segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Contágio (nota 9)

Se preparem para lavar as mãos a cada 15 segundos após ver esse filme, que retrata um começo de fim de mundo muito possível e assustador. Aqueles com mania de limpeza vão ficar com medo de encostar em qualquer superfície desconhecida. Mas calma, não é só isso que o filme traz para o espectador, ele entrega também um roteiro bem amarrado, ótimos personagens e muito pé no chão no desenvolvimento do enredo, que criam uma experiência realista, assustadora, empolgante e  intrigante. Em certos momentos me lembrou muito Ensaio Sobre a Cegueira, mas menos deprimente.
O que aconteceria num mundo globalizado, integrado e super populoso como o atual quando uma doença altamente infecciosa e mortal, tanto por via aérea quanto tátil, começa a se espalhar e matar milhares de pessoas em diversos países? Conhecemos esse mundo do ponto de vista de diversas pessoas, em diversas escalas da sociedade. Temos o casal suburbano com a visão do povão, mostrando o pânico geral que aflige a população, temos os pesquisadores em laboratório na busca desesperada por vacinas, os investigadores de campo, sofrendo os problemas da doença na busca por mais informações, a imprensa sensacionalista que só ajuda a piorar a situação, e os engravatados do governo, tentando conter de toda forma a contaminação que se espalha pelo mundo todo.
Os enquadramentos escolhidos pelo diretor Steven Sodeberg são ótimos. Diversas vezes a câmera se fixa em detalhes mundanos, como um aperto de mãos, uma maçaneta de porta, um celular, entre outras coisas, o que ajuda a construir no espectador uma paranóia e aversão a qualquer tipo de possibilidade de contágio. Além disso, o roteiro não descamba para nenhum tipo de sentimentalismo ou heroísmo desnecessário, cada personagem age dentro da sua esfera social correta, e se vira da forma que pode dentro deste cenário desesperador. Além de tudo isso, um ótimo elenco com nomes de peso como Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Laurence Fishburn, Jude Law, Marion Cotillard e Kate Winslet só ajuda o entretenimento.

Um comentário:

Paulo disse...

Muito bom esse filme, e não tinha percebido a semelhança com o mundo caótico de Ensaio sobre a Cegueira.
Mas achei que o filme pecou só em uma coisa, o heroísmo desnecessário em duas ocasiões, parecia que precisava daquilo pra ser um final mais aceitável...