Se hoje eu sou um nerd trekker, tenho que agradecer à minha mãe. Ela sempre foi fã da série original, e me levou ainda pequeno para ver vários dos filmes da tripulação clássica na época original de seus lançamentos aqui no Brasil, alguns deles no saudoso Cinema Comodoro no centro de São Paulo. E é claro que conforme eu fui crescendo e me tornando dono de minhas próprias ações, eu extrapolei tudo que peguei da minha mãe, me tornando um verdadeiro trekker fã de carteirinha da Frota Estelar Brasil (sim, é verdade!!!), conhecedor de praticamente todas as séries e consumindo em larga escala todos os produtos possíveis que se relacionavam ao universo de
Jornada nas Estrelas. Então, com a aproximação do lançamento de
Star Trek, o filme que promete reviver gloriosamente o universo que foi largado às moscas após as últimas tentativas bem fracas no cinema e uma série muito boa porém mal apreciada, resolvi rever os três filmes que me fizeram o que sou hoje, e reviver um pouco dessa nerdisse que abandonei aos poucos graças à Ju.
Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (nota 10)
Esse filme é sempre lembrado como o melhor de todos os Jornadas já feitos no cinema. Eu devo concordar, porém acho que o VI e VIII seguem bem de perto o alto nível. Mas por que "
A Ira de Khan" é tão bom? Acredito que um dos principais motivos seja um dos melhores, senão o melhor vilão que já tivemos em
Jornada, o Khan do título. Este personagem foi reaproveitado de um episódio da série clássica, e devido ao longo tempo que separou o episódio do filme, o ator Ricardo Montalban teve que reinventar a personalidade do vilão, o baseando muito no Capitão Ahab, de Moby Dick, fazendo de sua busca por vingança cega contra Kirk o motor que dá rumo ao ótimo filme. Além disso, temos um entrosamento excelente entre a tripulação da Enterprise, o sacrifício de um pelo bem de muitos, surpresas familiares para Kirk, criações de planetas, ótimas batalhas espaciais, tramóias e estratégias impecáveis, uma das melhores trilhas sonoras da séria (cortesia do ótimo James Horner) ou seja, tudo que de melhor pode haver num
Jornada.
Jornada nas Estrelas III: A Procura por Spock (nota 7)
Existe uma certa "maldição" que dizem afetar todos os filmes de número ímpar da série. De fato a coincidência é inegável, mas de todos os filmes ímpares, acredito que este seja o que menos pode ser considerado ruim (no caso do V, isso sim é filme ruim). Este começa imediatamente após os acontecimentos do II, onde somos apresentados a outro ótimo vilão, o Klingon impiedoso Kruge, interpretado por Christopher Loyd (o Doc de
De volta para o Futuro) de forma bastante pioneira. Eu acho que pela cronologia das filmagens, este papel foi o que definiu o verdadeiro modelo de Klingon para todos os que viriam depois dele. Este filme não é ruim, mas sofre com alguns problemas de falta de ritmo, poucos bons momentos de emoção (a luta final entre Kirk e Kruge é bem fraquinha), porém tem dois momentos muito fortes, *SPOILER ALERT*,
que são a morte do filho de Kirk, e a incrível auto-destruição da Enterprise *FIM do SPOILER*. No final, este filme não empolga tanto, mas serve como uma ótima ponte entre o II e o IV.
Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa (nota 9)
Este filme por incrível que pareça não tem um vilão propriamente dito. Apenas uma sonda espacial misteriosa que ameaça destruir a Terra com seus atos aparentemente não-hostís. Como Kirk e sua tripulação estavam em Vulcano quando esta sonda se aproximou da terra, eles tratam de se encarregar de concertar o problema. Eles precisam voltar no passado da Terra para resgatar duas baleias jubarte (que estão extintas no século 23), para que estas se comuniquem com a sonda misteriosa. Parece fácil não? o Spock sempre faz as coisas parecerem fáceis.
Este filme é muito mais leve e divertido do que os outros. Não há um disparo de phaser sequer nem uma briga de socos, apenas uma tripulação espacial tentando resolver seus problemas numa São Francisco no meio dos anos 80 para salvar a Terra do futuro. O que é realmente memorável neste filme é a interação entre os personagens clássicos, com diálogos impagáveis como a tentativa de Spock de aprender a usar "metáforas coloridas", ou seja palavrões, em suas frases e falhando miseravelmente. Neste filme temos o fechamento do ciclo de história que se iniciou no II, e de forma brilhante, engraçada memorável.
Bom, aí está. Pra quem nunca viu e tem algum interesse em começar a conhecer este universo que desperta tanta paixão na nerdaiada, não tenho conselho melhor do que começar por estes três filmes. Ou espere pelo
Star Trek que J. J. Abrahams irá nos trazer, e que pelos comentários iniciais de prévias vistas pelo mundo, tenho a certeza que será o filme do ano.