizadores do longa sabiam que tinham um produto nas mãos que não precisa seguir nenhum padrão de realismo e abusaram das cenas absurdas e mirabolantes, mas tudo feito de uma forma que não se leva a sério demais, transformando a experiência em entretenimento puro.
Então prepare-se para acompanhar as missões do quarteto interpretado pelos atores Liam Neeson, Bradley Cooper, Quintom "Rampage" Jackson e Sharlto Copley. Os quatro tem uma química divertidíssima e funcionam perfeitamente como conjunto, sem destaque maio pra ninguém. O humor entre eles é constante, principalmente nos intervalos entre missões, mas quando a ação começa, por mais absurda que seja, eles sempre acham uma saída genial. Dou destaque especial para a cena retardada do tanque de guerra "voando". Quem viu sabe do que estou falando.

Certamente é um filme pra desligar o cérebro. Qualquer pensamento mais realista vai estragar a diversão. Portanto aproveite sem chatice que vale a pena.

Dupla Implacável (nota 7)

O grande problema destes filmes com nomes totalmente genéricos em suas traduções para português é que você não faz a menor idéia do que esperar, e as vezes pode acabar passando longe de algo interessante. Eu mesmo demorei bastante pra me convencer a alugar este Dupla Implacável (viu? nome genérico no melhor estilo Sessão da Tarde com seus Uma turma do Barulho, ou Deu a Louca...) e acabei me deparando com um filme interessante. Não é nada que vai mudar a sua vida, mas certamente vai divertir.
Este filme, escrito e apadrinhado por ninguém menos que Luc Besson, tem de ação constante e muita testosterona começa a ganhar velocidade muito rápido, não tem enrolação e logo já nos vemos em meio ao primeiro tiroteio. E acredite, o careca da foto é John Travolta, num dos papeis mais "Bad Ass" de sua carreira. Ele mata, espanca, explode, e ainda arranja um tempo pra uma trepada com uma francesa, ou seja, é um filme de ação pra macho. Seu parceiro novato, interpretado por Jonathan Rhys Meyers representa um lado mais ponderado da dupla. Apesar de parecer meio estranha, a dinâmica entre os dois funciona muito bem na tela.

A trama é passável. Não é nada novo, mas é suficientemente atraente pra te manter entretido. O momento "kinder ovo" do filme é bastante previsível, mas para um filme de ação pura tá bom demais.

sábado, 25 de setembro de 2010

Sessão da Tarde

A idéia deste post um pouco diferente do habitual deste blog me surgiu após alguns domingos que eu e a Ju começamos a rever filmes mais antigos, considerados "clássicos" por nós. E acabei percebendo que infelizmente é um pouco difícil rever filmes que eram idolatrados por nós na infância. São várias as emoções que isso pode provocar, seja alegria, saudade, frustração, etc. Mas vou explicar melhor isso com exemplo depois.

Todo mundo sabe que quando se assiste um mesmo filme pela segunda vez a experiência é totalmente diferente. Seja pelo fato de já se saber o que vai acontecer, seja pelo fato de não existir mais o elemento surpresa, ou por que prestamos muito mais atenção a pequenos detalhes que antes nos passaram desapercebidos, cada vez que repetimos um filme, muda a forma como o vemos. É óbvio que em casos extremos como ver Star Wars Episódio 5 - O Império Contra-Ataca pela 50ª vez dificilmente trará algo novo, mas nerd é nerd.
Mas aí você se depara com a oportunidade de rever um filme que faz pelo menos uns 15 ou 20 anos que não via. É aí que o bixo pega!! E recomendo muito cuidado ao escolher qual filme você escolheu pra matar a saudade, pois pode acabar arruinando a produção pra você pro resto da sua vida. Tá certo, estou exagerando um pouco, mas é quase isso.
Vou exemplificar melhor com as minhas próprias experiências. Numa noite de domingo resolvemos rever o incrível De Volta Para o Futuro. Por incrível que pareça fazia MUITO tempo que eu não via este do começo ao fim direto, e o filme continua incrível. Parece que ele não envelheceu nada, com exceção da música dos anos 80 e alguns poucos efeitos especiais datados, a experiência de revê-lo não poderia ter sido melhor, sendo que peguei alguns detalhes que nunca tinha percebido antes. É o resultado foi uma vontade incontrolável de rever as partes 2 e 3, que foram igualmente divertidas de rever.
Agora algo um pouco mais difícil foi ver Tron - Uma Odisséia Eletrônica. Eu adorava este filme, mas ele ficou muito datado. Não tem como não se sentir incomodado pelos efeitos digitais muito antigos. O enredo continua interessante, mas toda a tecnologia está tão diferente que fica complicado relevar. Algo parecido aconteceu com Os Goonies, mas problema não está no visual antigo, mas sim no enredo muito voltado para o público infanto-juvenil. Percebi que as situações eram tão bobas que não dava pra rever o filme sem ficar analisando a veracidade de tudo aquilo. É claro que quando criança eu idolatrava este filme, mas o fato de revê-lo agora estragou um pouco a lembrança que eu tinha dele. Porém mesmo que Tron e Goonies não tenham sido tão divertidos de rever, eles certamente trouxeram a lembrança de outros tempos mais fáceis e inocentes, e invariavelmente me peguei sorrindo.
Outro exemplo é o filme Karate Kid. Com o recente remake nos cinemas, alguns canais de tv a cabo reprisaram diversas vezes. Este já foi um pouco estranho, pois além de fazer muito tempo que não o via, hoje tenho conhecimento em treinamento de artes marciais que não tinha quando criança, então imaginei que odiaria a experiência. Porém, apesar de achar o visual do filme muito datado, a mensagem ainda é incrivelmente atual, e apesar dos treinamentos de combate do Sr. Miyagi serem fora do que se espera ver hoje em dia, o lado filosófico da arte marcial que ele passa é perfeito. Fiquei muito satisfeito em rever e perceber que este longa não foi a decepção que eu esperava encontrar.

E aí, o que acham? Alguém discorda, concorda? Achou tudo baboseira? Comente, ficarei feliz em saber outras opiniões.