sábado, 9 de junho de 2012

A Mulher de Preto (nota 6)

Eu tenho um problema com filmes que, se não fosse pela escalação de algum ator específico, seja qual for a razão, dificilmente mereceriam algum destaque. No caso de A Mulher de Preto, a escalação do ator Daniel Radcliffe, ninguém menos do que o Harry Potter, é tanto o que chama a atenção para o filme como também é o seu maior problema. 
Durante boa parte deste terror bem executado, me peguei esperando que o personagem principal Arthur Kipps puxasse uma varinha mágica. É muito difícil dissociar um rosto de um personagem tão popular (Mark "Luke Skywalker" Hamill manda um alô), ainda mais neste caso que a atuação de Radcliffe não é lá essas coisas. O problema do personagem é aceitar todos os estranhos eventos sobrenaturais que acontecem à sua volta de forma muito natural, quase sem nenhum susto ou surpresa, e muito menos sem nenhum questionamento. Nesse último caso, diria que a culpa é muito do texto e do estilo de terror britânico, que deixa o personagem sozinho quase todo o tempo de tela dentro do casarão sem ter com quem dialogar. Também entendo que o ator se parece muito mais jovem do que o personagem deveria ser.
Pelo lado bom, a tensão e o suspense que geralmente levam a um belo susto são muito bem construídos, em parte graças ao incrível cenário onde se passam as cenas mais tensas, um casarão antigo e abandonado construído em uma ilha cujo único acesso é uma estrada que passa a maior parte do dia alagada no meio de um pântano. O que ajuda também é o ritmo mais lento do filme, que vai te apresentando a bizarra trama aos poucos, construindo a tensão lentamente. O clima de estranheza no povoado próximo ao casarão diante do visitante de Londres é perturbador, deixando aquela sensação de "ou estão todos loucos ou o eu estou louco". Infelizmente, o final é bastante previsível.
Acho que foi corajoso de Daniel Radcliffe encarar um cinema de gênero como sua primeira tentativa fora do mundo de Harry Potter, mas infelizmente este não possibilitou a ele tentar mostrar algo diferente. O filme cria um bom clima de terror, mas falha na hora de concluir com alguma inovação. Vale a pena conferir para tomar uns bons sustos.

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