terça-feira, 30 de outubro de 2012

007 – Skyfall (nota 9)


Sempre fui fã dos filmes do agente britânico com licença para matar. Vi todos os filmes com todos os atores e conheço toda a mitologia do herói. E confesso que estava ficando bem cansado da mesmice que cercava as aventuras de James Bond ao final da era Pierce Brosnan. Por isso, adorei Cassino Royale, era o filme que o 007 precisava para se reerguer na atualidade como um personagem relevante. Já com Quantum of Solace, o medo de velhas fórmulas voltarem a aparecer, aliada a modas hollywoodianas (boa parte culpa de Jason Bourne), tornaram o segundo longa com Daniel Craig um filme bem genérico e sem nenhuma relevância. Felizmente, graças a um ótimo roteiro, um ótimo elenco e um ótimo diretor, Skyfall não tem nada de genérico, e antes de ser um excelente filme de 007, é um baita filme de ação e espionagem.


Pra começar, estava mais do que na hora de colocarem o espião nas mãos talentosas de algum diretor de “marca”. Apesar de eu não ser muito fã dos filmes “mundo cão” de Sam Mendes, não há como não reconhecer a qualidade do diretor, e o estilo imposto por ele em Skyfall caiu como uma luva em James Bond, e trouxe uma bem vinda mudança de ares à série que, por muito tempo nas mãos de diretores genéricos de ação, precisava de uma mudança. A fotografia de certas cenas ficaram impressionantes, como por exemplo a luta nos arranha céus de Shanghai, com os personagens no escuro e apenas os luminosos no fundo.


Outro fator que me agradou muito também foi o roteiro tratar de um assunto mais contido. Já deu no saco as tramoias megalomaníacas de conquista mundial, desta vez quem está em risco é o próprio MI-6. Além disso, o enredo trás ótimas reviravoltas, além de tratar muito bem seu personagem principal, dando muito mais carisma e bagagem emocional a James Bond. Aqui certamente temos a melhor versão do personagem da trilogia feita por Daniel Craig, que não decepciona. Os diálogos entre Bond e M, ou Bond e o novo Q, e ainda mais com o vilao são incríveis. É claro que, como de costume, o espião viaja por todo o planeta, em locais incríveis e exóticos.


Mas o que seria do herói sem seu antagonista? E novamente o filme nos surpreende com outro excelente personagem, o vilão Silva, em mais uma excelente interpretação de Javier Bardem. Ele consegue ser estranhamente hilário, tirando risos da plateia com sua afetação meio afeminada, mas seus estratagemas brilhantes conseguem enganar a todos de forma genial. Está certo, posso concordar que seus planos são perfeitos demais para serem críveis, até bem parecidos com os do Coringa em Cavaleiro das Trevas, mas no envolvimento do filme é impossível ficar achando defeito nisso.


É interessante que o filme fica a todo momento fazendo comparações entre o novo e o velho, e com isso faz muitas referências e homenagens aos longas antigos desta cine série que completa 50 anos nas telonas. Os fãs de longa data do agente secreto irão vibrar com as referências e aparições, e certamente irão gostar muito deste longa.


TED (nota 8)


Depois de um longo período afastado das críticas de cinema, finalmente estou de volta. A culpa disso é principalmente de uma preguiça absurda, mas também devido ao meu envolvimento em um novo projeto junto com a Ju relacionado ao site dela, o Passaporte Orlando. Em breve novidades. Mas chega de papo e vamos ao que interessa. Ted é um filme que eu queria muito ver, por ser um grande fã das séries animadas Family Guy e American Dad, frutos da mente doentia e genial de Seth MacFarlane. Em certos pontos o filme é tudo o que alguém com o senso de humor meio alterado (me incluo nesses) poderia esperar, mas em outros peca feio por tentar se adequa a formulas tradicionais, mas no geral o saldo é bem positivo.


Aqueles que já conhecem o tipo de humor de Seth MacFarlane, devem ter uma boa ideia do que irão encontrar pela frente. O humor imperdoável, politicamente incorreto ao extremo, não perdoa ninguém, nenhum grupo, religião, etnia, e por aí vai. E as piadas são muitas e são geniais, mesmo as que recorrem a uma boa dose de baixaria e palavrões. Além das muitas auto referências (em certos momentos o ursinho Ted imita a voz de certos personagens do Family Guy, dublados pelo próprio MacFarlane), como um bom nerd, não faltam referências a cultura pop americana em geral. Acho provável que muitos brasileiros não entendam algumas das piadas com referências muito atuais, o que pode prejudicar um pouco a diversão para alguns. Sei que fazia muito tempo que eu não gargalhava tanto e tão alto numa sala de cinema.


O problema do filme ao meu ver foi a necessidade de tentar encaixá-lo numa estrutura meio padronizada de roteiros hollywoodianos de comédias. Não sei se isso foi alguma imposição do estúdio, ou foi algo necessário para possibilitar a realização do filme, mas isso acabou deixando o último terço de filme muito fraco comparado com o restante. A inclusão de um vilão muito fraco quebrou demais o ritmo da comédia, e se não fossem os primeiros dois terços hilários, não passaria de uma comédia mediana.


O casal principal está ótimo, Mark Wahlberg e Mila Kunis estão bem a vontade para encarar as bizarrices do roteiro, e a interação de ambos com o urso Ted, dublado por MacFarlane, é tão natural que esquecemos que o urso é um ser digital. A narração do Patrick Stewart, o eterno Cap. Picard e colaborador tradicional de MacFarlane, só ajuda. E sem estragar a surpresa, a participação rápida e silenciosa de Ryan Reynolds é de rolar de rir. Não faltam bons motivos para dar muita risada, mas é necessário um senso de humor menos restrito para apreciar na íntegra.