Que beleza de começo de 2012, feliz ano novo pra todos! E o ano começa com uma overdose de ALIEN, graças ao presente que ganhei de meus pais de natal, o box em Blu-Ray Alien Anthology, todos os quatro filmes, tanto em suas versões originais quanto especiais estendidas, remasterizados em alta definição, mais uma tonelada de extras em dois discos para fã nenhum botar defeito. Então para começar bem o ano cinematográfico, fiz uma maratona e assisti os quatro filmes em suas versões estendidas, o que serviu muito bem para reafirmar o motivo de ser uma das minhas séries de sci-fi favoritas (considerando a mistura sci-fi + terror, é sem dúvida a melhor série do cinema), e também rever algumas idéias que tinha dos filmes menos favoritos da série.
ALIEN: O OITAVO PASSAGEIRO (nota 10)
O longa que originou e criou a mitologia do Alien no cinema continua espetacular. A remasterização em HD ficou excelente, fazendo parecer que foi filmado ontem. Isso ajudou ainda mais a ressaltar as belas imagens dos corredores sujos e escuros da nave Nostromo, assim como o belo trabalho de iluminação criados por Ridley Scott. Assim como a imagem, o som restaurado está incrível. E é ótimo ver como um filme desses, apesar das limitações tecnológicas da época, não parece ter envelhecido nada. Mesmo com as telas de computador apresentando imagens da pré-história da computação gráfica, isso só serve para acrescentar ao charme e à mitologia do universo de Alien.
Outra coisa que sempre me impressiona é como a sábia utilização de uma roupa de borracha, com os ângulos de câmera corretos, conseguem criar uma criatura tão assustadora, sem a necessidade da toneladas de computação gráfica utilizadas hoje em dia. A sugestão e o terror são criados pela constante ameaça da presença da criatura num ambiente industrial escuro, fechado e claustrofóbico, e isso é uma das características mais marcantes deste filme.
E claro que não podemos deixar de falar da Ten. Ellen Ripley, uma das personagens femininas mais marcantes e reconhecidas do cinema de ficção e terror, e até da cultura pop em geral. Sigourney Weaver criou uma personagem forte, determinada, que após esse primeiro encontro estará fadada a ter que lidar com esta terrível criatura pelo resto de sua vida.
ALIENS (nota 9)
Então a série passa para as mãos talentosas de James Cameron, que escreveu o roteiro e dirigiu o longa. E esse é sim um filme com a assinatura de Cameron, apesar do terror do primeiro filme ter sido bastante reduzido, ganhamos muito em ação no melhor estilo que o diretor sabe fazer. Se posso fazer alguma crítica negativa é dizer que, assim como o primeiro filme, ele envelheceu muito bem, mas fica claro que é um filme feito nos terríveis anos 80. Mas isso não estraga a experiência, pelo menos não estragou pra mim. E como se trata de um filme do Cameron, a versão estendida ficou bem longa, com quase 2:40h, mas como de costume nos filmes dele, mal se percebe o tempo passando. Imagem e som em HD estão ótimos, sem cores lavadas, com imagens cristalinas parecendo que foram filmadas ontem.
Agora, em vez de termos uma única criatura aterrorizando alguns tripulantes de uma nave, temos um exército inteiro de Aliens destruindo uma colônia terrestre num planeta distante. Com a chegada dos Marines, os confrontos são incríveis, com muito tiroteio, explosões de sangue ácido, e é claro, muito mais mortes. E aqui foi criada uma arma que até hoje considero ser um ícone do cinema de ficção. O rifle de assalto usado pelos Marines, com um lançador de granadas acoplado, tem um design inspiradíssimo e o som que ele emite quando dispara é inconfundível.
E como é bom ver Aliens reais em ótimas roupas, assim como o robô-empilhadeira usado por Ripley, interagindo com o cenário e com os atores. Nada parece estranho, o realismo de tudo em cena é crível. E por falar na Ripley, a evolução da personagem é ótima. Ela cresce muito aqui, se tornando uma bad-ass de verdade, colando um lança-chamas numa uma metralhadora e partindo pra briga contra os monstrengos.
Curiosidade: Já dá para ver muita coisa que Cameron tinha na cabeça, e que foi reutilizada ou refeita para aparecer novamente em Avatar.
ALIEN 3 (nota 7)
Esse já é um pouco mais complicado de criticar. Lembro quando saí do cinema que estava revoltado, odiando o filme. **ALERTA DE SPOILER** Assim como muitos fãs, fiquei furioso em ver que todo o esforço de Ripley para salvar Hicks e a pequena Newt no final do segundo filme foram em vão quando a porcaria da nave deles cai num planeta e todos morrem, só sobrando a Ripley viva! Agora, como comecei a ver o terceiro imediatamente após ter terminado o segundo filme, isso ficou muito mais forte pra mim. **FIM DO SPOILER** Continuei muito puto, mas desta vez fiz um esforço pra deixar isso de lado e tentar aproveitar o filme, e não é que gostei mais dele desta vez? E não sabia que o diretor deste era David Fincher, o mesmo de O Clube da Luta e Se7en, mas infelizmente ele não teve controle sobre o roteiro, que não é dos mais inspirados.
Fica muito evidente como este terceiro capítulo da série é diferente do resto, muito disso devido ao ambiente que ele se passa, um planeta prisão habitado somente por homens. Com cores mais voltadas pra tons pardos, e com muito menos escuridão do que os anteriores, as cenas mais tensas são fruto do "climão" gerado pela presença de uma mulher em seu ambiente recheado de criminosos, estupradores, loucos e afins. O ambiente sujo industrial presente em todas as outras versões continua aqui, mas a sujeira é maior, incluindo muitas nojeiras como vermes e insetos. Mas existem sim algumas boas cenas tensas causadas pela criatura.
Algo que aconteceu aqui que desagradou, e por conta da alta definição até ficou mais evidente, foi a utilização de computação gráfica na criação do Alien em algumas poucas cenas que ele aparece de corpo inteiro. Ainda muito no começo desta tecnologia, hoje isso faz o filme ficar muito mais datado do que os anteriores. Como assisti também a versão especial, notei várias alterações no filme, que deixaram ele melhor, mais dramático, mas ainda assim, não pode ser comparado aos dois primeiros.
ALIENS: A RESSUREIÇÃO (nota 6)
Esse é o pior da série, sem dúvida. A desculpa que tiveram que usar para trazer Ripley de volta depois do que acontece no terceiro filme é muito rasa, causando diversos problemas consequentes, mas o principal é a total descaracterização da personagem Ripley. Isso foi fatal pra mim, tirando boa parte da graça do filme, que até tem boas qualidades. Além disso, o diretor francês Jean-Pierre Jeunet abandonou totalmente os ambientes escuros, dando preferências a muito mais cores e luz, eliminando quase completamente o elemento terror, virando um filme de ação. Houve muito exagero na área de mortes nojentas. Não sei se imaginaram que esse aumento no gore era suficiente para classificar o filme como terror, mas pra mim não rolou.
As verdadeiras estrelas deste filme são as criaturas, os Aliens, com um repertório muito maior de formas de matar, fugir e enganar a sua presa. E as formas que eles encontram para matar são cada fez mais nojentas e sanguinolentas. Mas a surpresa final, a nova espécie criada pela rainha é escrota demais, os roteristas exageraram na dose, e a morte do monstro final é uma das mortes mais nojentas que me lembro de ter visto no cinema.
O que achei muito estranho foi perceber como a imagem em HD deste filme estava muito pior do que a do primeiro, muito mais antigo. Mas o filme funcionaria melhor se não fizesse parte da mitologia Alien. Como um sci-fi padrão, seria até interessante, parece que Joss Wheadon ao escrever este filme deu uma chupinhada num roteiro qualquer de Firefly.
É isso, uma visão geral de uma das maiores (senão a maior) série de sci-fi/terror do cinema. E não adianta nem perguntar, me recuso a escrever qualquer coisa sobre aquelas abominações chamadas Alien vs Predador 1 e 2. Quem deu luz verde para estas produções tem que queimar no fundo do inferno por quase destruir duas ótimas franquias envolvendo ótimos personagens alienígenas.
Um comentário:
Que venha Prometheus agora! Aí sim hein!
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