sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

*TOP5! Melhores Filmes de 2011

Com mais um ano terminando, é chegada a hora de fazer mais uma vez a listinha dos filmes que mais agradaram no ano que passou. Mas antes, tenho que deixar claros alguns pontos: certos filmes que só foram vistos e criticados aqui no blog neste ano, mas que foram lançados no ano passado (e deveriam ter entrado na lista de melhores de 2010) também não entraram nesta lista, senão vai virar bagunça, certo? Isso vale principalmente para filmes que concorreram ao Oscar 2010, como A Rede Social, Discurso do Rei e Cisne Negro. Também vale ressaltar que esta lista reflete a minha opinião pessoal, fiquem a vontade para discordarem nos comentários.

Fui obrigado a declarar um empate aqui. Gostei muito do novo Planeta dos Macacos, achei um filme muito corajoso de ser feito da forma que ficou, e o resultado agradou muito. Kung Fu Panda 2 é uma aula de como se fazer uma continuação de uma animação, sem recorrer a mais do mesmo, entregando um divertido filme.

Um filme que infelizmente não recebeu o destaque que merecia. Com um humor genialmente estranho, "culpa" do diretor britânico Edgar Wright, e um visual original e arrojado, muitas referências a vigeogames da era dos 8 bits, ou seja, um prato cheio para a nerdaiada de plantão.

Eu tinha muito medo deste filme depois da porcaria que foi Wolverine. E sabendo que a Fox costuma atrapalhar o bom desenvolvimento dos filmes da Marvel, o medo só aumentou. Não poderia ter ficado mais feliz de estar tão enganado, o filme não só é ótimo, como é o melhor longa dos mutantes.

2º lugar: 127 HORAS
Quem poderia imaginar que um filme que se passa todo parado no mesmo lugar poderia ser tão eletrizante, assustador e emocionante? A visão do incrível diretor Danny Boyle das 127 horas heróicas que Aron Ralston passou preso entre uma rocha e um paredão se provou exatamente isso.

O último filme de Harry Potter poder não ser perfeito em termos cinematográficos, mas para os fãs do fantástico mundo de bruxaria criado por J. K. Rowling (me incluo) esse filme foi o ápice de 10 anos de filmes, e da maior série cinematográfica contínua.

É isso aí, em breve postarei as minhas apostas para o cinema em 2012.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

*TOP5! Filmes de Natal

HO HO HO, feliz natal a todos! E o nada melhor durante esta época do ano para entrar de vez no clima natalino que um bom filme de natal. Nem sempre o natal precisa ser o tema principal do enredo, mas desde que ele sirva de pano de fundo para os acontecimentos, já está valendo. Então aproveitei pra montar uma listinha com os meus filmes natalinos favoritos. E tem que aproveitar agora, pois filme de natal é insuportável em qualquer outra época do ano. Espero que gostem.

5º Lugar: Simplesmente Amor
Um filme romântico, daqueles com vários personagens e nenhuma história principal. Se passa durante o natal na Inglaterra, e conta com Hugh Grant como o Primeiro Ministro Inglês. O humor do filme também agrada bastante.

4º Lugar: Esqueceram de Mim
 Quem não se lembra de ter chorado de rir no cinema quando criança (ou adulto) com o jovem Macaulay Culkin se defendendo dos ladrões dos jeitos mais dolorosos e engraçados. Poisé, mas digo para ter cuidado, dependendo de quanto tempo faz que viu o filme, pode ser que não dê mais tanta risada assim. De qualquer forma, a memória boa é a que fica.

3º Lugar: Duro de Matar
 Nada melhor pra passar uma noite de natal do que matando terroristas num edifício em Los Angeles, certo? E foi assim que o mundo foi apresentado ao policial mais durão e eterno símbolo de herói, John McClane, vivido pelo ultimate action hero Bruce Willis

2º Lugar: Os Fantasmas Contra Atacam
 Numa das mais geniais adaptações de Um Conto de Natal, o brilhante comediante Bill Murray faz um inescrupuloso diretor de tv que obriga seus funcionários a trabalhar e gravar um especial ao vivo durante o natal, e acaba recebendo a visita dos três fantasmas, do passado, do presente e do futuro. Hilário e sem despencar para o sentimentalismo bobo, o filme não perde a qualidade nunca e vale sempre  a pena ser visto.

1º Lugar: O Grinch
Um dos personagens mais icônicos do Dr. Seuss (que nunca chegou perto de ser idolatrado aqui no brasil como é nos EUA) num filme que incorpora toda a magia do natal. E de quebra, Jim Carrey, enterrado debaixo de toneladas de uma incrível maquiagem, entrega uma atuação genial e inigualável, a não ser por seres criados por computação gráfica.

Menções Honrosas

O NATAL DE CHARLIE BROWN: Um filme emocionante de Minduin, Snoopy e sua turma.

PAPAI NOEL ÀS AVESSAS: Um bizarro filme de humor negro com direito a um papai noel bêbado, uma criança idiota, e muito palavrão.

O ESTRANHO MUNDO DE JACK: Uma incrível animação stop-motion com a cara de Tim Burton.

UM CONTO DE NATAL DO MICKEY: Mais uma ótima adaptação e Um Conto de Natal, desta vez pela Disney.

FÉRIAS FRUSTRADAS DE NATAL: Chevy Chase em plena forma numa hilária comédia.

É isso aí, espero que tenham gostado. Comentem, reclamem, dêem sugestões, elogiem, e um feliz natal a todos.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Quero Matar Meu Chefe (nota 8)

Quem nunca pensou em matar o seu chefe? Neste filme, que lembra um pouco Jogue a Mamãe do Trem, três amigos que odeiam seus chefes se juntam para tentar matar os chefes uns dos outros. O filme funciona bem, tem ótimas situações cômicas, ótimas piadas, e o melhor de tudo, ótimos personagens e viradas de roteiro. Pode não ser nada muito original, mas valem boas risadas
Os três personagens principais são bons, formados pela trinca de atores Jason Bateman, Jason Sudekis e Charlie Day, funciona muito bem, com ótimas interações entre eles, mas o que vale mesmo são os personagens de apoio, todos vividos por atores bem conhecidos do público geral. Kevin Spacey, Colin Farrel e Jennifer Aninston vivem os bizarros e hilários chefes que atormentam os personagens principais, fazendo as vidas deles um inferno. O escroto Bobby Pellit (Farrel) foi o mais sub utilizado, infelizmente, sobrando muito tempo pra Dave Harken (Spacey), o cuzão, e para a Dr. Julia Harris (Aninston), a ninfomaníaca darem show.
Jennifer Aninston dá um show à parte. A eterna Rachel de Friends sempre escolheu papéis mais seguros no cinema, geralmente a de boa moça. Foi muito engraçado a ver soltando a língua e falando muitos palavrões e se mostrando em situações indecentes. Outro que dá um show é Jamie Foxx, como o "consultor de assassinatos" Motherfucker Jones.
No final, mesmo sem ter um roteiro muito inovador, as situações são bem construídas, gerando boas risadas. Podem não ser gargalhadas histéricas, mas valem a pena.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os Pinguins do Papai (nota 5)

Um filme difícil de ser avaliado de um ponto de vista mais imparcial. Claramente feito com o espírito de "filme família", pode desagradar aos fãs de Jim Carrey e suas comédias mais adultas. Com um humor bastante infantilizado e muito sentimentalismo padrão de filme família hollywoodiano, fica aquela impressão que Jim Carrey está entrando numa fase meio "Robin Williams" de sua carreira. Espero estar errado, pois gosto muito do Robin Williams quando ele faz stand-up, ele é genial com suas improvisações, mas ninguém mais aguenta seus filmes.
O enredo nos apresenta o Sr. Popper (Carrey), um homem de negócios que sempre consegue o que quer. Separado e pai de dois, tem pouco tempo para os filhos. Seu pai foi um explorador que nunca esteve presente, o que o deixou com um trauma de infância, mas ao falecer, envia para seu apartamento uma caixa com vários pinguins. Estas aves geladas mudam a vida de Popper, ajudando na reaproximação com a família, e até mesmo no fechamento de uma importante transação comercial. Nada de novidade e que o trailer já não deixe escapar.
Mas o que me incomodou muito foi perceber que Jim Carrey estava meio fora de controle. Ele queria dar mais profundidade emocional ao seu personagem, mas ao mesmo tempo faz piadas e imitações suas que não cabem direito com o resto do filme. Além disso a personalidade de alguns pinguins é muito exagerada, como por exemplo o peidão, que solta constantemente gases.

O humor suave e o sentimentalismo padrão podem agradar muito bem o público alvo que adora filmes família, mas não passa disso.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme (nota 6)

Não vÍ o primeiro filme, Wall Street de 1987, mas não há necessidade, os filmes são tão independentes um do outro assim como são muito diferentes as épocas nas quais eles se passam. E a primeira e ótima cena da saída de Gordon Gekko da prisão já joga isso na sua cara com um telefone celular "tijolisticamente" gigantesco. Mas mesmo com toda essa distância temporal, o dinheiro ainda é a principal força em Wall Street.
Para aqueles que gostam do mundo das finanças, ações, bolsa, bancos, vão adorar o filme. Ele usa uma linguagem que não assusta aqueles que não entendem nada do assunto, mas também não deve insultar os mais experientes. E também ajuda muito o roteiro lidar com um fato histórico tão recente como pano de fundo para o desenvolvimento dos personagens, a crise financeira americana do mercado imobiliário de 2007, que afetou o mundo inteiro de forma assustadora. Mas aqui temos mais o ponto de vista dos bancos. O roteiro lida com esse fato histórico muito bem, criando situações interessantes e intrigantes, contando como muita gente ainda ganhou fortunas com as perdas dos outros, e ainda tem tempo para incluir um plano de vingança.
Mas nem tudo são maravilhas. O roteiro também tem momentos muito arrastados, principalmente quando lida com o lado afetuoso e familiar do triângulo Jake Moore, Winnie Gekko e Gordon Gekko. As tramóias financeiras de bancos e empresas são muio mais interessantes do que as relações pessoais destes personagens, que acabam ocupando muito tempo de tela e estendendo o filme além do necessário. O renomado diretor Oliver Stone perdeu um pouco a mão aqui.
Pelo menos as atuações estão ótimas. Shia LaBeouf não tem nada a ver com o pentelho gritão de Transformes, e entrega um bom jovem talento de Wall Street. Mas rever Michael Douglas em boa forma foi ótimo. Seu Gordon Gekko é charmosamente cuzão, se é que me entendem.

Se Beber, Não Case! Parte II (nota 3)

Não é segredo pra ninguém que Hollywood sabe forçar a barra quando percebe uma boa oportunidade de ganhar uma grana extra. E isso geralmente resulta em filmes caça-níquel, feitos às pressas com roteiros "express" que não agregam nada. E infelizmente uma das recentes comédias mais genias e bem sucedidas, Se Beber, Não Case! acabou gerando uma continuação muito fraca, decepcionando os fãs do primeiro filme. Uma pena.
São várias coisas que incomodam muito, como por exemplo o fato que é exatamente o mesmo filme. A estrutura do roteiro, as situações, as soluções são idênticas, porem com as piadas muito mais exageradas, de forma até desnecessária, e muito sem graça. Sério mesmo, parece que pegaram o roteiro do primeiro como "máscara" e só substituíram algumas palavras chave, como Las Vegas por Bangcoc, o que já tira boa parte da graça. Essa repetição toda cansa, deixa o filme previsível. E acreditem, conseguiram deixar o Alan ainda mais imbecil!
Mas não é essa repetição que incomoda mais. O pior ponto é que o filme é absolutamente sem graça. Exceto em uma única cena que rí mais por vergonha alheia do que outra coisa, não ri de mais nada. Nada mesmo. Muito fraco, um desperdício de algo que poderia ser tão genial como o primeiro.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Planeta dos Macacos: A Origem (nota 8)

Nunca fui muito fã da série clássica de ficção científica Planeta dos Macacos. Já ví o original e algumas das continuações, incluindo a mais recente e fraca versão do diretor Tim Burton, mas nunca me empolgou. Não sei exatamente o que me incomodava tanto, mas tenho certeza que uma dessas coisas eram as máscaras de macaco usadas pelos atores. Sempre achei aquilo horrível, e tirava a graça do filme pra mim. E também está aí um dos motivos de eu ter gostado tanto deste Planeta dos Macacos: A Origem, além de ser um ótimo filme, com roteiro na medida certa de complexidade e fechando todas as pontas, mas os seres símios digitais criados pela Weta Digital, empresa de efeitos visuais de Peter acksonJ, são incrivelmente críveis, tornando toda a experiência mais agradável.
Como o nome obviamente diz, o filme conta o começo do domínio dos símios sobre os humanos, com o surgimento do primeiro chimpanzé super inteligente, Cesar, resultado de um experimento genético em busca da cura do Mal de Alzheimer. O cientista que chefia essa pesquisa foi muito bem vivido por James Franco, cujo pai sofre dessa doença. Seu pai, vivido com maestria por John Lithgow, tem as melhores cenas dramáticas do filme, que também incluem o chimpanzé Cesar, cuja captura de movimentos foi feita com o sempre presente Andy Serkis, o eterno Gollum.
O roteiro é o grande mérito do filme e acerta em diversos pontos. Conta a história dentro de uma complexidade correta e sem explicações desnecessárias. Finalmente um filme que não trata todos os seus espectadores como burros. O as cenas de ação também estão na medida certa, com a macacada inteligente mandando muito bem nas táticas militares de combate. E quando o clima começa a esquentar, não há interrupções desnecessárias com sentimentalismos exagerados. Ainda sobra tempo para ótimas referências aos originais, para todo fã da série adorar. Raro hoje em dia, ainda mais num filme da FOX, um roteiro que mereça tantos elogios assim, mas é o caso aqui. Filmaço!

domingo, 6 de novembro de 2011

Top Secret! (nota 9)

Mais uma comédia de Jim Abrahams, desta vez com a parceria dos irmãos David e Jerry Zucker, as mentes doentias por trás de obras primas da comédia como Corra que a Polícia Vem Aí, Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, Top Gang!, e até os recentes Todo Mundo em Pânico 3 e 4. Apesar do filme ser antigo, e eu já conhecer todas as falas e piadas, foi uma ótima experiência rever o filme recentemente, pois as gargalhadas continuam garantidas com o besteirol tradicional do trio de diretores / escritores.
Pra quem não conhece, o cantor de rock americano Nick Rivers (vivido de forma incrível por Val Kilmer, com um tempo de comédia perfeito) é preso na Alemanha nazista pois foi confundido com um espião, mas nesse meio tempo ele acaba participando da resistência francesa, formada por personagens hilários como Latrine, Du Quois, Déjà Vu e Mousse de Chocolate. Como de costume, o longa satiriza diversos filmes, mas não se baseia em nenhum específico para dar o rumo a sua trama central.

O estilo de humor conhecido, e todas as piadas são ótimas e continuam funcionando muito bem. Em especial a do disfarce de vaca com galochas e manchas pretas circulares. O que notei neste filme foi um conteúdo maior de piadas sexuais, coisa que não é tão frequente nos filmes do trio de diretores.
Uma informação que encontrei, mas não consegui confirmar, foi que este filme, apesar de hoje em dia ser muito admirado, na época do seu lançamento foi considerado um fracasso tanto de crítica como de público. Vai entender. De qualquer forma, vale a pena rever para dar umas boas gargalhadas com as piadas mais bestas possíveis.

Top Gang 2! - A Missão (nota 7)

Como podem perceber pelas minhas últimas críticas eu ando com uma preferência absolutas pelas comédias. Então lá vamos nós para mais uma, que costumava ser uma das minhas comédias besteirol favoritas, mas que infelizmente perdeu o o posto. Acho que é um daqueles filmes que é melhor ficar na memória do que revê-lo. Pra tirar a cisma, terei que rever também o primeiro Top Gang! em breve.
Mais uma produção do diretor e escritor Jim Abrahams, mas desta vez sem a parceria com os irmãos Zucker, que juntos produziram outras pérolas da comédia como Top Secret!, Corra que a Polícia Vem Aí, e Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, este conta novamente com Topper Harley (Charlie Sheen, hilário!) mas desta vez numa grande sátira ao personagem Rambo, que tem que resgatar prisioneiros que tentaram assassinar Saddam Hussein (que tem um bizarro problema língua presa), e resolver seus problemas amorosos com Ramada.
Quem conhece o estilo de humor do diretor sabe exatamente o que esperar. As tradicionais piadas que acontecem ao fundo da cena, piadas de cunho sexual, escatológico e absurdas (adoro a cena que, ao ficar sem balas na metralhadora, Toper agarra com a mão um punhado de balas e as arremessa contra vários soldados inimigos que caem mortos na hora), sem contar a contagem de corpos para se tornar o filme mais sangrento de todos os tempos.
Mas não sei dizer corretamente o que foi que deu errado pra mim desta vez. Eu praticamente decorei todas as piadas, mas isso não foi problema quando revi filmes como Apertem os Cintos O Piloto Sumiu, ou Monty Python e o Cálice Sagrado, que continuaram me matando de rir. Aqui parece que as piadas perderam um pouco da graça, e me peguei rindo forçadamente em certos pontos. Uma pena, pois adorava esse filme e acabou com um gosto um pouco amargo para mim.

Mas o elenco continua fenomenal. Charlie Sheen é sempre engraçado e consegue fazer piada de cara séria como poucos. A participação de Richard Crenna como o Coronel Denton Walters, uma sátira direta ao Coronel Trautman de Rambo interpretado pelo próprio Richard Crenna é algo especial, potencializando as piadas nas quais ele está envolvido. Mas quem merece o um lugar no topo do pódio é o magistral Lloyd Bridges, interpretando um bizarro, esquecido, mutilado, e pronto pra ação presidente americano.

É lógico que não estou falando que o filme é ruim, não me entendam mal, só não consegui entender por que desta vez ele não funcionou pra mim. Se alguém teve alguma experiência recente similar, convido a deixar seu comentário.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Guia do Mochileiro das Galaxias (nota 7)

Todo nerd que se preze conhece O Guia do Mochileiro das Galáxias, a trilogia de cinco livros escrita pelo britânico Douglas Adams, e considerada a maior obra de ficção científica/comédia da literatura. E isso não é dizer pouco, os livros são geniais, com um humor ácido, sarcástico, que me fez gargalhar em alto e bom som como nenhum livro antes. Então o grande desafio do filme que adapta o primeiro livro enfrenta é fazer jus a toda essa fama, e ele ao mesmo tempo que consegue brilhantemente transpor para a tela as páginas do livro, consegue também demolir o conceito com a parte do enredo que cria além do livro, consequentemente arruinando a chance de qualquer continuação. Já explico isso melhor.
O Guia é um tipo de enciclopédia de todo o conhecimento universal em cuja contracapa estão impressas em letras amigáveis as palavras NÃO ENTRE EM PÂNICO, e Ford Prefect é um alienígena que está locado na Terra para fazer pesquisa para o guia. Seu amigo terráqueo Arthur Dent é um típico inglês que não desconfia que o planeta está prestes a ser demolido por uma raça alienígena burocrática chamada Vogons, para que seja construída uma estrada hiperespacial. Para sobreviver eles pegam carona na nave do Presidente da Galáxia, Zaphod Beeblebrox, que busca o planeta Magrathea. Essa descrição parece boba e não chega aos pés do que é O Guia, mas ajuda aqueles que não conhecem a começar a entender.
Durante toda a viagem de Arthur Dent, O Guia fornece várias explicações hilárias sobre as peculiaridades do universo. E nesse ponto o filme soube incorporar de forma incrível essas explicações, seja sobre a origem do motor de improbabilidade infinta que impulsiona a nave Coração de Ouro, a explicação sobre a criação do universo, ou todo o pensamento de uma baleia que foi materializada na extratosfera de Magrathea até seu encontro com o chão. Vale aqui transcrever as primeiras linhas do livro que já mostram a genialidade do autor:
"Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande idéia.
Este planeta tem ― ou melhor, tinha ― o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.
E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima idéia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E, então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.
Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a idéia perdeu-se para todo o sempre."
 
Como escrevi acima, o filme consegue transpor bem o humor do livro, mas falha na hora de aumentar o conteúdo na tela. Toda a história extra criada com base no romance entre Arthur Dent e Trillian, talvez para tornar o filme mais "aceitável" pelos padrões hollywoodianos dão uma boa segurada no desenvolvimento do enredo. Com isso, a conclusão do filme, que alterou completamente o final do livro, tornou impossível qualquer continuação compatível com o segundo livro, O Restaurante no Fim do Universo. A escolha dos atores está muito boa, em um especial elogio tem que ser feito para Sam Rockwell, que entregou um imprevisível e bizarro Zaphod.

No geral eu gostei do filme, mas não gostei das adições que fizeram ao enredo original. O humor inglês non-sense ácido foi mantido, e pode servir para aqueles que não conhecem os livros a se interessar e correr atrás da genial obra completa de Douglas Adams, não sem antes pegar suas confiáveis toalhas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Spaceballs (nota 8)

Sempre fui fã das comédias de Mel Brooks, e me arrisquei a rever um filme que tinha muito perigo de ser um daqueles que ficam datados demais, afinal foi filmado em 1987, a paródia, S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço (mais um título horrível nacional, título original: Spaceballs). Apesar do estilo de comédia realmente ser um pouco antigo, as piadas continuam geniais, gerando gargalhadas genuínas. Para aqueles que gostam do estilo Mel Brooks de fazer humor, é um prato cheio, apesar do meu filme favorito do ator/diretor/escritor anda ser o Banzé no Oeste (Blazing Saddles, de 1974).
Esta paródia baseada obviamente em Star Wars não se limita somente a tirar onda com os personagens e com as situações similares com a obra parodiada. Usando de muita metalinguagem, o filme abusa de brincar com os produtos de merchandising relacionados com o filme, colocando a marca em tudo, até mesmo no papel higiênico. Até a própria fita de VHS é assistida durante o filme para que os vilões saibam para onde os heróis fugiram. Genial!
Falando em genial, a paródia do temível Darth Vader é simplesmente espetacular! Escalar o baixinho Rick Moranis no papel de Dark Helmet, com um capacete gigantesco e usando uma gravata é uma piada constante, e toda cena que ele está presente é certeza de risada. Ajuda ainda mais o fato de suas falas serem as melhores e mais hilárias do filme. O mesmo já não se pode falar da escolha do canastrão Bill Pullman para o papel de Lone Starr, uma mistura dos personagens Luke Skywalker e Han Solo. Ele não consegue despertar a mesma empatia que seu parceiro Barf, vivido pelo saudoso John Candy. As verdadeiras gargalhadas mesmo ficam por conta do núcleo vilanesco formado por Dark Helmet, Coronel Sandurz e o Presidente Skroob, vivido pelo próprio Mel Brooks, que também interpreta Yogurt, a sua versão do Mestre Yoda.
É claro que coisas como efeitos especiais e sonoros ficaram datados. Ainda mais se tratando de um filme que mesmo para sua época não deve ter tido grandes orçamentos para estes quesitos. O que importa aqui é o humor, que continua afiadíssimo. Das milhares de paródias feitas em cima de Star Wars, essa certamente merece um lugar de destaque entre as melhores.

domingo, 16 de outubro de 2011

Kung Fu Panda 2 (nota 8)

The awsomness is back! O panda gordinho hiperativo favorito de todos está de volta na continuação da ótima animação Kung Fu Panda de 2008. E a boa notícia é que esta sequência não deixou a bola cair e manteve a mesma qualidade do anterior, entregando mais uma divertida animação para ser curtida por toda a família. Com muita ação, humor e um pouco de sentimentalismo, o filme acerta em todos os pontos sem exagerar em nenhum deles.
Um erro comum em continuações é não saber lidar com o que foi construído no primeiro filme. Quem conhece a história sabe que o urso panda Po foi escolhido como o Dragão Guerreiro e recebeu treinamento para derrotar Tai Lung, mesmo sendo um brincalhão e comilão gordinho, salvando o vale ao final do primeiro filme. O meu medo era que, mesmo após esse crescimento do personagem, ele voltasse no segundo ainda um bobão desajeitado, mas sabiamente as características humorísticas do personagem foram mantidas, assim como sua habilidade de lutador foi melhorada e o panda está chutando bundas como nunca nesta continuação, ao lado dos Cinco Furiosos, formando uma equipe unida na amizade e na porradaria. E as cenas de combate são incríveis.
O novo vilão é tão bom quanto Tai Lung, agora quem ameaça a existência de todo o kung fu com uma nova arma secreta é o vingativo pavão Shen, cujos movimentos de luta foram baseados nas formas de kung fu com leque de forma incrivelmente similar. Eu como praticante de kung fu, conheço as formas do leque e fique abismado com as semelhanças. Os desenvolvedores do personagem estão de parabéns. Em comparação com o primeiro, tudo foi aumentado, a escala da ação é gigantesca em certos momentos, com direito a grandes cidades e prédios sendo demolidos. Como não há mais o drama do peixe fora d'água de Po, a descoberta da origem do panda e sua verdadeira família toma a dianteira, não atrapalhando o andamento do filme e sendo lembrada nos momentos corretos, coincidentemente colocando Po novamente no centro de uma profecia.
As vozes estão ótimas, Jack Black como de costume faz ótimas dublagens, e para se juntar aos nomes conhecidos como Dustin Hoffman, Angelina Jolie, Jackie Chan, Seth Rogen e Lucy Liu, entra o vilanesco Garry Oldman para fazer a voz do pavão Shen, com a habitual competência para vilões caricatos. Fiquei surpreso que até mesmo Jean-Claud Van Damme fez uma discreta participação na dublagem.

Não tem segredo, quem gostou do primeiro vai continuar se divertindo com o segundo sem erro.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

The Warriors (nota 7)

Já tinha ouvido falar muito no cultuado The Warriors (Selvagens da Noite, no título nacional), mas não fazia a menor idéia do que tratava o filme de 1979, mas já pela data fiquei meio apreensivo de ser um daqueles filmes que não envelheceram bem, como Duna por exemplo. Tirando o visual e a música muito datados, fiquei muito satisfeito com o filme, e acabei gostando muito. Ainda não sei direito se o visual caricato e exagerado das gangues tem alguma veracidade para a época, mas tudo funciona muito bem no filme, que diverte muito ainda hoje.
Pra quem não conhece, um breve resumo do enredo: numa Nova York tomada por gangues, cada uma com seu território, um membro da gangue Riffs chamado Cyrus resolve tentar unir todas as gangues para que parem de brigar entre si, desta forma tomando conta de toda a cidade. Mas no meio de seu discurso (CAN YOU DIG IT??) ele é assassinado, e os membros da gangue Warriors, de Cone Island são injustamente acusados, sendo então perseguidos por todos, incluindo a polícia. Então acompanhamos o longo trajeto dos Warriors por Nova York, tendo que atravessar muitos territórios de gangues inimigas para chegar em casa, e eles estão muito longe de Cone Island.
O que me surpreendeu no filme foi a narrativa. A história é contada de forma redondinha, sem excesso de explicações e sem falhas na continuidade. E conforme os Warriors vão ganhando terreno, a informação sobre sua caçada vai sendo contada numa rádio para que todas as gangues saibam onde eles estão. E mesmo sem nenhuma coreografia avançada de combate como temos hoje, as lutas são cruas e bastante realistas, onde os Warriors, estando em menor número, sabem sempre lutar com estratégia. E até mesmo algumas câmeras lentas são empregadas nos momentos certos, recurso hoje em dia utilizado à exaustão em filmes de ação.
Um estaque especial tem que ser dado para os nomes e as roupas de cada gangue. Ainda não consegui concluir se é ridículo, ou exageradamente genial, mas ver vários membros das mesmas gangues usando roupões, coletes de couro, jardineiras, roupas de basebol e caras pintadas (Os Basebal Furies são os mais ridículos), boinas de couro, entre outras coisas bizarras, é ao mesmo tempo curioso e engraçado. Os diálogos são recheados de gírias da época, mas são interessantes, não chegam a incomodar. O status cult que o filme recebe é merecido, pois conseguiu me divertir muito, sem que eu notasse a idade do filme.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pulp Fiction (nota 10)

Como eu já havia admitido na crítica do Kill Bill, apesar da vergonha de assumir isso, eu nunca tinha visto Pulp Fiction. Felizmente, essa terrível falha na minha "carreira" de fã de Quentin Tarantino foi finalmente corrigida. Ficou óbvio que eu estava perdendo um filmaço com todas as características que fazem os filmes de Tarantino serem tão bons, e não acredito que levou tanto tempo para eu apreciar esta obra prima. Agora o círculo está completo, antes eu era apenas um aprendiz, agora sou um mestr.... err... quer dizer, agora o círculo está completo, conheço todas as obras do diretor, sem faltar nada.
Não vou ficar repetindo aqui tudo que já foi escrito aos montes durante os anos sobre este longa, mas vou sim elogiar novamente aquilo que sempre considerei o grande diferencial do diretor: os diálogos! É claro que temos as habituais cenas de humor doentio que geralmente envolvem uma morte bizarra e sangrenta, ou a história contada de forma não linear, ou os encontros estranhos e reviravoltas do roteiro, mas os diálogos são sempre o que mais chama a atenção. Como sempre o diretor consegue extrair atuações incríveis de seus atores, e o roteiro entrega a estes falas inspiradas. É um prazer assistir duas pessoas conversando sobre absolutamente nada relevante com a cena que seguirá ao fim do diálogo.
E dá pra entender por que esse filme ressuscitou a carreira de John Travolta, e colocou definitivamente Samuel "Bad Mother Fucker" Jackson entre os grandes atores de Hollywood. Os dois estão espetaculares, e até o sempre canastrão Bruce Willis (mesmo assim sempre fui fã do eterno John McClane) manda muito bem. O humor negro de sempre me fez rir escandalosamente de um tiro acidental explodindo um cérebro dentro de um carro. A trilha sonora, ótima como sempre, na época, conseguiu transformar a surf music Miserlou de Dick Dale na "música do Pulp Fiction". Resumindo, uma obra prima!

Só um detalhe, apesar de ter adorado Pulp Fiction, ainda considero Kill Bill minha obra favorita de Tarantino.