terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Estrada (nota 7)

É complicado comentar uma adaptação de livro. Todas as adaptações para o cinema sempre perdem algum, ainda mais quando se trada de uma adaptação de livro. Fica ainda mais complicado quando o livro ainda está fresco na memória, e foi isso que me atrapalhou para ver este filme. Eu o ví apenas 2 dias após terminar de ler o excelente livro homônimo de Cormac McCarthy. Talvez eu tivesse gostado mais se não conhecesse o livro, então infelizmente minha crítica vai ficar muito baseada na comparação das duas mídias.

A Estrada se trata de um filme pós-apocalíptico de sobrevivência humana. Mas não é uma sobrevivência onde há alguma esperança do reaparecimento da humanidade. Esta esperança já desapareceu muito antes de começarmos a acompanhar a sobrevivência de um homem e seu filho, que nasceu após a destruição do mundo e só conhece aquela paisagem cinza e sem vida. O homem protege o menino de tudo, pois ele é sua única razão para persistir nessa sobrevivência teimosa.

Enquando no livro acompanhamos dia a dia a viagem dos dois para o sul tentando fugir do frio, numa lenta viagem explorando cada lugar que possa oferecer abrigo e mantimentos para sobrevivência, no filme tudo acontece muito rápido. Perde-se a sensação de aprendizado do menino. E os encontros com outros humanos "do mal" são adiantados em nome de um melhor ritmo para o filme. Entendo a necessidade disso, pois se fosse exatamente como no livro, ninguém aguentaria acordado a primeira meia hora. Mas mesmo assim, entendo que foi uma ótima adaptação para as telas.

O elenco é pequeno. Em 90% do tempo de tela temos somente o homem, em mais uma ótima interpretação de Viggo Mortensen, e o menino, em boa interpretação do desconhecido Kodi Smit-McPhee. A fotografia retrata muito bem a descrição do livro, com muito cinza, destruição e corpos espalhados pelo caminho dos viajantes. Só achei que faltou mais neve nos cenários. Em comparação a outro filme pós-apocalíptico recente, O Livro de Eli, este não tem ação nem vilões tradicionais, mas é uma ótima história de sobrevivência.

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