domingo, 6 de novembro de 2011

Top Secret! (nota 9)

Mais uma comédia de Jim Abrahams, desta vez com a parceria dos irmãos David e Jerry Zucker, as mentes doentias por trás de obras primas da comédia como Corra que a Polícia Vem Aí, Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, Top Gang!, e até os recentes Todo Mundo em Pânico 3 e 4. Apesar do filme ser antigo, e eu já conhecer todas as falas e piadas, foi uma ótima experiência rever o filme recentemente, pois as gargalhadas continuam garantidas com o besteirol tradicional do trio de diretores / escritores.
Pra quem não conhece, o cantor de rock americano Nick Rivers (vivido de forma incrível por Val Kilmer, com um tempo de comédia perfeito) é preso na Alemanha nazista pois foi confundido com um espião, mas nesse meio tempo ele acaba participando da resistência francesa, formada por personagens hilários como Latrine, Du Quois, Déjà Vu e Mousse de Chocolate. Como de costume, o longa satiriza diversos filmes, mas não se baseia em nenhum específico para dar o rumo a sua trama central.

O estilo de humor conhecido, e todas as piadas são ótimas e continuam funcionando muito bem. Em especial a do disfarce de vaca com galochas e manchas pretas circulares. O que notei neste filme foi um conteúdo maior de piadas sexuais, coisa que não é tão frequente nos filmes do trio de diretores.
Uma informação que encontrei, mas não consegui confirmar, foi que este filme, apesar de hoje em dia ser muito admirado, na época do seu lançamento foi considerado um fracasso tanto de crítica como de público. Vai entender. De qualquer forma, vale a pena rever para dar umas boas gargalhadas com as piadas mais bestas possíveis.

Top Gang 2! - A Missão (nota 7)

Como podem perceber pelas minhas últimas críticas eu ando com uma preferência absolutas pelas comédias. Então lá vamos nós para mais uma, que costumava ser uma das minhas comédias besteirol favoritas, mas que infelizmente perdeu o o posto. Acho que é um daqueles filmes que é melhor ficar na memória do que revê-lo. Pra tirar a cisma, terei que rever também o primeiro Top Gang! em breve.
Mais uma produção do diretor e escritor Jim Abrahams, mas desta vez sem a parceria com os irmãos Zucker, que juntos produziram outras pérolas da comédia como Top Secret!, Corra que a Polícia Vem Aí, e Apertem os Cintos o Piloto Sumiu, este conta novamente com Topper Harley (Charlie Sheen, hilário!) mas desta vez numa grande sátira ao personagem Rambo, que tem que resgatar prisioneiros que tentaram assassinar Saddam Hussein (que tem um bizarro problema língua presa), e resolver seus problemas amorosos com Ramada.
Quem conhece o estilo de humor do diretor sabe exatamente o que esperar. As tradicionais piadas que acontecem ao fundo da cena, piadas de cunho sexual, escatológico e absurdas (adoro a cena que, ao ficar sem balas na metralhadora, Toper agarra com a mão um punhado de balas e as arremessa contra vários soldados inimigos que caem mortos na hora), sem contar a contagem de corpos para se tornar o filme mais sangrento de todos os tempos.
Mas não sei dizer corretamente o que foi que deu errado pra mim desta vez. Eu praticamente decorei todas as piadas, mas isso não foi problema quando revi filmes como Apertem os Cintos O Piloto Sumiu, ou Monty Python e o Cálice Sagrado, que continuaram me matando de rir. Aqui parece que as piadas perderam um pouco da graça, e me peguei rindo forçadamente em certos pontos. Uma pena, pois adorava esse filme e acabou com um gosto um pouco amargo para mim.

Mas o elenco continua fenomenal. Charlie Sheen é sempre engraçado e consegue fazer piada de cara séria como poucos. A participação de Richard Crenna como o Coronel Denton Walters, uma sátira direta ao Coronel Trautman de Rambo interpretado pelo próprio Richard Crenna é algo especial, potencializando as piadas nas quais ele está envolvido. Mas quem merece o um lugar no topo do pódio é o magistral Lloyd Bridges, interpretando um bizarro, esquecido, mutilado, e pronto pra ação presidente americano.

É lógico que não estou falando que o filme é ruim, não me entendam mal, só não consegui entender por que desta vez ele não funcionou pra mim. Se alguém teve alguma experiência recente similar, convido a deixar seu comentário.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Guia do Mochileiro das Galaxias (nota 7)

Todo nerd que se preze conhece O Guia do Mochileiro das Galáxias, a trilogia de cinco livros escrita pelo britânico Douglas Adams, e considerada a maior obra de ficção científica/comédia da literatura. E isso não é dizer pouco, os livros são geniais, com um humor ácido, sarcástico, que me fez gargalhar em alto e bom som como nenhum livro antes. Então o grande desafio do filme que adapta o primeiro livro enfrenta é fazer jus a toda essa fama, e ele ao mesmo tempo que consegue brilhantemente transpor para a tela as páginas do livro, consegue também demolir o conceito com a parte do enredo que cria além do livro, consequentemente arruinando a chance de qualquer continuação. Já explico isso melhor.
O Guia é um tipo de enciclopédia de todo o conhecimento universal em cuja contracapa estão impressas em letras amigáveis as palavras NÃO ENTRE EM PÂNICO, e Ford Prefect é um alienígena que está locado na Terra para fazer pesquisa para o guia. Seu amigo terráqueo Arthur Dent é um típico inglês que não desconfia que o planeta está prestes a ser demolido por uma raça alienígena burocrática chamada Vogons, para que seja construída uma estrada hiperespacial. Para sobreviver eles pegam carona na nave do Presidente da Galáxia, Zaphod Beeblebrox, que busca o planeta Magrathea. Essa descrição parece boba e não chega aos pés do que é O Guia, mas ajuda aqueles que não conhecem a começar a entender.
Durante toda a viagem de Arthur Dent, O Guia fornece várias explicações hilárias sobre as peculiaridades do universo. E nesse ponto o filme soube incorporar de forma incrível essas explicações, seja sobre a origem do motor de improbabilidade infinta que impulsiona a nave Coração de Ouro, a explicação sobre a criação do universo, ou todo o pensamento de uma baleia que foi materializada na extratosfera de Magrathea até seu encontro com o chão. Vale aqui transcrever as primeiras linhas do livro que já mostram a genialidade do autor:
"Muito além, nos confins inexplorados da região mais brega da Borda Ocidental desta Galáxia, há um pequeno sol amarelo e esquecido.
Girando em torno deste sol, a uma distância de cerca de 148 milhões de quilômetros, há um planetinha verde-azulado absolutamente insignificante, cujas formas de vida, descendentes de primatas, são tão extraordinariamente primitivas que ainda acham que relógios digitais são uma grande idéia.
Este planeta tem ― ou melhor, tinha ― o seguinte problema: a maioria de seus habitantes estava quase sempre infeliz. Foram sugeridas muitas soluções para esse problema, mas a maior parte delas dizia respeito basicamente à movimentação de pequenos pedaços de papel colorido com números impressos, o que é curioso, já que no geral não eram os tais pedaços de papel colorido que se sentiam infelizes.
E assim o problema continuava sem solução. Muitas pessoas eram más, e a maioria delas era muito infeliz, mesmo as que tinham relógios digitais.
Um número cada vez maior de pessoas acreditava que havia sido um erro terrível da espécie descer das árvores. Algumas diziam que até mesmo subir nas árvores tinha sido uma péssima idéia, e que ninguém jamais deveria ter saído do mar.
E, então, uma quinta-feira, quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito que seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar, uma garota, sozinha numa pequena lanchonete em Rickmansworth, de repente compreendeu o que tinha dado errado todo esse tempo e finalmente descobriu como o mundo poderia se tornar um lugar bom e feliz. Desta vez estava tudo certo, ia funcionar, e ninguém teria que ser pregado em coisa nenhuma.
Infelizmente, porém, antes que ela pudesse telefonar para alguém e contar sua descoberta, aconteceu uma catástrofe terrível e idiota, e a idéia perdeu-se para todo o sempre."
 
Como escrevi acima, o filme consegue transpor bem o humor do livro, mas falha na hora de aumentar o conteúdo na tela. Toda a história extra criada com base no romance entre Arthur Dent e Trillian, talvez para tornar o filme mais "aceitável" pelos padrões hollywoodianos dão uma boa segurada no desenvolvimento do enredo. Com isso, a conclusão do filme, que alterou completamente o final do livro, tornou impossível qualquer continuação compatível com o segundo livro, O Restaurante no Fim do Universo. A escolha dos atores está muito boa, em um especial elogio tem que ser feito para Sam Rockwell, que entregou um imprevisível e bizarro Zaphod.

No geral eu gostei do filme, mas não gostei das adições que fizeram ao enredo original. O humor inglês non-sense ácido foi mantido, e pode servir para aqueles que não conhecem os livros a se interessar e correr atrás da genial obra completa de Douglas Adams, não sem antes pegar suas confiáveis toalhas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Spaceballs (nota 8)

Sempre fui fã das comédias de Mel Brooks, e me arrisquei a rever um filme que tinha muito perigo de ser um daqueles que ficam datados demais, afinal foi filmado em 1987, a paródia, S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço (mais um título horrível nacional, título original: Spaceballs). Apesar do estilo de comédia realmente ser um pouco antigo, as piadas continuam geniais, gerando gargalhadas genuínas. Para aqueles que gostam do estilo Mel Brooks de fazer humor, é um prato cheio, apesar do meu filme favorito do ator/diretor/escritor anda ser o Banzé no Oeste (Blazing Saddles, de 1974).
Esta paródia baseada obviamente em Star Wars não se limita somente a tirar onda com os personagens e com as situações similares com a obra parodiada. Usando de muita metalinguagem, o filme abusa de brincar com os produtos de merchandising relacionados com o filme, colocando a marca em tudo, até mesmo no papel higiênico. Até a própria fita de VHS é assistida durante o filme para que os vilões saibam para onde os heróis fugiram. Genial!
Falando em genial, a paródia do temível Darth Vader é simplesmente espetacular! Escalar o baixinho Rick Moranis no papel de Dark Helmet, com um capacete gigantesco e usando uma gravata é uma piada constante, e toda cena que ele está presente é certeza de risada. Ajuda ainda mais o fato de suas falas serem as melhores e mais hilárias do filme. O mesmo já não se pode falar da escolha do canastrão Bill Pullman para o papel de Lone Starr, uma mistura dos personagens Luke Skywalker e Han Solo. Ele não consegue despertar a mesma empatia que seu parceiro Barf, vivido pelo saudoso John Candy. As verdadeiras gargalhadas mesmo ficam por conta do núcleo vilanesco formado por Dark Helmet, Coronel Sandurz e o Presidente Skroob, vivido pelo próprio Mel Brooks, que também interpreta Yogurt, a sua versão do Mestre Yoda.
É claro que coisas como efeitos especiais e sonoros ficaram datados. Ainda mais se tratando de um filme que mesmo para sua época não deve ter tido grandes orçamentos para estes quesitos. O que importa aqui é o humor, que continua afiadíssimo. Das milhares de paródias feitas em cima de Star Wars, essa certamente merece um lugar de destaque entre as melhores.