domingo, 17 de fevereiro de 2013

Argo (nota 9)

Quem diria que o canastrão do Bem Affleck se tornaria um diretor tão talentoso? E com grande risco de ganhar o Oscar de melhor filme? Só não vai ganhar o de melhor diretor, pois a Academia fez a cagada de não indicá-lo. Todos os prêmios até agora (Globo de Ouro, SAG, etc) o premiaram como melhor diretor, mas o Oscar tem sempre que dar alguma mancada, vai entender.

De qualquer forma, o que vale mesmo é a qualidade do filme, e estamos falando de um filmaço baseado em fatos históricos reais. Em 1980 no Irã, durante a Crise dos Reféns, quando a tomada da embaixada americana por uma massa furiosa, e 6 diplomatas conseguem fugir e se escondem na casa do embaixador canadense.

Bem Affleck interpreta Tony Mendez, um agente secreto da CIA especializado em resgates difíceis como este. E o plano que bolam envolve uma produção falsa de filme hollywoodiano, uma imitação barata de Star Wars, e posa de produtor em busca de locação no Irã. É interessante como o filme ao mesmo tempo faz uma homenagem e também critica a indústria do cinema hollywoodiano.

É incrível saber que essa história é verdadeira, e os detalhes são mais impressionantes ainda. Nos dias de hoje, muitas das coisas que acontecem são impensáveis, mas em 1980 as coisas eram bem diferentes. E mesmo sabendo o que vai acontecer no final, o filme consegue proporcionar ao espectador uma sensação de perigo constante e tensão incríveis. Nunca fiquei tão tenso em ver uma cena que mostra uma fila num aeroporto.

As atuações do filme estão ótimas. Bem Affleck se superou, mas o elenco todo está incrível, em especial John Goodman, Bryan Cranston e Alan Arkin. O desenrolar da trama tem um ritmo perfeito e as 2h de filme passam voando. E a cereja no bolo é ver ao final, junto com os créditos, algumas fotos reais da época e como elas foram recriadas nas cenas à perfeição, fazendo cair a fixa de quem ainda não tinha se ligado do qual real foi o perigo que estas pessoas passaram.

Se tudo correr bem, espero que este leve a estatueta de melhor filme no Oscar. Será muito justo. Argo fuck yourself!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Operação Invasão (nota 7)

Um filmão de ação imperdível para os fãs do gênero. Este filme Indonésio tem tudo o que um ótimo action flik precisa: tiroteio de qualidade, pancadaria de qualidade, pouca enrolação e enredo simples.

O enredo até e bem parecido com o do Dredd: um esquadrão de policiais invade um prédio dominado por um bandidão distribuidor de drogas, mas as coisas se complicam e antes de 25 min de filme mais da metade dos policiais é morto, e dentre os que sobraram está o novato Rama, que deixou sua esposa grávida em casa.

O resto do filme não tem erro, muita pancadaria de altíssima qualidade, abusando dos movimentos de muay thai, mas sem firula. Todas as coreografias parecem lutas reais, sem floreios desnecessários, com golpes mais realistas e aplicáveis a situações reais onde é possível sentir cada impacto na tela.

A violência é bem explícita. Não foram poupados muitos litros de sangue falso. E seja devido aos tiros, facadas ou cabeças atiradas contra o chão. Se eu tenho alguma critica negativa pra fazer com relação às lutas, é que alguns personagens apanham tanto, mas tanto, e continuam de pé com o fôlego inteiro. Mas nada que estrague a diversão. É adrenalina na veia!

Dredd (nota 8)

Orçamento grande nem sempre é sinônimo de qualidade. Isso é uma coisa óbvia, mas parece que os cineastas hollywoodianos às vezes esquecem isso. Felizmente, de vez em quando se lembram disso e nos brindam com filmes pequenos, mas memoráveis. Vejam bem, não estou falando de filmes independentes, falo de produções de porte médio pra pequeno de grandes estúdios, mas com um feeling de independente.

E por que digo isso? Pois um filme como Dredd, adaptação dos quadrinhos, teria tudo para descambar pra um filme enorme e megalomaníaco, mas ao restringir o orçamento e obrigar os roteiristas a pensar mais, acabamos ganhando um ótimo filme de ação do personagem que merecia ser revisitado após a tranqueira dos anos 90 com o Stallone.

O enredo é bem simples, numa cidade futurista tomada pelos megablocos, condomínios imensos de 200 andares que ocupam quarteirões inteiros, uma nova droga chamada slo-mo toma as ruas. Os efeitos da droga fazem o usuário perceber o tempo passando com 10% da velocidade normal, deixando tudo em câmera lenta. E nesse futuro tomado pela criminalidade, os Juízes são os responsáveis pela ordem pública, e são os juízes, júri e executores da pena no ato, sendo o mais notório destes o juiz Dredd.

O filme se passa todo dentro de um desses megablocos dominado pela gangue de Ma-Ma, que fabrica o slo-mo, enquanto Dredd treina uma juíza novata durante essa missão. O que importa é que as características do personagem foram mantidas à risca. Dredd nunca tira o capacete, sua arma tem todos os tipos de munição, e Dredd é imperdoável na hora de executar a pena dos meliantes. Karl Urban na pele de Dredd faz tudo que deve ser feito, sem exageros ou afetações. Faz cara de mau, voz de bad ass ser forçada como a do Batman, e chuta bundas com força.

As cenas de ação do filme estão ótimas, exatamente o que se espera de um filme desses, mesmo se tratando de um cenário um tanto limitado e até claustrofóbico. O destaque fica para as poucas cenas de tiroteio observadas do ponto de vista de um usuário de slo-mo. O visual é incrível, e a violência ainda mais explícita, quando uma bala passa lentamente pelo pescoço de um bandido, e o sangue explode lentamente na saída da pala em um vermelho vivo e cintilante. Para os fãs de cinema de ação, é um prato cheio.

Django Livre (nota 7)

Ok, esta vai ser uma crítica muito difícil de escrever. Adoro os filmes do Tarantino, e estava muito curioso para conferir seu western, mas confesso que saí do cinema com um gosto um pouco amargo na boca. Mas assim como aconteceu com Bastardos Inglórios, que também não me agradou de imediato, preferi deixar o filme decantar na minha cabeça antes de dar minha opinião. No caso do Bastardos, passei a gostar muito do filme, mas infelizmente o mesmo não aconteceu com Django.

Está certo que ainda se trata de um filme do Tarantino, e muitas das qualidades habituais do diretor/roteirista continuam presentes, como os diálogos excelentes, os personagens cativantes, o sarcasmo, as mortes violentas e bizarramente engraçadas, e muito, muito sangue espirrando pra todos os lados.


Mas a falta de algumas das características acabou enfraquecendo o filme, como por exemplo, a linearidade. Geralmente os filmes do Tarantino costumam brincar com a montagem do filme fora de ordem, indo e voltando no tempo. Em Django, onde optaram por um enredo linear, aliado a longa duração do filme com 2:45h, deixaram o filme muito cansativo. E os defensores do ator que me perdoem, mas Jamie Foxx não serve para ser protagonista do Tarantino. O diretor costuma arrancar interpretações geniais dos atores mais improváveis, mas nem ele foi capaz de melhorar o Jamie Foxx.

Mas pelo menos isso é compensado em parte pelo restante do ótimo elenco. Christoph Waltz volta novamente e rouba a cena sempre que está nela. Leonardo DiCaprio entrega um excelente e odioso vilão, acompanhado por um Samuel L. Jackson brilhante como eu não via em muito tempo. 

O enredo de vingança  de um ex-escravo contra os donos de sua mulher, tem momentos estranhos e não muito bem encaixados, fazendo deste o roteiro menos inspirado do cineasta, infelizmente. Se tratando de um western, é um bom filme, mas se tratando de Tarantino, ficou bem abaixo dos últimos trabalhos do cineasta. De qualquer forma vale ser conferido sem sombra de dúvida.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Looper: Assassinos do Futuro (nota 9)

Uma das mais gratas surpresas do ano passado. Looper chegou de mansinho, sem fazer nenhum barulho, mas conquistou aos fãs de ficção científica com um enredo interessante que envolve o espectador e o deixa atento até o surpreendente final.

É sempre complicado elogiar um filme de ficção científica que abusa um pouco to tema viagem no tempo. O cinema tem alguns muito bons, que tentam explicar demais, e outros clássicos queridos de todos como De Volta para o Futuro, que tem furos incríveis quando se trata de teorias de viagem no tempo. Mas eu não vou ser o chato aqui que vai ficar apontando esses defeitos, pois sei muito bem ignorar pequenas falhas se elas trabalharem a favor do bom entretenimento.

E nesse ponto Looper acerta em cheio. Usa muito bem a viagem no tempo em favor de um bom roteiro, e joga na cara dos chatos de plantão com um belo diálogo entre os personagens principais que não adianta ficar ali discutindo teorias, aceite e ponto final. Genial por parte dos roteiristas.

O enredo é o seguinte: num futuro dominado pela máfia onde existe uma forma de mandar pessoas pro passado numa viagem só de ida, pessoas são mandadas de volta para serem assassinadas e não deixar vestígios. Joe (Joseph Gordon-Levitt) é um desses assassinos contratados, e quando um dia ele tem que assassinar a sua própria versão mais velha (Bruce Willis), as coisas complicam.

A maquiagem feita em Joseph Gordon-Levitt para ficar com a aparência do Bruce Willis mais jovem está incrível, assim como sua atuação, que incorpora vários trejeitos do ator veterano, e o consolida como um ótimo ator para filmes de ação. Willis está bem como sempre, o eterno John McLane tem aqui um trabalho acima da média dentro dos seus habituais. Além deles, a presença da Emily Blunt sempre é bem vinda, certo?

O roteiro ajuda muito, e foge da mania atual de Hollywood de explicar em excesso, como se todos os espectadores fossem burros, e entrega diversos mistérios que prendem a atenção até o fim. Uma excelente ficção científica como eu não via a muito tempo, vale muito a pena ser conferido.