quarta-feira, 28 de março de 2012

Bravura Indômita (nota 8)

Eu tinha grande receio deste filme, e por esse motivo levei tanto tempo para vê-lo. Não por se tratar de um western, muito pelo contrário, gosto muito de westerns, mas sim por ser um filme da renomada dupla de diretores Ethan e Joel Coen. Sei que os irmãos tem muitos fãs, mas eu não suporto os filmes deles, principalmente os que são rotulados como comédia como Queime Depois de Ler, por exemplo, que achei insuportável. O primeiro filme deles que me atraiu um pouco mais foi o vencedor do Oscar Onde os Fracos Não Tem Vez, mas mesmo assim é um filme com ritmo diferente, típico dos diretores, que não agrada qualquer um. Talvez pelo fato de Bravura Indômita ter um ritmo um pouco diferente do habitual para os diretores, foi muito mais fácil gostar deste ótimo western.
Mattie Ross é uma jovem que procura vingança pela morte de seu pai pelas mãos de um bandido falido chamado Tom Chaney. Para ajudá-la na caçada por Chaney ela contrata a ajuda do oficial Rooster Cogburn e o Texas Ranger Labeuf. Rooster é um velho gordo e bêbado, mas cuja bravura é famosa na captura de bandidos, e é com ele que Mattie tem a melhor relação. O trio parte em busca de Chaney, e encontra outros bandidos comparsas no caminho, resultando em tiroteio, sangue e mortes.
Os diálogos do filme são um show à parte. Apesar da pouca idade, Mattie tem uma língua afiada e franca, e conhece o linguajar mais refinado dos adultos. Por tras de toda a bebedeira de Rooster, nota-se uma pessoa honrada em cumprir seus contratos, não importa como. Os atores estão incríveis em seus papeis, a jovem Hailee Steinfeld impressiona, Matt Dameon convense como um Ranger inexperiente, mas é Jeff Bridges que rouba a cena sempre. A sua interpretação de Rooster é genial, com o sotaque sulista extremamente carregado, o tapa-olho e a postura de quem está constantemente intoxicado por whiskey. A interação de todos os personagens é muito boa, mantendo o interesse do espectador durante todo o filme.
Existem certos momentos que fica claro o toque do "humor" bizarro dos Coen (o que diabos é aquele doutor urso?), mas felizmente isso ficou bem contido e não atrapalha o filme. Para aqueles que gostam de um bom western, vale a pena conferir. Só lembrando que este é mais um dos ótimos filmes que concorreu ao prêmio de melhor filme no Oscar 2011, junto com outros ótimos filmes como 127 Horas, O Discurso do Rei, Cisne Negro, Toy Story 3, O Vencedor e A Rede Social. Comparando com o fraquíssimo Oscar 2012, qualquer um destes filmes levaria facilmente o prêmio em 2012.

O Preço do Amanhã (nota 4)

Este filme é mais um daqueles que merecem o o título de "ótima idéia, péssima execução", se juntando a outros filmes que começam muito bem mas se perdem no meio do caminho, entregando uma experiência abaixo do esperado. Por outro lado, se sua expectativa for baixa, pode acabar gostando um pouco mais. O filme também sofre com a falta de identidade, passeando demais por diversos estilos, dificultando a identificação com o filme.
 Um rápido resumo. No universo onde o filme se passa os humanos tem a possibilidade de viver para sempre, desde que achem mais tempo para isso. Todos os humanos param de envelhecer aos 25 anos de idade, mas o problema é que a partir deste momento, só tem mais um ano de vida, a não ser que ganhem mais tempo. Todos tem um enorme relógio verde no braço que indica o resto do tempo que tem para viver, e o contato entre as pessoas pode transferir tempo de um para o outro. Desta forma a moeda corrente no mundo todo é tempo, tudo custa tempo, itens comuns custam minutos, itens de luxo custam meses ou anos de vida, e todos trabalham para ganhar mais tempo. 
Will Salas (Justin Timberlake) é um trabalhador do gueto, bairro mais pobre onde todos estão sempre a beira da morte (ou falência?), trabalhando para ganhar o tempo suficiente para viver o dia seguinte, até que ele salva um "ricaço suicida" que dá para ele mais de cem anos de vida, que ele usa para chegar aos bairros mais nobres, onde conhece Sylvia Weis (Amanda Seyfried), filha de um ricaço. Lá ele toma conhecimento da bolsa de valores que retira o tempo das regiões mais pobres para dar mais tempo aos mais ricos. Então ele toma uma atitude para mudar tudo, enquanto é perseguido pela polícia do tempo e uma gangue que quer roubar seu tempo.
 A descrição do conceito ceral do filme é muito interessante, e lembra de longe uma ficção asimoviana, mas a execução do filme deixa muito a desejar. O que era pra ser uma ficção passa a ser um filme de assalto que mistura Bonnie e Clyde com Robin Hood, num ambiente com visual semi-futurista monótono que lembra muito filmes como Gattaca e Equilibrium. Além disso o roteiro cheio de furos e reviravoltas sem explicação, como a súbita ligação do pai de Will Salas, nunca citado até o momento, com sua atual situação passa a ser um grande motivador, só para ser completamente esquecido logo após.

A impressão que ficou foi de um ótimo começo para um meio e fim fracos e bagunçados, como se os roteiristas não soubessem o que fazer com o conceito que criaram. Um desperdício.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Rango (nota 7)

Rango é mais uma daquelas animações que pode enganar a pessoa desinformada. Apesar do visual as vezes infantilizado, que antropomorfiza animais como personagens, assim como acontece em O Fantástico Sr. Raposo, esta é uma animação para adultos, pois tenta lidar com temas existenciais de forma meio atrapalhada, além de se utilizar de um humor um pouco mais sofisticado, e uma linguagem cinematográfica bem refinada com direito a referências que só adultos vão pegar. Mas apesar de parecer algo muito sério, a animação é bem divertida e vale a pena conferir.
Rango é um camaleão doméstico que acaba largado no meio do deserto de Mojave, e acaba encontrando uma cidade empoeirada no melhor estilo dos westerns, que está com um grande problema de abastecimento de água. Nela exitem todos os tradicionais tipos de westerns. Tem o barman do saloon, tem o banqueiro, a filha do fazendeiro, o rancheiro rico e que parece ter um plano obscuro. Como um bom camaleão, Rango aproveita a oportunidade de se tornar outra pessoa, e depois de muitas mentiras acaba sendo nomeado Xerife da cidade, e é aí que os maiores problemas acontecem.
A direção ficou a cargo de Gore Verbinski, o mesmo da primeira trilogia de Piratas do Caribe, e faz muito bem o trabalho de abusar de câmeras e ângulos estranhos que normalmente seriam difíceis de se consegui com atores reais. Além disso, sua óbvia afinidade com Johnny "Sparrow" Depp contribuiu muito para a criação do personagem Rango, que é fantástico. A dublagem de Depp está melhor do que nunca, e a vida que ele injeta nos pequeninos olhos de Rango é fora do comum.

Não é uma animação comum, ela tenta ser adulta demais, mas consegue ser leve quando necessária. Não deve agradar a qualquer público, mas aqueles acostumados a filmes fora do padrão devem se entreter bem, como eu me entretive.

domingo, 4 de março de 2012

As Viagens de Gulliver (nota 3)

Fiquei meio longe do blog por culpa de um vício meio incontrolável em Elder Scroll V: Skyrim, mas agora que finalmente recuperei minha alma, voltei aos filmes, e a volta não foi das melhores. As Viagens de Gulliver é um filme feito para divertir a família toda, mas isso só vai ser possível se a família inteira for muito fã de Jack Black.

O filme empresta somente a situação principal do livro homônimo, e transforma tudo numa comedia boba com direito a uma overdose de Jack Black e todas as suas conhecidas manias e trejeitos. E ele faz questão de esfregar na tela todas as suas referências nerds como Star Wars, por exemplo, videogames e muito hevy metal. Eu até gosto das comédias de Jack Black, gosto de seu estilo. As participações dele em Trovão Tropical e Alta Fidelidade são ótimas, e sua dublagem de Po nos dois Kung Fu Panda é brilhante. Mas aqui ficou demais, ainda mais se contar que os efeitos visuais estão fraquíssimos. E apesar de contar com um bom elenco de atores, todos estão péssimos.

Não esperem demais, assistam somente se quiserem um filme totalmente despretensioso, e quase engraçado.