terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mary & Max (nota 9)

Mary e Max - Uma amizade diferente (subtítulo em português), uma produção Australiana que pode enganar muito num primeiro momento. Esta animação em stop-motion com bonecos simples e até certo ponto mal feitos, definitivamente não é para crianças, e na capa do DVD está estampada esta recomendação. Com um enredo forte, humor para adultos, e emoções fortes e verdadeiras que fazer esquecer que se tratam de bonecos, é difícil não se emocionar com esta história de amizade.

Mary é uma menininha australiana com sérios problemas de auto estima, sem amigos e com uma família distante que encontra no seu amigo por correspondência sua única forma de amizade, desabafo e fonte de respostas para dúvidas. Este amigo é Max, um homem de meia idade de Nova York, com sérios problemas de relacionamento com outras pessoas, e com distúrbios que o fazem não compreender o mundo a sua volta.

A amizade dos dois cresce conforme as cartas são trocadas, e acompanhamos o solitário diálogo escrito de ambos, criando cada vez mais uma empatia por esses adoráveis personagens incrivelmente profundos. A fotografia é espetacular. Como escrevi acima, até certo ponto parece ser mal acabado, mas no final se revela como uma escolha estética para a representação dos mundos de Mary e Max. Enquanto a Autrália de Mary tem tons marrons e laranja, a Nova York de Max é cinza e escura, com cores pontuais. Não se trata da mesma sofisticação da animação de Coraline ou do Fantástico Sr. Raposo, mas cumpre muito bem o papel.

Uma história realmente emocionante que não deve deixar de ser conferida pelos apreciadores do bom cinema. Duvido conseguirem segurar as lágrimas ao final do filme.

Uma Noite Fora de Série (nota 8)

Está aí um filme que cumpre exatamente o que é prometido no trailer e na capa. Simples e muito divertido, essa comédia de ação estrelada pela hilária dupla Steve Carell e Tina Fey vai te fazer rir com as piadas, com as situações estranhas ou com vergonha alheia, e até alguns momentos de muita ação e correria. Está tudo lá na quantidade certa, sem exageros.

O casal formado por Carrel e Fey é a melhor coisa do filme. Não acho que funcionaria tão bem se fossem outros atores. Os dois tem uma capacidade incrivel de improvisação e de fazer rir. A melhor prova sãos os erros de gravação exibidos após os créditos. Eles interpretam um casal que se coloca numa situação perigosa quando roubam a reserva de outro casal num restaurante em NY e são confundidos com bandidos. O elenco de apoio conta com bons nomes, em especial uma rápida e divertida participação de James Franco e Milla Kunis.

Para aqueles que procuram um filme para passar duas horas agradáveis e sem grandes compromissos, esse filme é a escolha certa.

Simplesmente Complicado (nota 6)

O trio principal que forma a espinha dorsal deste filme é sua grande atração. Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin estão incríveis em seus papéis, e a interação entre eles é muito divertida. O enredo trata de um casal divorciado (Streep e Baldwin) que se vê tendo um caso, mesmo que o marido tenha se casado novamente com outra mulher mais nova, e a esposa começa a se interessar por outro homem (Martin).

Não se trata de uma comédia romântica tradicional, tem algumas diferenças sutis, mas que no final acaba caindo no mesmo caminho das outras. Tem algum poucos momentos de dar gargalhadas, mas na maioria as situações cômicas são suaves, sobrando um pouco de espaço pro drama familiar. O filme agrada, mas não empolga.

O Primeiro Mentiroso (nota 7)

Ricky Gervais é a mente doentia por trás da criação do melhor seriado cômico da atualidade, The Office. Ele criou e estrelou a versão original inglesa da série, e é produtor da versão americana, que me faz ter dor na bochecha de tanto rir com as situações absurdas e com a vergonha alheia que acontecem no escritório mais improvável do mundo. Com isso em mente aluguei este filme onde Gervais dirige, escreve e atua, e até que me diverti bastante, mas não tanto quando o esperado.

O enredo trata de um mundo numa realidade alternativa onde os humanos nunca desenvolveram a habilidade de mentir. Todos dizem a absoluta verdade o tempo todo, não importa o quanto desagradável, rude ou constrangedor possa ser essa verdade, todos simplesmente cospem as palavras o tempo todo, mesmo que não seja nada perguntado. Porém quando o personagem de Gervais se encontra sem emprego e com sérios problemas financeiros, num instante ele desenvolve a habilidade de mentir, e como ninguém consegue identificar uma mentira, acreditam em tudo que ele diz, não importa o quando absurdo seja. É até esse momento no filme que surgem as melhores piadas e se trata de uma comédia pura. Porém, de um certo ponto pra frente o humor começa a dar espaço pro romance e até pro drama, e as mentiras começam a tomar um rumo muito perigoso.

Conhecendo o estilo de Gervais, eu esperava um filme um pouco diferente do que ele realmente é, mas de um modo geral é muito melhor do que muitas comédias bobas que são lançadas atualmente. As gargalhadas acontecem na maioria na primeira metade do filme, perdendo força na segunda, dando lugar a uma comédia romântica.

A Estrada (nota 7)

É complicado comentar uma adaptação de livro. Todas as adaptações para o cinema sempre perdem algum, ainda mais quando se trada de uma adaptação de livro. Fica ainda mais complicado quando o livro ainda está fresco na memória, e foi isso que me atrapalhou para ver este filme. Eu o ví apenas 2 dias após terminar de ler o excelente livro homônimo de Cormac McCarthy. Talvez eu tivesse gostado mais se não conhecesse o livro, então infelizmente minha crítica vai ficar muito baseada na comparação das duas mídias.

A Estrada se trata de um filme pós-apocalíptico de sobrevivência humana. Mas não é uma sobrevivência onde há alguma esperança do reaparecimento da humanidade. Esta esperança já desapareceu muito antes de começarmos a acompanhar a sobrevivência de um homem e seu filho, que nasceu após a destruição do mundo e só conhece aquela paisagem cinza e sem vida. O homem protege o menino de tudo, pois ele é sua única razão para persistir nessa sobrevivência teimosa.

Enquando no livro acompanhamos dia a dia a viagem dos dois para o sul tentando fugir do frio, numa lenta viagem explorando cada lugar que possa oferecer abrigo e mantimentos para sobrevivência, no filme tudo acontece muito rápido. Perde-se a sensação de aprendizado do menino. E os encontros com outros humanos "do mal" são adiantados em nome de um melhor ritmo para o filme. Entendo a necessidade disso, pois se fosse exatamente como no livro, ninguém aguentaria acordado a primeira meia hora. Mas mesmo assim, entendo que foi uma ótima adaptação para as telas.

O elenco é pequeno. Em 90% do tempo de tela temos somente o homem, em mais uma ótima interpretação de Viggo Mortensen, e o menino, em boa interpretação do desconhecido Kodi Smit-McPhee. A fotografia retrata muito bem a descrição do livro, com muito cinza, destruição e corpos espalhados pelo caminho dos viajantes. Só achei que faltou mais neve nos cenários. Em comparação a outro filme pós-apocalíptico recente, O Livro de Eli, este não tem ação nem vilões tradicionais, mas é uma ótima história de sobrevivência.

Tá rindo do quê? (nota 4)

Judd Apatow surgiu como o novo rei da comédia de Hollywood com o ótimo Virgem de 40 anos, e desde então emendou um novo sucesso após o outro, seja como diretor, escritor ou produtor de seus filmes. Porém em Tá rindo do que?, dirigido e escrito por Apatow, ele errou feio na mistura de humor e drama, resultando no seu pior filme até o momento.

Estrelado por Adam Sandler e Seth Rogen o filme trada de um comediante de sucesso no cinema e nos palcos de stand-up (Sandler) que está com uma doença incurável e se vê a beira da morte. E ele é na vida real totalmente diferente do que demonstra nos seu trabalho no mundo da comédia. Solitário, grosseiro, sem tato nenhum com pessoas, ele contrata um assistente e aspirante a comediante (Rogen) para organizar sua vida até o momento de sua morte. Porém uma cura alternativa pode mudar tudo.

E aí que o filme se perde. Enquanto os rápidos flashes dos shows de stand-up são muito engraçados, o resto do filme é meio deprimente e chato, com um baita de um desvio da comédia nos últimos 30 min de filme. Parece até que emendaram dois pedaços de roteiro diferentes num só. Só sei que não funcionou muito pra mim, fique com as outras comédias do diretor, como Segurando as Pontas e Ligeiramente Grávidos.

A Caixa (nota 6)

Cuidado ao tentar ver este filme. Não é um filme fácil de ver, é muito estranho, confuso e não trata o espectador como burro explicando tudo da forma mais mastigada possível. E na minha opinião está aí o seu grande mérito. Mais uma obra estranha do controverso diretor / escritor Richard Kelly, responsável pelo estranho mas divertido Donnie Darkko, e pelo estranhíssimo - e chato - Southland Tales, e este filme não foge do estilo do diretor.

Podemos dizer que este filme de mistério / ficção científica / triller psicológico tem muito mais história escondida do que é realmente mostrado, mais ou menos como a série LOST. E enquanto ficamos esperando que tudo seja revelado, o filme toma um rumo muito diferente e sobram dúvidas e explicações não resolvidas. E com isso, podem surgir inúmeras discussões filosóficas que não vou começar a escrever pra não estragar a surpresa de quem quer ver o filme.

Com um bom elenco e boas atuações (Cameron Diaz, James Marsden e especialmente do Frank Langella) este filme bizarro pode agradar a alguns, ou mais provavelmente pode irritar a grande maioria do publico que só quer uma diversão mais fácil. Mérito do diretor em ser macho o suficiente pra bancar este filme vindo de sua mente perturbada.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Origem (nota 9)

Este filme me dá um nó na cabeça. E não é confusão causada pelo ótimo e original enredo escrito pelo brilhante diretor e escritor Christopher Nolan. O problema vem justamente da incrível expectativa que eu tinha sobre esse filme após os intrigantes trailers que divulgavam pouquíssima informação, nos brindando com cenas estranhas e fantásticas. A expectativa era tanta quem eu nem tinha visto o filme e já estava dando nota 10 para ele, e mesmo que a nota 9 seja ótima, isso demonstra que não correspondeu a tudo que eu esperava. Não me entenda mal, é um puta filmaço legal pra cacete, mas é muito difícil fazer frente a expectativa criada... fazer o que?
Cobb e Arthur, muito bem interpretados com a competência habitual por Leonardo DiCaprio e Joseph Gordon-Levitt, são ladrões especializados em roubar informações entrando no sonho das pessoas. E isso é tudo que vou dizer a respeito do enredo, quanto menos souber mais interessante fica o filme, conselho de amigo. E é justamente desses mundos de sonhos que surgem as situações estranhas em lugares fantásticos que desafiam as leis da física. É aí que fica minha única crítica ao filme. Já que se trata de um mundo onde tudo é possível, o mundo é muito certinho. Faltam mais imagens bizzaras e situações absurdas que geralmente povoam nossos sonhos. Mais parece um passeio na Matrix do que num mundo onde tudo vale. Mas essa foi a opção do roteiro, então vamos em frente. O resto do filme tem o estilo de filmes de roubo, com muito planejamento e é claro, execução do roubo em sí.
O elenco está recheado de rostos conhecidos,como Ellen Page, Cillian Murphy, Tom Berenger, Marion Cotillard, Michael Cane, Ken Watanabe, todos muito bem em seus papeis. A direção sólida de Nolan, a contagiante trilha sonora e o enredo complicado, mas muito bem amarrado, prendem a atenção o tempo todo. Não dá pra desgrudar os olhos da tela até o clímax final, que vai se esticando conforme todas as peças vão se encaixando. São quase 2:30h de filme que passam voando. A última cena do filme é impagável, daquelas de deixar todo o cinema comentando durante os créditos.

Um dos melhores filmes do ano sem dúvida, não pode deixar de ser visto por nenhum apreciador de bom cinema, de uma originalidade e criatividade de primeira linha. Mais um presente do Nolan, que já nos trouxe outras incríveis obras como Batman Begins, Batman - Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque e Amnésia.

P.S.- Vimos este filme numa pré-estréia exclusiva graças a uma promoção que ganhei no site do www.omelete.com.br. Agradeço ao Omelete por essa oportunidade.

Ilha do Medo (nota 10)

É difícil Martin Scorsese decepcionar, e depois de ganhar o Oscar com o excelente Os Infiltrados, a expectativa era grande. E ele não decepcionou. Ilha do Medo é um incrível triller psicológico que faz até o espectador duvidar de sua própria sanidade.

Teddy e Chuck, interpretados por Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo respectivamente, são dois detetives que vão até a ilha Shutter, uma pequena ilha que serve de hospital psiquiátrico, para investigar um misterioso desaparecimento de uma das pacientes. Durante sua investigação, o Dr. Cawley, interpretado por Ben Kingsley, os auxilia mas ao mesmo tempo parece esconder informações importantes, levantando ainda mais suspeitas.

As interpretações estão excelentes, com destaque para DiCaprio. Faz tempo que ele está merecendo um Oscar, e sua interpretação neste filme somado ao A Origem, devem render uma indicação. A direção está na medida certa, e um enredo bem construido, sabendo nos intrigar, nos confundir e em momentos questionar a própria sanidade, faz deste um dos melhores filmes do ano.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alice no País das Maravilhas (nota 6)

Sabe aquele tipo de filme que antes mesmo de vê-lo você quer gostar dele, e durante o filme você se esforça pra continuar tentando gostar dele, mas que no final das coisas, algo nunca permite que você finalmente esboce um sorriso? Poisé, foi assim que me senti durante a estréia de Star Wars Episódio I - A Ameaça Fantasma. Todo o meu fanatismo e minha nerdisse me obrigavam a gostar do filme, mas no final das contas, foi uma bosta. Em Alice no País das Maravilhas foi quase isso, obviamente que guardadas as devidas proporções e fanatismos nerds à parte.

Eu gosto muito da maioria dos filmes do cineasta Tim Burton, mas não sei o que aconteceu aqui. Das marcas registradas do diretor tudo está presente: o tradicional visual sombrio, com arvores retorcidas, roupas coloridas e excêntricas, presonagens esquisitos, Helena Bonham Carter, Johnny Depp e a trilha sonora de Danny Elfman. Porém o mais importante de um bom filme, que é o roteiro, é muito fraco e força situações que não condizem com o que eu esperaria de um filme baseado na personagem de Alice. Só pra deixar claro, o filme não é exatamente uma refilmagem da clássica animação da Disney, mas sim uma "quase" continuação.
Não me entendam mal, não estou dizendo que odiei o filme, pois o mesmo tem qualidades ótimas, como o incrível visual deste mundo estranho. Porém achei um pouco exagerado o uso de animação por computador, e também achei alguns ângulos de câmera muito forçados, talvez por causa do 3D (vi em 2D mesmo). Mas o enredo é muito fraco, até o sempre competente Johnny Depp está meio sem graça. É isso, sei que o filme teve uma arrecadação absurda, mas não entendo de onde veio tanto fanatismo pelo filme.