segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Lenda dos Guardiões (nota 8)

Esta aí uma grata surpresa! Um filme que não me chamou nenhuma atenção na época do seu lançamento nos cinemas, mas que, após vários elogios de críticos, me despertou curiosidade maior. E quando peguei o filme começando na tv à cabo numa tarde de domingo, resolvi dar uma chance e conferi a animação com corujas dirigida por Zach Snyder, e não me arrependi, me divertindo muito com as corujas guerreiras. O único problema é que o filme parece sofrer de crise de identidade, não sabendo muito bem para qual o público ele deveria ser direcionado.
Digo isso pois, a princípio, julga-se tratar de um filme infanto-juvenil, pois afinal estamos falando de um universo onde os heróis e vilões são animais, em sua grande maioria formada por corujas de várias espécies. Mas logo isso é feito de forma estranha, pois não animais com feições ou trejeitos humanos. Todos os animais representados se movem e utilizam seus membros das formas mais realistas possíveis, não espere ver penas parecendo dedos. Até mesmo os picos sofrem pouquíssimas alterações para se adequarem às expressões faciais, que aí sim se assemelham levemente às humanas. Resumindo, o tratamento foi muito similar ao dado em Happy Feet, o que me agradou bastante nos dois casos. Tudo isso soma para subir um pouco a faixa etária que irá apreciar o longa.
Além disso temos muito da tradicional jornada do herói, presente em tantas outras histórias. A jovem coruja Soren, separada dos pais se vê em problemas quando é capturada por corujas que obrigam outras a trabalho escravo, mas consegue fugir para procurar a ajuda dos lendários Guardiões da Árvore de Ga'Hoole, cujas histórias eram contadas a ele por seu pai. Lá ele vai treinar e aprender a lutar com os guardiões, tendo como principal mentor a coruja esquisitona Ezylryb. Outra coisa que achei estranha na primeira vez que vi o trailer, mas fez todo o sentido durante o filme, foi ver as armaduras e armas de combate das corujas, formada principalmente por mascaras, capacetes e garras metálicas. As cenas de batalha por vezes, mesmo sem mostrar sequer uma gota de sangue, mostram situações muito mais sérias do que se esperaria de um filme como esse. Eu particularmente gostei bastante, mas recomendo cautela aos pais desavisados.
Mas se não fosse suficiente a ótima história e os personagens carismáticos e cativantes para conquistar o espectador desavisado, o visual espetacular termina o serviço e faz cair o queixo. Os cenários são lindos, e as cenas de vôo das corujas por paisagens belíssimas são suficiente para encantar qualquer um. E visto em alta definição ficam ainda mais impressionantes e vívidas as imagens. Segam durante os belos e velozes vôos de treinamento, ou durante as complicadas batalhas, com direito a muita câmera lenta no melhor estilo Zach Snyder. A animação das corujas está perfeita, cada pena tem seu próprio movimento, e a integração com as armaduras de batalha ficou muito estilosa.
Com um elenco de vozes recheado de atores conhecidos, na sua maioria australianos e britânicos, como Hugo Weaving, Jim Strugess, Geoffrey Rush, Sam Neil e Helen Mirren, as vozes combinam bem com os personagens, de forma discreta, sem ser algo que chama mais a atenção do que a ação do filme em si. O visual é mais hipnotizado do que a música incidental, que cumpre bem o trabalho mas não se destaca.
Como já escrevi acima, o filme sofre um pouco por parecer ser para a criançada, mas também parecer ser feito mais para os adultos. Por esse motivo existe o perigo de ambos os lados ficarem longe e perderem de ver uma ótima e divertida animação, com belíssimas imagens e algumas das cenas de vôo mais incríveis que lembro de ter visto no cinema nos últimos tempos.

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