domingo, 17 de fevereiro de 2013

Argo (nota 9)

Quem diria que o canastrão do Bem Affleck se tornaria um diretor tão talentoso? E com grande risco de ganhar o Oscar de melhor filme? Só não vai ganhar o de melhor diretor, pois a Academia fez a cagada de não indicá-lo. Todos os prêmios até agora (Globo de Ouro, SAG, etc) o premiaram como melhor diretor, mas o Oscar tem sempre que dar alguma mancada, vai entender.

De qualquer forma, o que vale mesmo é a qualidade do filme, e estamos falando de um filmaço baseado em fatos históricos reais. Em 1980 no Irã, durante a Crise dos Reféns, quando a tomada da embaixada americana por uma massa furiosa, e 6 diplomatas conseguem fugir e se escondem na casa do embaixador canadense.

Bem Affleck interpreta Tony Mendez, um agente secreto da CIA especializado em resgates difíceis como este. E o plano que bolam envolve uma produção falsa de filme hollywoodiano, uma imitação barata de Star Wars, e posa de produtor em busca de locação no Irã. É interessante como o filme ao mesmo tempo faz uma homenagem e também critica a indústria do cinema hollywoodiano.

É incrível saber que essa história é verdadeira, e os detalhes são mais impressionantes ainda. Nos dias de hoje, muitas das coisas que acontecem são impensáveis, mas em 1980 as coisas eram bem diferentes. E mesmo sabendo o que vai acontecer no final, o filme consegue proporcionar ao espectador uma sensação de perigo constante e tensão incríveis. Nunca fiquei tão tenso em ver uma cena que mostra uma fila num aeroporto.

As atuações do filme estão ótimas. Bem Affleck se superou, mas o elenco todo está incrível, em especial John Goodman, Bryan Cranston e Alan Arkin. O desenrolar da trama tem um ritmo perfeito e as 2h de filme passam voando. E a cereja no bolo é ver ao final, junto com os créditos, algumas fotos reais da época e como elas foram recriadas nas cenas à perfeição, fazendo cair a fixa de quem ainda não tinha se ligado do qual real foi o perigo que estas pessoas passaram.

Se tudo correr bem, espero que este leve a estatueta de melhor filme no Oscar. Será muito justo. Argo fuck yourself!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Operação Invasão (nota 7)

Um filmão de ação imperdível para os fãs do gênero. Este filme Indonésio tem tudo o que um ótimo action flik precisa: tiroteio de qualidade, pancadaria de qualidade, pouca enrolação e enredo simples.

O enredo até e bem parecido com o do Dredd: um esquadrão de policiais invade um prédio dominado por um bandidão distribuidor de drogas, mas as coisas se complicam e antes de 25 min de filme mais da metade dos policiais é morto, e dentre os que sobraram está o novato Rama, que deixou sua esposa grávida em casa.

O resto do filme não tem erro, muita pancadaria de altíssima qualidade, abusando dos movimentos de muay thai, mas sem firula. Todas as coreografias parecem lutas reais, sem floreios desnecessários, com golpes mais realistas e aplicáveis a situações reais onde é possível sentir cada impacto na tela.

A violência é bem explícita. Não foram poupados muitos litros de sangue falso. E seja devido aos tiros, facadas ou cabeças atiradas contra o chão. Se eu tenho alguma critica negativa pra fazer com relação às lutas, é que alguns personagens apanham tanto, mas tanto, e continuam de pé com o fôlego inteiro. Mas nada que estrague a diversão. É adrenalina na veia!

Dredd (nota 8)

Orçamento grande nem sempre é sinônimo de qualidade. Isso é uma coisa óbvia, mas parece que os cineastas hollywoodianos às vezes esquecem isso. Felizmente, de vez em quando se lembram disso e nos brindam com filmes pequenos, mas memoráveis. Vejam bem, não estou falando de filmes independentes, falo de produções de porte médio pra pequeno de grandes estúdios, mas com um feeling de independente.

E por que digo isso? Pois um filme como Dredd, adaptação dos quadrinhos, teria tudo para descambar pra um filme enorme e megalomaníaco, mas ao restringir o orçamento e obrigar os roteiristas a pensar mais, acabamos ganhando um ótimo filme de ação do personagem que merecia ser revisitado após a tranqueira dos anos 90 com o Stallone.

O enredo é bem simples, numa cidade futurista tomada pelos megablocos, condomínios imensos de 200 andares que ocupam quarteirões inteiros, uma nova droga chamada slo-mo toma as ruas. Os efeitos da droga fazem o usuário perceber o tempo passando com 10% da velocidade normal, deixando tudo em câmera lenta. E nesse futuro tomado pela criminalidade, os Juízes são os responsáveis pela ordem pública, e são os juízes, júri e executores da pena no ato, sendo o mais notório destes o juiz Dredd.

O filme se passa todo dentro de um desses megablocos dominado pela gangue de Ma-Ma, que fabrica o slo-mo, enquanto Dredd treina uma juíza novata durante essa missão. O que importa é que as características do personagem foram mantidas à risca. Dredd nunca tira o capacete, sua arma tem todos os tipos de munição, e Dredd é imperdoável na hora de executar a pena dos meliantes. Karl Urban na pele de Dredd faz tudo que deve ser feito, sem exageros ou afetações. Faz cara de mau, voz de bad ass ser forçada como a do Batman, e chuta bundas com força.

As cenas de ação do filme estão ótimas, exatamente o que se espera de um filme desses, mesmo se tratando de um cenário um tanto limitado e até claustrofóbico. O destaque fica para as poucas cenas de tiroteio observadas do ponto de vista de um usuário de slo-mo. O visual é incrível, e a violência ainda mais explícita, quando uma bala passa lentamente pelo pescoço de um bandido, e o sangue explode lentamente na saída da pala em um vermelho vivo e cintilante. Para os fãs de cinema de ação, é um prato cheio.

Django Livre (nota 7)

Ok, esta vai ser uma crítica muito difícil de escrever. Adoro os filmes do Tarantino, e estava muito curioso para conferir seu western, mas confesso que saí do cinema com um gosto um pouco amargo na boca. Mas assim como aconteceu com Bastardos Inglórios, que também não me agradou de imediato, preferi deixar o filme decantar na minha cabeça antes de dar minha opinião. No caso do Bastardos, passei a gostar muito do filme, mas infelizmente o mesmo não aconteceu com Django.

Está certo que ainda se trata de um filme do Tarantino, e muitas das qualidades habituais do diretor/roteirista continuam presentes, como os diálogos excelentes, os personagens cativantes, o sarcasmo, as mortes violentas e bizarramente engraçadas, e muito, muito sangue espirrando pra todos os lados.


Mas a falta de algumas das características acabou enfraquecendo o filme, como por exemplo, a linearidade. Geralmente os filmes do Tarantino costumam brincar com a montagem do filme fora de ordem, indo e voltando no tempo. Em Django, onde optaram por um enredo linear, aliado a longa duração do filme com 2:45h, deixaram o filme muito cansativo. E os defensores do ator que me perdoem, mas Jamie Foxx não serve para ser protagonista do Tarantino. O diretor costuma arrancar interpretações geniais dos atores mais improváveis, mas nem ele foi capaz de melhorar o Jamie Foxx.

Mas pelo menos isso é compensado em parte pelo restante do ótimo elenco. Christoph Waltz volta novamente e rouba a cena sempre que está nela. Leonardo DiCaprio entrega um excelente e odioso vilão, acompanhado por um Samuel L. Jackson brilhante como eu não via em muito tempo. 

O enredo de vingança  de um ex-escravo contra os donos de sua mulher, tem momentos estranhos e não muito bem encaixados, fazendo deste o roteiro menos inspirado do cineasta, infelizmente. Se tratando de um western, é um bom filme, mas se tratando de Tarantino, ficou bem abaixo dos últimos trabalhos do cineasta. De qualquer forma vale ser conferido sem sombra de dúvida.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Looper: Assassinos do Futuro (nota 9)

Uma das mais gratas surpresas do ano passado. Looper chegou de mansinho, sem fazer nenhum barulho, mas conquistou aos fãs de ficção científica com um enredo interessante que envolve o espectador e o deixa atento até o surpreendente final.

É sempre complicado elogiar um filme de ficção científica que abusa um pouco to tema viagem no tempo. O cinema tem alguns muito bons, que tentam explicar demais, e outros clássicos queridos de todos como De Volta para o Futuro, que tem furos incríveis quando se trata de teorias de viagem no tempo. Mas eu não vou ser o chato aqui que vai ficar apontando esses defeitos, pois sei muito bem ignorar pequenas falhas se elas trabalharem a favor do bom entretenimento.

E nesse ponto Looper acerta em cheio. Usa muito bem a viagem no tempo em favor de um bom roteiro, e joga na cara dos chatos de plantão com um belo diálogo entre os personagens principais que não adianta ficar ali discutindo teorias, aceite e ponto final. Genial por parte dos roteiristas.

O enredo é o seguinte: num futuro dominado pela máfia onde existe uma forma de mandar pessoas pro passado numa viagem só de ida, pessoas são mandadas de volta para serem assassinadas e não deixar vestígios. Joe (Joseph Gordon-Levitt) é um desses assassinos contratados, e quando um dia ele tem que assassinar a sua própria versão mais velha (Bruce Willis), as coisas complicam.

A maquiagem feita em Joseph Gordon-Levitt para ficar com a aparência do Bruce Willis mais jovem está incrível, assim como sua atuação, que incorpora vários trejeitos do ator veterano, e o consolida como um ótimo ator para filmes de ação. Willis está bem como sempre, o eterno John McLane tem aqui um trabalho acima da média dentro dos seus habituais. Além deles, a presença da Emily Blunt sempre é bem vinda, certo?

O roteiro ajuda muito, e foge da mania atual de Hollywood de explicar em excesso, como se todos os espectadores fossem burros, e entrega diversos mistérios que prendem a atenção até o fim. Uma excelente ficção científica como eu não via a muito tempo, vale muito a pena ser conferido.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

007 – Skyfall (nota 9)


Sempre fui fã dos filmes do agente britânico com licença para matar. Vi todos os filmes com todos os atores e conheço toda a mitologia do herói. E confesso que estava ficando bem cansado da mesmice que cercava as aventuras de James Bond ao final da era Pierce Brosnan. Por isso, adorei Cassino Royale, era o filme que o 007 precisava para se reerguer na atualidade como um personagem relevante. Já com Quantum of Solace, o medo de velhas fórmulas voltarem a aparecer, aliada a modas hollywoodianas (boa parte culpa de Jason Bourne), tornaram o segundo longa com Daniel Craig um filme bem genérico e sem nenhuma relevância. Felizmente, graças a um ótimo roteiro, um ótimo elenco e um ótimo diretor, Skyfall não tem nada de genérico, e antes de ser um excelente filme de 007, é um baita filme de ação e espionagem.


Pra começar, estava mais do que na hora de colocarem o espião nas mãos talentosas de algum diretor de “marca”. Apesar de eu não ser muito fã dos filmes “mundo cão” de Sam Mendes, não há como não reconhecer a qualidade do diretor, e o estilo imposto por ele em Skyfall caiu como uma luva em James Bond, e trouxe uma bem vinda mudança de ares à série que, por muito tempo nas mãos de diretores genéricos de ação, precisava de uma mudança. A fotografia de certas cenas ficaram impressionantes, como por exemplo a luta nos arranha céus de Shanghai, com os personagens no escuro e apenas os luminosos no fundo.


Outro fator que me agradou muito também foi o roteiro tratar de um assunto mais contido. Já deu no saco as tramoias megalomaníacas de conquista mundial, desta vez quem está em risco é o próprio MI-6. Além disso, o enredo trás ótimas reviravoltas, além de tratar muito bem seu personagem principal, dando muito mais carisma e bagagem emocional a James Bond. Aqui certamente temos a melhor versão do personagem da trilogia feita por Daniel Craig, que não decepciona. Os diálogos entre Bond e M, ou Bond e o novo Q, e ainda mais com o vilao são incríveis. É claro que, como de costume, o espião viaja por todo o planeta, em locais incríveis e exóticos.


Mas o que seria do herói sem seu antagonista? E novamente o filme nos surpreende com outro excelente personagem, o vilão Silva, em mais uma excelente interpretação de Javier Bardem. Ele consegue ser estranhamente hilário, tirando risos da plateia com sua afetação meio afeminada, mas seus estratagemas brilhantes conseguem enganar a todos de forma genial. Está certo, posso concordar que seus planos são perfeitos demais para serem críveis, até bem parecidos com os do Coringa em Cavaleiro das Trevas, mas no envolvimento do filme é impossível ficar achando defeito nisso.


É interessante que o filme fica a todo momento fazendo comparações entre o novo e o velho, e com isso faz muitas referências e homenagens aos longas antigos desta cine série que completa 50 anos nas telonas. Os fãs de longa data do agente secreto irão vibrar com as referências e aparições, e certamente irão gostar muito deste longa.


TED (nota 8)


Depois de um longo período afastado das críticas de cinema, finalmente estou de volta. A culpa disso é principalmente de uma preguiça absurda, mas também devido ao meu envolvimento em um novo projeto junto com a Ju relacionado ao site dela, o Passaporte Orlando. Em breve novidades. Mas chega de papo e vamos ao que interessa. Ted é um filme que eu queria muito ver, por ser um grande fã das séries animadas Family Guy e American Dad, frutos da mente doentia e genial de Seth MacFarlane. Em certos pontos o filme é tudo o que alguém com o senso de humor meio alterado (me incluo nesses) poderia esperar, mas em outros peca feio por tentar se adequa a formulas tradicionais, mas no geral o saldo é bem positivo.


Aqueles que já conhecem o tipo de humor de Seth MacFarlane, devem ter uma boa ideia do que irão encontrar pela frente. O humor imperdoável, politicamente incorreto ao extremo, não perdoa ninguém, nenhum grupo, religião, etnia, e por aí vai. E as piadas são muitas e são geniais, mesmo as que recorrem a uma boa dose de baixaria e palavrões. Além das muitas auto referências (em certos momentos o ursinho Ted imita a voz de certos personagens do Family Guy, dublados pelo próprio MacFarlane), como um bom nerd, não faltam referências a cultura pop americana em geral. Acho provável que muitos brasileiros não entendam algumas das piadas com referências muito atuais, o que pode prejudicar um pouco a diversão para alguns. Sei que fazia muito tempo que eu não gargalhava tanto e tão alto numa sala de cinema.


O problema do filme ao meu ver foi a necessidade de tentar encaixá-lo numa estrutura meio padronizada de roteiros hollywoodianos de comédias. Não sei se isso foi alguma imposição do estúdio, ou foi algo necessário para possibilitar a realização do filme, mas isso acabou deixando o último terço de filme muito fraco comparado com o restante. A inclusão de um vilão muito fraco quebrou demais o ritmo da comédia, e se não fossem os primeiros dois terços hilários, não passaria de uma comédia mediana.


O casal principal está ótimo, Mark Wahlberg e Mila Kunis estão bem a vontade para encarar as bizarrices do roteiro, e a interação de ambos com o urso Ted, dublado por MacFarlane, é tão natural que esquecemos que o urso é um ser digital. A narração do Patrick Stewart, o eterno Cap. Picard e colaborador tradicional de MacFarlane, só ajuda. E sem estragar a surpresa, a participação rápida e silenciosa de Ryan Reynolds é de rolar de rir. Não faltam bons motivos para dar muita risada, mas é necessário um senso de humor menos restrito para apreciar na íntegra.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Apenas Uma Vez (nota 10)


É raro um filme me emocionar e me impressionar a ponto de eu ficar por dias pensando nele. Também é raro eu aceitar ver um filme que foge do padrão “cinemão pipoca”, o que sei que é um erro muito grande meu. As vezes, como no caso de Drive, o resultado confirma que não é minha praia tentar ver filmes independentes de circuitos alternativos, mas felizmente existem casos como o de Apenas Uma Vez, um emocionante romance musical irlandês. E isso graças à Ju, que sempre me acusa de escolher filmes ruins, que descobriu esta pérola.


O roteiro é bem simples, e não é o que realmente importa neste filme. Um músico de rua conhece uma imigrante tcheca que também tem habilidades musicais. O relacionamento dos dois floresce com a cooperação de ambos através da música. Estes personagens, que nunca sabemos os nomes, são tão reais, tão carismáticos, que é impossível não nos sentirmos cativados por suas histórias. Quando digo que o roteiro não importa, é que parece que a câmera está simplesmente acompanhando os dois, de forma intimista, deixando que acompanhemos o desenrolar desta complicada relação.


Mas temos que falar do principal personagem do filme, a música. Na essência, o filme é um musical, mas não do tipo Broadway. A música impulsiona o filme para frente, mas por que expressa constantemente os sentimentos dos personagens e contam uma história muito pessoal de cada um. São canções belíssimas, incrivelmente sensíveis e emotivas, e os atores/músicos as interpretam com uma intensidade contagiante, colocando suas almas em cada nota. Quando acaba o filme, cada canção fica grudada na nossa mente, e me peguei cantarolando alguns versos durante dias, e querendo ter a trilha sonora para ouvir mais vezes.


Não foi a toa que uma das excelentes músicas foi a vencedora do Oscar de 2008. E essa emoção toda na interpretação destas músicas não poderia ser diferente, pois os atores principais na verdade são músicos de verdade, e eles próprios compuseram todas as canções que ouvimos no filme. Quem tem Netflix em casa, aproveite para conferir este filme com alma, que infelizmente só estará disponível no sistema até dia 01/09.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

13 Assassinos (nota 8)

Fazia muito tempo que eu estava com vontade de ver um bom filme de samurai. O último que me lembro de ter visto foi o ótimo Zatoichi de 2003. Quando conferi o trailer deste 13 Assassinos, imaginei que minha busca estaria no fim, e não fiquei decepcionado. O longa japonês entrega tudo que é esperado, e com muita qualidade. Desde o tradicional comportamento dos samurais japoneses, com sua honra e devoção ao dever inabalável, até as sangrentas batalhas de espada, tudo isso embalado em um belíssimo ambiente natural, e uma tradicional trilha sonora.

As comparações com o clássico Os 7 Samurais de Akira Kurosawa são inevitáveis. Alguns críticos estão até colocando isso como um demérito, porém eu não acho que estas similaridades sejam ruins, afinal o produto final é muito bom, além de ter um feeling mais atual, apesar de se tratar de um filme de época. O enredo é simples: Shinzaemon Shimada, um samurai honrado e respeitado, é incumbido de uma missão que vai contra os mandamentos do samurai de proteger seu senhor, que é assassinar o cruel Lorde Naritsugu, o degenerado irmão do atual Xogum e próximo na fila para assumir o xogunato. Como legalmente não podem evitar que uma pessoa tão cruel quanto Naritsugu, que mata e mutila seus criados por diversão, chegue ao poder, Shimada é destituído de seu título, e junta outros 12 leais samurais para planejar o assassinato do Lorde.

O ritmo do filme é interessante. Mesmo sendo meio longo, são 2:20h de duração, na primeira hora e meia acompanhamos num passo mais lento toda a preparação para o ataque. Neste momento acompanhamos o modo de vida tradicional japonês, com o sempre respeitoso tratamento entre classes, sejam serventes e lordes, ou mestres e aprendizes. Mas na última hora, prepare-se para muita ação de tirar o fôlego, com direito a muito combate de espadas e muito sangue voando na tela, no melhor estilo tarantinesco. Apesar do tom sério durante boa parte do filme, temos um pequeno alívio cônico com o morador da montanha que se junta ao grupo de assassinos durante sua jornada, e um único momento de bizarrice sexual japonesa.

Gostei muito do filme. Tanto durante o retrato da sociedade tradicional japonesa, quanto durante as empolgantes cenas de ação e combate. Mas saibam que se trata de um filme japonês, que tem seu ritmo e estilo de edição próprio, o que pode desagradar a princípio os que tem mais apego ao cinema americano.

Juan de los Muertos (nota 7)

O que acham de um filme cubano de baixo orçamento que mostra uma invasão de zumbis em Havana? Pode parecer uma receita para o desastre, mas o filme é genialmente engraçado. É uma comédia de humor muito, mas muito deturpado, que cai bem dentro do que me agrada em comédias estranhas. E podem ficar tranquilos, não se trata de uma cópia do genial Shaw of the Dead, brilhante comédia inglesa com o mesmo tema, apesar das similaridades dos nomes. Juan de los Muertos tem uma personalidade toda própria, e nunca achei que eu riria tanto de zumbis, quer dizer dissidentes, atacando um país de terceiro mundo.

O slogan do “negócio” de Juan já resume bem o estilo de humor que permeia todo o filme. Como um bom latino, Juan vê nesta crise uma oportunidade de ganhar dinheiro, e inicia a “Juan dos Mortos, matamos seus entes queridos para você”. As piadas são de vários tipos, desde as mais escrachadas, como quando Juan dança salsa com um zumbi algemado ao próprio braço, passando pelas políticas (durante todo o filme os zumbis são referidos como dissidentes capitalistas imperialistas enviados pelos EUA), chegando nas mais negras, quando pessoas saudáveis são mortas por engano.

Não tem muito mais o que escrever. O filme é totalmente desapegado de qualquer realidade e senso crítico, e faz piada até com a morte iminente de entes queridos. Não é um estilo de humor que pode agradar a qualquer um, mas certamente me agradou muito, e rendeu ótimas risadas em alto e bom volume.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Anjos da Lei (nota 8)


Existem ótimas comédias “sérias” que conseguem divertir muito, como é o exemplo do recente Intocáveis. Existem as comédias “involuntárias”, que são filmes que deveriam ser sérios, mas são tão ruins que só resta dar risada, como é o caso do Sequestro no Espaço, por exemplo. Porém, as melhores comédias, aquelas que o espectador fica com a barriga doendo de tanto rir, são aquelas que sabem não se levar a sério demais, e vão até as últimas consequências mais absurdas para causar risos. Felizmente em Anjos da Lei, uma readaptação do seriado homônimo oitentista, soube não querer ser muito fiel ao tema original, resultando uma das melhores comédias dos últimos anos.


O enredo trata de colocar dois policiais recém formados na academia em um programa de infiltração em colegiais, em busca de pistas sobre distribuição de uma nova droga. Schmidt, o nerd (Jonah Hill, que também assina o roteiro) e Jenko, o atleta (Channing Tatum), que eram colegas de colégio mas como de costume não se davam muito bem, e acabam se tornando amigos durante a academia de polícia e são os escolhidos para essa missão, tendo que fingir serem adolescentes e se readaptar ao colegial. A princípio parece que será mais uma daquelas típicas comédias adolescentes americanas, mas para a grata surpresa de todos, os preconceitos tradicionais do gênero logo são destruídos, atualizando e muito bem a tradicional fauna de colegial americano.


O humor é excelente. Rápido, e em muitas vezes completamente absurdo, com algumas pitadas de vergonha alheia, lembra um amálgama dos bons momentos de comédias como Superbad, Saturday Night Live e The Office. A ótima interação entre os personagens principais é ajuda muito, por exemplo na bizarra cena da primeira prisão a dupla. Os momentos de esporro recheado de palavrões, cortesia do Capitão Dickson (Ice Cube) são geniais. O final do filme se rende ao tiroteio de filmes de ação, mas mesmo assim, as piadas continuam rolando soltas.


Se em um ponto ruim a criticar é que no terço final do filme o ritmo das piadas dá uma boa reduzida, pois o tradicional momento da separação e reconciliação presente em quase todos os filmes também está aqui. Felizmente o final recupera o ritmo. De qualquer forma, vale muito conferir para dar boas risadas.

Uma Manhã Gloriosa (nota 7)


Está aí um exemplo de comédia romântica que consegue fugir um pouco da regra geral deste gênero tão pouco inventivo. Os tradicionais clichés ainda estão presentes, mas estão tão bem disfarçados que quase passam desapercebidos. Já explico um pouco melhor isso. O que importa é que o filme consegue ser muito agradável e leve, um entretenimento fácil e descompromissado, que deve agradar muito aos apreciadores deste gênero. E pra ajudar tem a presença sempre adorável da Rachel McAdams.


Becky Fuller (Rachel McAdams) é uma produtora de um jornal matinal local, uma workaholic, que é contratada com para tentar revitalizar um programa matinal falido em uma grande emissora, o Daybreak. Para isso ela vai ter que lidar com os egos dos âncoras Colloen Peck (Diane Keaton) e o renomado repórter que claramente não quer estar ali, Mike Pomeroy (Harrison Ford, aparentemente interpretando a si próprio). Depois de muito tentar entrar no jogo dos dois, Becky começa a fazer o impossível para aumentar a audiência. As situações cômicas são boas, nada muito forçado, mas também não vai fazer você rolar de rir. Tudo está na medida certa.


Quando escrevi que o filme foge um pouco dos clichés do gênero, é por causa de qual relacionamento é colocado sob o holofote. É claro que existe um interesse romântico para Becky, mas o relacionamento que realmente aflora, se degenera e retorna é entre Becky e Pomeroy, pois o repórter experiente é um tipo de ídolo caído aos olhos de Becky, que o idolatra. O relacionamento discutido no filme não é amoroso, mas é sim profissional e/ou uma amizade. Isso faz o filme se destacar da média e ser notado. Vale a pena ser conferido.