quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Duna (nota 3)

Sou um grande fã ficção científica, não só de filmes e séries, mas principalmente de livros. Gosto muito de ler, e sei que é vergonhoso alguém que se descreve da forma que escrevi acima nunca ter lido Duna de Frank Herbert, uma das mais conceituadas obras de ficção científica da literatura. Para reparar isso, pedi e ganhei o livro de presente no meu aniversário, e após alguma enrolação para começar a ler, não consegui mais desgrudar do livro. Hoje mesmo terminei a espetacular leitura, adorando cada página lida, e por pura curiosidade de saber como foi a adaptação para o cinema, ví o filme Duna (1984) dirigido pelo estranho David Lynch. A experiência não poderia ter sido pior, infelizmente.
É óbvio que não podemos comparar uma adaptação cinematográfica com o livro original. Tenho plena consciência que muitas alterações tem que ser feitas, não é a toa que se chamam adaptações. Porém existem formas certas de se fazerem estas adaptações de um jeito que não desrespeite a obra original e não desagrade aos fãs. Um dos melhores exemplos é a trilogia Senhor dos Anéis que fez enorme sucesso no cinema, ou mesmo Watchmen, que foi incrivelmente fiel, mas foi obrigado a fazer uma alteração gigantesca na sua conclusão em nome da narrativa nas telas, e que particularmente me agradou bastante. Em Duna, a adaptação falhou miseravelmente por duas razões: uma foi a cópia extremamente fiel de certas passagens, que não funcionam tão bem na tela, ficando muito aquém  da forma que são ótimas nas páginas e na imaginação do leitor. A outra foi a exclusão de passagens importantíssimas que mostram crescimento do personagem Paul Muad'Dib, e os motivos pelo qual ele é considerado um grande guerreiro e se torna o grande líder dos fremen. Além disso, a inclusão no filme de uma arma controlada pela vóz tirou todo o charme das lutas corporais com facas no livro. Muitas passagens do livro são pensamentos complexos e visualizações de pequenas nuances, ou previsões complexas de futuros, fruto de consciências elevadas pela especiaria, e a inclusão destes pensaments na forma de narrativa faz o filme parar, além de ser muito estranho.
Mas não é só isso. O filme envelheceu muito mal, ficou extremamente datado. São várias coisas de denunciam esse problema, sendo o principal problema os péssimos efeitos especiais datadíssimos. As montagens das espaçonaves em suas viagens espaciais e o design das mesmas é horroroso para os padrões de hoje, juro que tentei me desvenciliar dessa visão atual, mas foi impossível. A trilha sonora não ajuda nada também. Além disso as atuações estão muito ruins, me senti vendo novela mexicana em diversos diálogos. A montagem do filme ficou muito estranha, além das passagens importantes do livro suprimidas, muitas cenas foram coladas uma numa sequência que não faz sentido, apressando demais o ritmo do filme.
Resumindo, se você nunca viu o filme, não vai fazer falta. Mas se quer conhecer uma história incrível num universo detalhadíssimo e que te suga para dentro, fruto de uma imaginação comparável à de Tolkien, não deixem de ler o livro.

Nenhum comentário: