quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tron: O Legado (nota 7)


Apesar de hoje ser muito difícil ver o Tron original de 1982, pois a computação gráfica na qual o filme se baseia obviamente ficou muito datada, eu ainda sou um grande fã. E fiquei empolgadíssimo com os primeiros trailers e teasers da continuação Tron: O Legado, gerando grande expectativa. Infelizmente toda esta expectativa não foi totalmente correspondida, e se não fossem alguns pontos muito positivos do filme, provavelmente eu estaria dando uma nota bem mais baixa pra ele.
Vamos começar pelo lado bom. O visual do filme é expetacular! Não dá pra desgrudar os olhos da tela o tempo todo, apreciando os belíssimos cenários virtuais, com muita transparência e paredes de vidros. A iluminação dos prédios e veículos todas compondo com o incrível figurino dos personagens (bem menos exagerados na quantidade de "circuitos" nas roupas). As cenas de ação estão muito boas, principalmente as sequências de perseguição de veículos. As lutas poderiam ter sido mais bem trabalhadas, mas não incomodam. Agora a trilha sonora composta pela dupla Daft Punk perfeita e encaixa certinho com o visual do filme.
Porém, como já escrevi acima, o filme tem vários problemas. Pra começar a escalação de Garrett Hedlund para o personagem principal Sam Flynn não foi muito acertada. O cara é bem fraquinho e deixa a desejar em várias cenas. Mas o pior mesmo, e esse é sempre o ponto que eu mais critico, é o roteiro. A alma de um bom filme é um bom roteiro, e neste longa a coisa é tão atrapalhada que em diversos momentos do filme nem lembrava qual era o motivo de tudo aquilo estar acontecendo... e quando lembrava desta motivo percebia que ele é bem besta. Ou seja, toda a razão para aquilo que estamos vendo na tela é desinteressante, tornado tudo uma grande colcha de retalhos de cenas que no final das contas não fazem muito sentido quando se olha para o quadro geral.
Preciso dar um destaque para o vilão do filme, o personagem Clu, que é a versão mais jovem de Kevin Flynn, vivido novamente por Jeff Bridges, porém com toneladas de maquiagem digital para rejuvenescê-lo, da mesma forma que fizeram com Brad Pitt em Benjamin Button. Eu estava com um pouco de medo pois ainda hoje é muito difícil construir um personagem humano digitalmente que seja crível. Sempre existe aquele olhar ou uma boca muito falsa que atrapalha, mas em Tron: O Legado, Clu tem muita presença de tela e está tão bom que a partir de um certo momento até esquecemos que estamos vendo um construto digital.

A verdade é que o filme vale pelo excelente visual combinado com incrível trilha sonora, apoiado em muito saudosismo e homenagens ao longa original, mas duvido que seja possível criar uma nova franquia. Tem muita coisa pra melhorar antes disso.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Karate Kid (nota 7)

Remakes de filmes outrora consagrados sempre são perigosos. Eles podem tanto trair o conceito original a ponto de ofender os fãs antigos, podem ser meramente "mais do mesmo" onde não há nenhuma novidade digna, ou eles podem ser uma bela homenagem que atualiza alguns conceitos já meio datados. Felizmente este novo Karate Kid (que poderia ser perfeitamente chamado de Kung Fu Kid), se encaixa no terceiro tipo, sendo impossível não sorrir ao final com a mesma agradável sensação ao o clássico oitentista despertava no seu tempo.
A idéia central e o "feeling" são exatamente os mesmos do longa original. Uma mãe e seu filho se mudam para a China, e o jovem Dre Parker se vê num lugar estranho já sendo ameaçado por bullies chineses que o atormentam. Então Dre, após ser salvo por um zelador solitário, o Sr. Han, começa a treinar kung fu com o Sr. Han para competir contra aqueles que o atormentavam. E as cenas de treinamento são intensas e muito reais, não tem mais só encerar o carro e pintar a cerca. Dá pra ver que o menino teve que suar de verdade para executar alguns movimentos e acrobacias.

Dre é interpretado pelo filho de Will Smith, o novato Jaden Smith, que entrega um personagem muito bom. Ele obviamente é muito diferente do Daniel-san, a começar pela sua atitude, mais engraçadinha e manhosa. Felizmente não é um personagem irritante como muitas crianças são no cinema, e mesmo jovem já demonstra ser muito parecido com o pai, principalmente nos gestos. Agora o genial Jackie Chan está incrivelmente bem no do mestre, o Mestre Miyagi ficaria honrado. Jackie entrega uma interpretação muito pessoal, sem nunca tentar imitar o finado Pat Morita, e tem aqui o que acredito que seja eu melhor papel dramático no cinema. Para os que se lembram da cena do Mestre Myiagi bêbado no filme original, preparem-se para uma cena muito mais emocional neste remake.

Nem tudo são maravilhas, é claro. O filme tem alguns defeitos, que nem são tão graves assim, mas tiram todo o realismo que era mais presente no filme original. Obviamente que com a mudança do karate para o kung fu, aliado a tendências mais atuais de lutas bem coreografadas, os combates entre crianças de 12 anos são absurdamente complexos. Alguns golpes são dignos de artistas marciais com muitos anos de experiência, e são distribuídos com a maior facilidade pela molecada.

É isso, eu gostei bastante do remake que faz juz ao original sem tentar substituí-lo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os Mercenários (nota 6)

Tá aí um filme que é pura testosterona. É só começar a listar os nomes do elenco que já se sabe muito bem o que esperar do filme. Sylvester Stallone dirige e atua uma tonelada de nomes do cinema de ação, alguns que ainda tem bom status de estrela, outros que já foram esquecidos mas ainda sabem chutar bundas. E a lista não é pequena: Jason Statham, Jet Li, Dolf Lundgren, Randy Coture e Steve Austin (ambos lutadores de vale tudo), Mickey Rourke, Terry Crews (o pai do Cris em Todo mundo odeia o Cris), e participação especial de ninguém menos que Bruce Willis e Arnold "Governator" Schwarzenegger. Combinando estes nomes a um filme no estilo oitentistas de filmes de ação onde um grupo extermina uma pequena nação sozinhos, já se sabe muito bem o que esperar, certo?
Porém, vou confessar que fiquei levemente desapontado, e culpo isso na edição e montagem do filme. De uma forma geral a edição é muito caótica, e tira a noção de continuidade de algumas cenas. Com nomes como Statham, Li, Coture e Austin, todos lutadores com excelentes habilidades atléticas, os ótimos combates corpo a corpo de seus personagens ficaram muito picotados e intercalados com outras cenas, desta forma se perde a sensação de continuidade do combate, seja na força bruta de Coture e Austin, ou seja na habilidade e estilo de Li e Statham (este protagonistas dos melhores combates). Como não se pode deixar de lado, também temos MUITAS explosões e tiroteios, bem dentro do que se esperava, nada muito inovador.
Obviamente que não podemos esperar muito em termos de atuação, e algumas são bem sofríveis. O roteiro também não ajuda, dando diálogos muito ruins para entrelaçar as cenas pancadaria e tiroteiro com um fiapo de enredo mal explicado e rapidamente esquecido. O motivo inicial é muito fraco e a continuação deste motivo é pior ainda.
A direção de Stallone também já foi muito melhor. Ele mandou muito bem em Rocky Balboa (vulgo Rocky 6) e até mesmo em Rambo VI, mas em Os Mercenários, o filme demora muito pra pegar no tranco. Somente na última meia hora, quando a batalha final começa, é que há alguma emoção. Mas tudo bem, vamos dar um desconto, afinal ele estava distraído pelos macacos brasileiros no ombro dele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Harry Potter e as Relíqueas da Morte Parte 1 (nota 9)

Após longas e merecidas férias, estamos de volta aos filmes também. E nada melhor pra retomar do que um aguardadíssimo sétimo filme de Harry Potter. E vou logo começar elogiando a ótima iniciativa de dividir este último livro em dois filmes. A quantidade de informações e acontecimentos é enorme e se fosse tudo apertado em um só filme iria ficar uma porcaria. Felizmente decidiram pela divisão, nos brindando com o filme mais fiel ao material original em toda a série.

E não ficou faltando nada mesmo, até os longos períodos de fuga e esconderijo do trio principal estão lá, proporcionando ótima interatividade entre os três personagens e demonstrando que os atores não só cresceram fisicamente, mas que suas habilidades e qualidades de interpretação melhoraram muito. Os intérpretes de Harry, Ron e Hermione estão muito bem, tendo condições de realmente atuar dramaticamente  não decepcionaram. Dou destaque especial para o ator que faz Ron Weasley, que demonstra ótimo potencial.
O ritmo do filme foi muito bem trabalhado. O que poderia ter se tornado um filme parado e chato foi muito bem construído, alternando cenas de muito diálogo e discussão com muita correria e tiroteio das varinhas. As quase 2h30min de duração passam voando, só pra deixar aquele gostinho de quero mais ao "final". Se considerarmos que o filme anterior, Harry Potter e o Enigma do Príncipe era o prelúdio do fim, aqui temos o meio com final digno de Star Wars e o Império Contra-Ataca.
E pra quem não leu o livro e não sabe o que esperar, um aviso: esse filme tem um tom totalmente diferente de todos até agora. Ele é muito pesado, sério e sombrio. Não há mais ano letivo na escola, apenas fuga pela sobrevivência com direito a muitas mortes pelo caminho. Algumas são chocantes, outras são cruéis, mas foi muito bom ver que não pouparam a tensão e o sangue que muitas cenas mereciam de fato.
A minha única crítica negativa não é culpa deste filme exatamente, mas sim da série toda no cinema. Como este longa não excluiu nada do livro a quantidade de informações necessárias para se entender completamente o que está acontecendo é muito grande. E como infelizmente os capítulos anteriores tiverem muitos cortes importantes (principalmente o anterior Harry Potter e o Enigma do Príncipe que foi mutilado e perdeu dados cruciais para este último), quem não leu os livros pode facilmente se perder no meio do caminho, sendo obrigado a perguntar para outras pessoas depois.

Mas certamente é um filme obrigatório e que atinge os melhores níveis no cinema desde o primeiro capítulo.