quinta-feira, 10 de março de 2011

O Último Mestre do Ar (nota 6)


O diretor/escritor M. Night Shaymalan não anda com muito crédito na praça. Graças a porcarias como O Fim Dos Tempos, ninguém mais bota fé nos projetos do diretor, então é bem razoável encarar um filme dele com certo preconceito. Porém, depois de criar coragem e encarar sua última produção, a adaptação do desenho animado Avatar, concluí que todo o ódio e achincalhação que o filme sofreu não foi tão merecido. Não me entendam mal, ainda existem muitos defeitos, mas eu até que gostei do filme que foi o vencedor do "prêmio" Framboesa de Ouro de pior filme do ano.
O Último Mestre do Ar adapta para as telas o desenho Avatar, muito querido pelos fãs. Talvez este seja um dos grandes motivos para tanta reclamação, eu praticamente não conheço o desenho, mas ouvi várias pessoas emputecidas com a adaptação. Como não conheço muito do desenho, vou me ater ao filme. Logo no início conhecemos Aang, um jovem monge capaz de manipular e dobrar o Ar. Ele faz parte de um dos quatro povos capazes de dobrar os elementos, e os outros obviamente são Água, Terra e Fogo. Porém Aang é a reencarnação do Avatar, o único capaz de manipular os quatro elementos e que renasce a cada 100 anos. Como o povo do Fogo teme o Avatar, começam uma guerra contra todos os outros povos em busca do próximo Avatar.
A forma que Shaymalan escolheu para contar o filme é muito diferente do que se pode esperar, e aí está outro ponto que julgo responsável pelas péssimas críticas principalmente nos EUA. O filme prima muito pela interiorização, meditação e até pela não agressão, temas claramente orientais. Se opondo a muitos filmes de artes marciais e guerra, muitos conflitos nem sequer começam, e são resolvidos na conversa. Lí uma crítica escrita pelo Marcelo Hessel do www.omelete.com.br que foi muito certeira na sua colocação. Ele classificou este longa como um filme de ação zen, e isso reflete perfeitamente o que senti. Até mesmo nos momentos de combate, Aang praticamente não toca ou golpeia seus oponentes, se utilizando quase sempre da manipulação do ar para incapacitar e afastar seus agressores. Os movimentos de luta lindamente coreografados são uma mistura de kung-fu com tai-chi (pude ver algo de kung-fu interno nos movimentos, para os que sabem do que estou falando), comprovando novamente a interiorização da energia.
É claro que muitas das críticas são merecidas. Quase todos os atores são muito fracos, e Shaymalan não ajuda nada com sua direção lenta e diálogos sofríveis. Como o filme adapta toda a primeira temporada do desenho, também temos muitas informações condensadas demais, sendo que todos os diálogos passam alguma informação importante. Algumas cenas são didáticas demais, com muitas explicações para leigos, não deixando margem para a interpretação do expectador. O visual do filme está muito bom, com bons efeitos especials, mas não entendo a necessidade de escalar atores ocidentais para papéis orientais. Somente os papéis de vilões são interpretados por atores orientais. Acredito que isso seja para facilitar a aceitação do filme pelo público americano, que é extremamente preconceituoso com filmes não-americanos.

Resumindo, o filme não é a catástrofe que foi propagandeado pela crítica, mas também não é a melhor coisa do mundo. Vá com a mente aberta a uma experiência diferente e quem sabe irá apreciar o que há de bom no filme.

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