Eu gostaria de começar esta crítica com um grande agradecimento ao Sr. Spilberg e ao Sr. Jackson, que mesmo com todas as dificuldades e previsões negativas de público nos EUA (que infelizmente se concretizaram), tiveram culhões para levar às telas do cinema um personagem praticamente desconhecido no território americano, porém muito querido e cultuado em outras partes do mundo, incluindo o Brasil. Se não fosse a persistência de Steven Spilberg e Peter Jackson em produzir / dirigir esta animação, que foi planejada como a primeira parte de três e espero que as fracas bilheterias americanas não estraguem isso, perderíamos uma das experiências mais divertidas e satisfatórias do cinema atual. Como apreciador de cinema diversão, e como fã de longa data dos quadrinhos de Tintim, não consegui conter um enorme sorriso que estampou meu rosto durante toda a projeção e mesmo horas depois do filme terminar. Soma-se a isso uma sensação de nostalgia, pois Tintim foi meu primeiro contato com o mundo dos quadrinhos quando ainda era muito novo, graças ao meu pai, que tinha uma grande coleção dos livros e os lia para mim.
Para aqueles que não conhecem a criação de Hergé, Tintim é um jovem repórter investigativo belga com gosto por aventuras exóticas e perigosas. Ele e seu fiel cão Milu, aliados a diversos personagens igualmente carismáticos, se aventuram por todos os cantos do mundo em diversos livros / álbuns / quadrinhos, em busca de matérias e reportagens. Dois desses livros foram usados para construir o enredo do filme, e eles são O Segredo do Licorne e O Caranguejo das Tenazes de Ouro, sendo neste segundo que Tintim conhece seu grande amigo, o Capitão Haddock. Não podemos esquecer da presença sempre engraçada dos policiais da Interpol, Dupond e Dupont. Mas a linha principal do enredo é mais baseada na busca pelos segredos do naufrágio do Licorne, um navio naufragado com um tesouro inestimável.
O filme é brilhante. É um cinemão pipoca divertido que só Spilperg sabe fazer, ou sabia pelo menos mas andou esquecendo. É uma aventura frenética de tirar o fôlego nos mesmos moldes de Indiana Jones e Jurassic Park, por exemplo. Existem sequências longas de ação, perseguição, brigas e tiroteio sem cortes que ficam ainda mais incríveis graças às possibilidades infinitas da animação de criar ângulos de filmagem não convencionais. Uma das últimas sequências é de cair o queixo, tem tanta coisa acontecendo simultaneamente na tela e a câmera não para nunca de seguir a ação de perto sem cortar sequer uma vez. Genial! O humor muito presente nos quadrinhos, que por vezes beira o pastelão físico, respeita muito o material original e funciona muito bem na tela, proporcionando várias risadas.
E por falar em animação, a escolha pela técnica de animação com captura de movimentos (a mesma utilizada em Avatar) não poderia ter sido mais acertada. Não creio que o resultado ficaria tão incrível numa filmagem convencional com atores reais. E mesmo com a computação gráfica, muitos dos traços originais do desenho de Hergé foram respeitados. Logo no início do filme uma grande homenagem é prestada ao criador do universo de Tintim, e outra homenagem na abertura é feita também ao ótimo desenho animado que adapta os livros, exibido por muitos aos pela TV Cultura. Por falar nesse desenho, eu fui ver a versão legendada com o som original, porém me arrependi de não ter ido ver a versão dublada, que conta com os mesmos ótimos dubladores do desenho animado. Digo isso por vários motivos, um deles é que alguns nomes foram alterados para nomes ingleses, o que deixa a cabeça meio confusa quando queremos prestar mais atenção nas belas imagens sem ler as legendas.
O elenco foi bem escolhido para a captura de movimentos e dublagem americana. Jamie Bell faz bem o Tintim, e a dupla do ótimo Shawn of the Dead, Simon Pegg e Nick Frost, faz os atrapalhados Dupond e Dupont, e Daniel Craig entrega um vilão padrão. Agora, o verdadeiro astro da captura de movimento, Andy Serkis, dá show como Cap. Haddock, e não só nos movimentos como também na voz. Mas ainda me arrependo de não ter conferido no cinema a versão dublada.
Outro fator que pode chamar muita gente ao cinema é o 3D. É difícil ver um filme do filão principal no cinema hoje em dia que não seja lançado em 3D, na mesma proporção que é difícil ver um filme produzido com qualidade em 3D, e não somente com a intenção de arrancar mais alguns trocados com o ingresso mais caro. E é claro que um cineasta experiente e respeitado como Splilberg não iria se utilizar da técnica somente para ficar arremessando objetos na cara do espectador. Ele trabalha muito bem tanto os objetos próximos quando a profundidade, mas também sabe brincar com certos ângulos estranhos que, com a adição da profundidade, criam cenas interessantíssimas, que em outro caso seriam simples.
Fica aí minha crítica de fã do personagem, e agora do filme. Eu gostei muito, me diverti muito e não consegui desgrudar os olhos da tela um segundo sequer, não só pelo sentimento de nostalgia que ele proporciona, mas também por ser um excelente entretenimento. Agora o momento desabafo: como diabos esse filme, que acabou de ganhar o prêmio de melhor animação no Globo de Ouro, ficou fora dos indicados de melhor animação do Óscar? A academia está de brincadeira, não é a toa que cada vez menos pessoas assistem à premiação cada vez mais chata.
3 comentários:
Eu tinha assistido legendado (no imax) e hoje assisti dublado. A versão dublada é legal, mas eu prefiro a legendada. O dublador do Capitão não é o mesmo, e isso já tira grande parte da graça. A de um dos Dupon* (não sei qual deles) e do Sr Sakarin tb mudaram.
Poxa, então me falaram besteira, pois disseram que eram todos os mesmos. E o do Cap. Haddock era ótimo. Leo, vc que viu, a voz dublada do capitão está boa pelo menos?
Poxa, eu e o papai ainda não fomos assistir... GRANDE falha!!!!!
Sua crítica está fantástica, filhote!
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